Muito se fala da importância do combate à febre aftosa para a valorização dos nossos plantéis bovinos e para eliminação de barreiras comerciais, impostas à carne brasileira por alguns de nossos principais concorrentes. Porém, a aftosa não é a única doença que pode prejudicar a pecuária brasileira. A raiva dos herbívoros é outro problema que merece atenção especial, de produtores, órgãos governamentais e da iniciativa privada, em virtude dos elevados custos econômicos e sociais provocados por esta doença que é transmissível ao homem.
Nos bovinos, a forma mais freqüente é a raiva paralítica. Entre os sintomas estão: isolamento do animal, tristeza, mugido freqüente, hiperexcitabilidade, engasgo, hipersalivação, tremores musculares, paralisia dos membros posteriores, perda de peso rápida e progressiva, quedas e movimentos de pedalagem. Na maioria dos casos a morte ocorre entre 3 e 5 dias a partir do início dos sintomas.
Esta zoonose, de difícil controle, se converteu em um grande desafio para a produção animal brasileira, pois as condições ambientais do Brasil favorecem o aumento da população do principal vetor da doença, os morcegos hematófagos. Desse modo, a prevenção, por meio de vacinação, tornou-se a principal alternativa para a solução deste problema.
De 1996 até 2003 foram registrados aproximadamente 28 mil casos de raiva no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As regiões de maior incidência foram no Sudeste, com cerca de 16 mil casos, seguido pelas regiões Norte (5,4 mil casos) e a Centro-Oeste (3,3 mil). De acordo com estimativas do Instituto Pasteur de São Paulo (SP), todos os anos, nosso País perde 40 mil cabeças de gado bovino vitimadas pela doença.
Diante deste cenário, a boa notícia está no combate à doença que tem avançado, e muito. Desde o início de 2003, as vacinas anti-rábicas produzidas no Brasil passam pela Central de Selagem de Vacinas (CSV) – órgão constituído em parceria entre o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e o MAPA. O controle de qualidade das vacinas é feito no Laboratório de Referência Animal (LARA), de Campinas (SP), que realiza os testes de eficácia, inocuidade e esterilidade nas amostras coletadas na Central de Selagem. Somente após a aprovação do MAPA, as vacinas recebem o selo holográfico que garante a qualidade.
A Central de Selagem representa papel relevante para o governo federal no combate à doença por meio do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) uma vez que concentra o cadastramento da distribuição das vacinas por estado e municípios permitindo amplo acompanhamento do controle das campanhas oficiais implementadas pelo MAPA.
A partir destes dados, podemos afirmar que a vacinação contra a raiva dos herbívoros tem evoluído significativamente no País. Em 2004, foram comercializadas cerca de 108 milhões de doses de vacinas, valor 40% superior ao total comercializado em 2003, de 77,7 milhões de doses. Nesse ano, até o momento já foram comercializadas mais de 25 milhões de doses.
A conscientização cada vez maior dos pecuaristas é outro fator que contribui para o incremento e adequação quantitativa e qualitativa do programa de controle da raiva. A indústria está cumprindo sua função, produzindo, comercializando e assistindo ao produtor, para que o País evolua no controle da doença.