Vi a indignação de Mário Cândia, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), como o real sentimento de cada pecuarista do Estado de Mato Grosso. Tenha certeza, Mário, esta briga é de todos os pecuaristas. Outra verdade inconveniente é a de que em breve seremos extremamente valorizados, pois vai faltar carne no mundo. Certamente, assim, os governos haverão de olhar o setor da pecuária com maior atenção. Analisando a produção mundial de carne bovina no período de 2001 a 2010, verificamos um forte processo de estagnação na produção. Os números são alarmantes, considerando que a Organização das Nações Unidas (ONU) previu falta de carnes para a população mundial apenas no ano de 2050. Não se trata de coisas do mercado!
Vi a indignação de Mário Cândia, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), como o real sentimento de cada pecuarista do Estado de Mato Grosso. Tenha certeza, Mário, esta briga é de todos os pecuaristas. Outra verdade inconveniente é a de que em breve seremos extremamente valorizados, pois vai faltar carne no mundo. Certamente, assim, os governos haverão de olhar o setor da pecuária com maior atenção.
Analisando a produção mundial de carne bovina no período de 2001 a 2010, verificamos um forte processo de estagnação na produção. Os números são alarmantes, considerando que a Organização das Nações Unidas (ONU) previu falta de carnes para a população mundial apenas no ano de 2050. Não se trata de coisas do mercado!
Esta assertiva é verificada quando cruzamos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Assim, vemos que a produção de carne bovina dos Estados Unidos, maior produtor mundial, em 2001 foi de 11,9 milhões de toneladas equivalente carcaça e a expectativa para 2010 não passa de 11,7 milhões de toneladas. Desta forma, em que pese desenvolverem sua pecuária bovina de forma intensiva, verifica-se lá uma redução em sua produção nestes dez anos, sendo que o pique de produção anual daquele País já chegou aos 12,5 milhões de toneladas no ano de 2002. Isto é um fato!
Já o Brasil, com a pecuária mais criticada do mundo, cria seu rebanho a pasto e oferece uma carne de altíssima qualidade. Entretanto, esta produção não é valorizada nem mesmo pelos brasileiros e é achincalhada mundo afora numa reprise da ignorância gerada por segmentos que conhecem como cadeia da carne bovina apenas a gôndola do supermercado ou o espeto das churrascarias.
Mas mesmo assim, no ano de 2002 produzimos 7,2 milhões de toneladas equivalente carcaça. No ano de 2007, alcançamos uma produção de 9,3 milhões de toneladas e em 2010 chegaremos tão somente aos mesmos 9,3 milhões de tonelada produzidas em 2007. Situação pior é a produção de carne bovina pelos países da União Europeia, de um total de 8,3 milhões de toneladas equivalente carcaça produzidas em 2001 produzirão em 2010 apenas 7,9 milhões de toneladas.
A China recuará dos 8,3 milhões de toneladas produzidas em 2001 para 5,5 milhões de toneladas em 2010, a Austrália mantém seus 2,0 milhões de toneladas que vem produzindo desde 2001, da mesma forma o México com um pouco mais de 1,5 milhão de toneladas, seguido pela Rússia e Paquistão com um pouco mais de 1,2 milhão de toneladas e a contribuição de todos os demais países do mundo com aproximadamente 10,0 milhões de toneladas.
Claro que o Estado de Mato Grosso no mesmo período ampliou sua atividade de pecuária de corte, porém de agora em diante poucas áreas serão acrescentadas para uso como pastagens e aumento de produção. Não se descarta, porém, a possibilidade de aumento de produtividade através de maior aplicação de tecnologias já disponíveis. Mas como fazer isto? Como obter estas tecnologias se a Acrimat através de seu presidente, se obriga a denunciar que, apesar dos números relevantes, os pecuaristas são tratados como vilões?
De fato, não são mais suportáveis pelas famílias pecuaristas os rótulos de delinquentes ambientais e outros títulos muito menos nobres, mesmo estas sendo os principais agentes no fornecimento de proteínas para a sociedade consumidora. Ao contrário, o que vem recebendo com frequência pela venda dessas proteínas, são calotes promovidos pelas indústrias que, segundo a Acrimat, já superam os R$ 200 milhões.
Desejo sucesso à campanha que será realizada com o slogan “Nossa união produz grandes resultados”. É uma boa iniciativa que deverá mobilizar o setor produtivo da pecuária de corte e, quiçá despertar maior interesse da sociedade consumidora por problemas que lhes parecem muito distantes, porém, chegarão em breve às suas panelas.
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Amado,
excelente colocação, não há como tolerar mais os rótulos e a esteriotipação de criminosos não só ambientais, mas trabalhista e etc…
Os PHDs em carne bovina apenas na gôndola do supermercado ou no espeto das churrascarias, os ambientalistas de escritório e ar condicionado, os políticos e o mercado internacional precisam aprender a respeitar o criador brasileiro, o produtor como este dev ser respeitado.
Excelente artigo, retrata bem a realidade do produtor brasileiro e de como ele tem sido maltratado. Acredito que a sociedade de um modo geral não tenha noção de como e produzir carne , das dificuldades, entraves burocráticos, investimentos altos etc.. dessa forma prevalece na opinião publica essa propaganda maldosa contra o produtor brasileiro que nada mais é do que matéria produzida para servir a interesses economicos maiores na maior parte das vezes de outros países que muito se incomodam com nosso potencial e custo baixo de produção.Caso venha a faltar carne bovina no mercado talvez seja um momento pra sociedade refletir e dar o devido valor aos produtores de proteína nesse pais.Vale lembrar que a carne de frango e de porco tem como sua base de produção a agricultura que também depende da utilização da terra , de agua gerando da mesma forma o tão falado “impacto ecológico ” ..Quanto aos ambientalistas de escritorio e ar condicionado e sua turma, caso venha faltar carne bovina, sugiro que se tornem vegetarianos.
Falta de pasto e de bezerro
“Eu vejo, com certa preocupação, um regresso da nossa pecuária. A pecuária [de corte] não passa de uma transformação da forragem, seja do capim, em carne. E nós vemos as pastagens gradualmente perdendo sua capacidade de sustento, o que é natural, pois o solo vai perdendo a fertilidade. E, na hora de recuperar a fertilidade, tem predominado a opção pela agricultura sobre a opção de gastar dinheiro com fertilizantes para essa recuperação, pois essa é a única maneira de resolver o problema. Ao tempo em que as pastagens decaem e se reduzem pela substituição, procura-se evitar a adição anual de milhares ou milhões de hectares de pastos novos formados em floresta. Quem conhece pasto novo formado em floresta, como em Alta Floresta p.ex., entende o que significa a entrada de milhões de ha de novas áreas anualmente, somando-se, somando-se, ano após ano, como vem acontecendo nos últimos 20 a 30 anos. Essa somatória está sendo reduzida pelas idéias novas sobre preservação da floresta e Amazônia. De modo que eu não duvido nada que, por falta de pasto, venha a faltar bezerro que é a matriz da carne.
E que a carne volte a ser um produto reservado para o consumo interno, em prejuízo das exportações.”.
Solenidade na Associação Brasileira de Criadores- ABC em 17.12.2007
Palavras do homenageado Fernando Penteado Cardoso – Excerto
O mercado vai ficar firme
Estamos verificando alta de preços do boi porque falta boi. Falta boi porque estão criando menos. Estão criando menos porque falta forragem (pasto). Falta forragem porque não vem entrando novas áreas de pasto novo em terras férteis. Não entra pasto novo em terra fértil porque optamos pelo desmate zero. Optamos pelo desmate zero porque queremos ser politicamente corretos. Queremos ser politicamente corretos porque não queremos polêmica. Não queremos polêmica porque…
Segundo a Revista Produtor Rural, entre 1996 e 2008 a pastagem nova em terra fértil cresceu 342.000 ha/ano em MT. Nos primeiros 3/4 anos essas pastagens de colonião alimentam 4 UA/ ha/ano com a forragem mais barata do mundo! Após 10 anos passam a braquiária e sustentam 1 a 2 UA/ha/ano. Só que nos esquecemos de analisar o fator forragem. Digo alimento do gado. Com pouca forragem ha menos vacas de cria. E com menos vacas de cria ha menos bezerros. E sem bezerros não ha recria, e, sem recria não ha bois a engordar a pasto ou em confinamento, e, sem eles, o mercado fica firme e vai ficar firme.
Se quiserem comprovar o que digo vão até Alta Floresta, Nova Monte Verde e Nova Canaã do Norte, em MT. Andei por lá em 1982 quando estavam semeando colonião em floresta recém aberta. Voltei em maio 2010 para ver o que estava acontecendo. É isso aí! Quem duvidar, que vá até lá!
E.mail ao site Beefpoint e a outros especialistas em 17.10.2010.
Os agropecuaristas de todo o Brasil, autalmente em especial os das regioes Norte e Centro-Oeste nao podem ser taxados de viloes ou criminosos ambientais, pois a bem da verdade quem estimulou no passado nao muito distante, o desmatamento de certas regioes, em especial da Floresta Amazonica, foi o GOVERNO…sob o argumento de ocupacao e desenvolvimento regional. Alia¡s, uma das coisas muito importantes que a pecua¡ria fez para este nosso Pais foi justamente o de levar as novas regioes a ocupacao e o desenvolvimento.
Tambem eh bem verdade que nao devemos ter uma pecua¡ria crescente apenas com a abertura de novas Areas ou expansao de novas fronteiras fazendo desmatamentos ou exercendo uma atividade extrativista. Tenho plena conviccao que precisamos passar a usar tecnologias que por sinal tem muitas geradas nos Centros de Estudos e Pesquisas do pais. Como fazer? Como adota-las? Basta o governo ser mais competente e ter vontade de apoiar politicas publicas voltadas para o seguimento pecua¡rio.
Taxar os agropecuaristas de viloes ou destruidores ambientais a mera ignorancia ou desinformacao.
Cardoso mais uma vez bota o dedo na ferida. Pode-se adubar pasto, confinar boi, fazer rotacionado, pastejo sob pivô, semi-confinamento, dar sal das águas, creep-feeding, o diabo.
Para tudo isso é preciso ter bezerro, vaca boiadeira ou novilha-descarte. Mas as vacas parideiras que produzem estes artigos estão sendo escorraçadas de seus habitats brasileiros pelas lavouras. Estes habitats jamais serão repostos, visto que hoje é obsceno falar em desmatamento.
A conclusão dolorosa, mas óbvia, é que doravante vai faltar gado para abate, sempre. Intensificação de produção de carne será atividade cada vez mais oportunista, rara, ocasional.
Já começamos a perceber a carne como artigo de luxo, e esta tendência vai continuar, exacerbando-se. Num curto prazo de tempo veremos tender a zero nossas exportações líquidas.
Baixou Nostradamus, credo. Mas vou mandar a mensagem mesmo assim.
Prezados Srs Fernando Penteado Cardoso e Humberto de Freitas Tavares
Reproduzo abaixo, o comentário publicado no artigo de 19/10/2010 –
Carta enviada sobre a notícia “Mercado segue firme e arroba bate R$100”.
Afinal o assunto é exatamente o mesmo, ou causa e conseqência…
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Prezados Srs Fernando Penteado Cardoso,
A clareza de seus argumentos é a prova de que o raciocínio lógico ainda existe por estas bandas.
Claro que se utilizarmos mais tecnologia (fertilizantes, herbicidas e irrigação) conseguiremos suprir parte do problema, mas… quem estará disposto a pagar por um bezerro, um valor maior do que o atualmente praticado?
Enquanto não controlarem a natalidade, não haverá segurança contra o desmatamento… a não ser que passemos então a comer folhas das florestas, como nossos primos primatas…
Enquanto isso nossos irmãos europeus e americanos, deveriam tratar de recompor suas reservas florestais, em vez de nos cobrar a não derrubada das nossas…
Economizariam recursos financeiros gastos com ONG´s (nacionais e estrangeiras) e os aproveitariam de forma mais produtiva, financiando a recuperação das suas próprias reservas… Conversinha mole… eles nunca farão isso, não podem prescindir de suas terras… a recomposição das reservas lhes tiraria grande parte de sua área agriculturável… os preços locais subiriam, e o risco de faltar alimentos
seria parte de seu dia a dia…
É mais barato, subornar os “tupiniquins” do hemisfério sul, onde o sol tropical é aliado da produção de grãos e proteína animal… amortecendo-nos com a conversa da preservação ambiental que nunca foi respeitada por eles… e há um só tempo, conseguem limitar nossa capacidade de produzir alimentos, e evitar a competição por produtividade e preços contra seus próprios produtos…
Tudo com a competente contribuição de muitos de nossos caciques… que no atual momento lutam pelo comando da tribo…
Gostaria de saber como a candidata do PV faria para alimentar a população e preservar as florestas (cerrado inclusive), com sua agricultura familiar, hostilizando o grande produtor (agro e pecuário), sem um efetivo controle da natalidade…
Plagiando seu estilo literário:
Infelizmente para sobreviver, ainda necessitamos comer… para comer necessitamos colher… para colher, necessitamos plantar… para plantar necessitamos de terras… se as terras vão sendo ocupadas por grãos, cana, eucalipto e expansão das cidades, necessitamos desmatar… cada vez mais, pois a população cresce mais e mais a cada dia…
Não deixo de lembrar as palavras do Sr Fernando Penteado Cardoso na solenidade na Associação Brasileira de Criadores – ABC em 17.12.2007 em que foi homenageado como personalidade da pecuária de corte: “Sem sol não há fotossíntese”. Ou, em outras palavras, a agricultura e a pecuária não ocorrem nas sombras das florestas. E ainda precisamos de alimentos baratos para suprir as necessidades da população.
O artigo de Amado de Oliveira Filho é lúcido, técnico, real e competente, não há reparos, é perfeito ao traçar a política de produção ou de abastecimento da carne bovina brasileira, deixa de ser logístico para ser estratégico, necessitando da união de todos os pecuaristas.
A onda de ataques à bovinocultura e á carne brasileira, vinda de todos os redutos cinzentos, cria reveses e se reflete no retardamento sistemático da reposição do estoque, protelando a oferta de bois gordos. Isto ocorre como fruto da estratégia criada para contrapor os que amaldiçoam de emboscada, em algaravia e sem fundamento técnico, a pecuária de corte.
O processo posto em marcha desqualificando o produto de modo fulminante, bárbaro e com clareza ímpar na mídia, refreia a oferta; o que, somado à carga tributária imprópria, são indicativos de que a intensificação produtiva redunda sempre em recolher mais impostos e taxas, sem que haja o correspondente retorno econômico. A fórmula encontrada, qual seja: a de protelar economicamente a reposição de estoque na recria e na terminação do gado, oportuniza o deferimento da pastagem com reflexos positivos sobre o solo e na produção forrageiras dos pastos. Ressalta-se que, para que não ocorram transtornos econômicos, deve-se manter somente a mão de obra indispensável ao manejo do gado. Enquanto a recuperação e/ou a renovação dos pastos deve ser toda contratada. Deve-se manter o tamanho do plantel e diminuir o grau tecnológico intensificador, especialmente na suplementação e na complementação alimentar, até que ocorra o equilíbrio com a demanda. Com esta providência chega-se ao tamanho ideal do rebanho nacional.
Exelente artigo que retrata bem a nossa situação atual, muito bem claro e tecnico.
Mas, o velho e o novo continente, não exitaram em devastar suas florestas,não se preocupando em nunhun momento, com a preservação , se fizer uma analise vários paises não tem mais por onde devastar e expandir e sequer aumentar a produção.
Agora é a vez do Brasil…. Mas o Brasil está na mira e nos olhos de todos , que não tomaram conta de suas florestas.
Como pecuárista, sou fanático pela produção , não só da carne,da cria,mas da produção e sustenção do negocio em si.
Para pensar !!! . ( Quando não temos uma casa , alugamos uma para morar, quando não temos um carro alugamos um para andar. Não seria muito proveniente, aqueles que não tem floresta e não podem e não vão reflorestar, que pagassem um aluguel pelas nossas, creio que assim , teriamos produtividade e sustentabilidade em nossas propriedades
Mas na verdade concordo que de uma forma ou de outra a carne será artigo de luxo e faltará no mercado.