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Vale negocia ativos de fertilizantes da Bunge

A Vale está em negociações com a Bunge para comprar ativos da empresa no segmento de fertilizantes no Brasil, informaram as duas companhias na sexta-feira, dia 15. A operação pode alcançar US$ 3,8 bilhões. A eventual aquisição deve permitir um novo cliclo de dinamização do setor de fertilizantes no Brasil.

A Vale está em negociações com a Bunge para comprar ativos da empresa no segmento de fertilizantes no Brasil, informaram as duas companhias na sexta-feira, dia 15. A operação pode alcançar US$ 3,8 bilhões. A transação envolve também a participação de 42,3% da Bunge no capital da Fosfertil, a maior produtora brasileira de matérias-primas para fertilizantes.

Entretanto, as empresas destacam que nenhum acordo ainda foi assinado. O negócio, se confirmado, poderia representar –além do fortalecimento da Vale no setor de fertilizantes– uma volta ao passado: em 2003, a mineradora vendeu a sua participação na Fosfertil para a Bunge por R$ 240 milhões.

“O portfólio total de ativos compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e ureia)…”, afirmou a mineradora em comunicado ao mercado.

A Fosfertil havia informado ao mercado que a Bunge negociava a alienação de sua participação majoritária na empresa de fertilizantes e de insumos químicos para a Vale. A empresa acrescentou que a alienação, ´caso consumada, não obriga a realização de oferta pública de aquisição de ações preferenciais de emissão da companhia´.

Nos nove primeiros meses de 2009, a Fosfertil registrou uma receita líquida de US$ 937,2 milhões, forte queda em relação ao mesmo período de 2008 (US$ 1,64 bilhão), quando o setor de fertilizantes registrou um boom, embalado pelos preços recordes de produtos agrícolas. A Bunge do Brasil é também uma das maiores empresas brasileiras do setor de alimentos, atuando na área de processamento de soja e trigo, além de cana-de-açúcar.

Não é de hoje que a Vale buscaria fortalecer a sua participação na área de fertilizantes. No ano passado, circularam informações no mercado de que a mineradora estaria interessada na Mosaic, cujo acionista majoritário é a Cargill, concorrente da Bunge no segmento de commodities agrícolas.

Na avaliação de um executivo do setor, a aquisição vai também resolver o problema societário existente hoje na Fosfertil. Há relação conflituosa entre a Bunge e suas sócias Mosaic e Yara, o que já gerou ações na Justiça. Juntas, as três controlam a holding Fertifos, dona de 56,2% da Fosfertil. A questão central é que os três grupos atuam na ponta, como produtores de adubos e são ferrenhos competidores. Por isso, não chegam a entendimentos sobre a gestão da controlada, na essência sua fornecedora de insumos.

A Bunge detém de 25% do mercado final de adubos do Brasil, que é dominado por cinco empresas e teve vendas de 19 milhões de toneladas de janeiro a outubro de 2009. Concorrem com a Bunge, Heringer, Mosaic, Fertipar e Yara.

“Para a Vale, esse movimento é excelente e oportuno, porque acelera as metas para o segmento de fertilizantes e traz equilíbrio para o portfólio”, avalia Luiz Iani, sócio-gestor da DLM Invista. A Vale já se tornaria a primeira ou a segunda no mercado brasileiro de fertilizantes. Além disso, a transação amplia a presença da Vale em um mercado com grande potencial de crescimento no médio e longo prazos.

Na quinta-feira, as ações da Fosfertil subiram 5,2% e movimentaram R$ 29,7 milhões – o triplo da média histórica do papel.
As informações são do jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.

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