Por Aldo Demarchi1
A partir do final dos anos 50, com a chegada das multinacionais e a implantação do moderno parque industrial brasileiro, nosso País abandonou sua vocação agrícola e passou a investir todas as suas fichas em um novo modelo econômico.
Ao mesmo tempo, no entanto, em que a política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira revelava aos olhos do mundo um Brasil disposto a crescer a passos largos, houve o lado negativo, pois surgiu o chamado êxodo rural, com populações inteiras abandonando o campo em busca das oportunidades que a cidade grande prometia.
O resultado é o que vemos hoje: legiões de miseráveis amontoando-se em favelas e outros aglomerados urbanos nos quais a qualidade de vida é a pior possível. Tal situação só não atingiu proporções ainda mais calamitosas porque alguns abnegados insistiram em se manter na atividade agropecuária, que, apesar da falta de incentivos, ainda atinge resultados impressionantes.
O crescimento pífio da economia brasileira, diga-se de passagem, só não é negativo graças à produção agropecuária. As exportações de produtos agrícolas e de carne são tão expressivas que compensam as bruscas caídas de produtividade de todos os outros setores.
Ocorre, porém, que apesar dessa realidade, o trabalhador do campo no Brasil não tem sido tratado como é devido e merecido. Para o pequeno produtor rural não lhe chegam as novas tecnologias de produção, tampouco informações da melhor maneira de comercializar sua produção e exportá-la.
Os jovens do campo, filhos de pequenos produtores rurais, raramente seguem a profissão de seus pais, uma vez que a lide com a agricultura e pecuária é muito dura e só se reverte em lucro para os grandes produtores. Assim, esses jovens quanto atingem idade de ingresso no mercado de trabalho, salvo raras exceções, migram para as cidades em busca de uma profissão urbana.
Ao pequeno produtor rural sobram-lhe problemas e dificuldades. Assim, o Governo de São Paulo, como maior estado da federação em termos econômicos, deve cuidar para que seus produtores rurais tenham a possibilidade de se fixarem no campo e também que as novas gerações se sintam confortáveis para dar prosseguimento ao trabalho de seus pais e avós.
Por isso, apresentei na Assembléia Legislativa o Projeto de Lei 954/2003, que acrescenta itens ao parágrafo primeiro da Lei nº 7.964, de 16 de julho de 1992, que dá nova denominação ao Fundo de Expansão Agropecuária, define seus objetivos e dispõe sobre a aplicação de seus recursos.
Estou propondo, por exemplo, que sejam implantados programas destinados à manutenção do trabalhador rural no seu meio, dando-lhe condições de acesso às novas tecnologias e informações sobre o agronegócio. Também proponho que seja destinado crédito aos jovens produtores rurais, incentivando-os assim a continuar escrevendo a história que, em muitos casos, foi iniciada há muitas gerações.
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1Aldo Demarchi é deputado estadual (PFL)