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Vamos investir mais no solo para colher mais carne – Davi Teixeira [Prêmio BeefPoint Sul]

No dia 4 de abril, foi realizado o BeefSummit Sul, em Porto Alegre/RS. Evento organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB).

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença e têm paixão pela pecuária de corte no Sul do Brasil com o Prêmio BeefPoint Edição Sul.

O público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor os indicados, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Conheça Davi Teixeira dos Santos, finalista na categoria Liderança Nova Geração (até 45 anos).

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Davi Teixeira mora em Porto Alegre/RS. É zootecnista, com mestrado em Produção Animal, doutorado em Plantas Forrageiras e pós-doutorado em Produção Integrada de Sistemas Agropecuários. Também é diretor executivo da SIA – Serviço de Inteligência em Agronegócios. Nas horas vagas, gosta de futebol e é colorado!

BeefPoint: O que você implementou de diferente na pecuária do Sul do Brasil, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Sul 2014?

Davi Teixeira: Creio que seja a proposta técnica da SIA, de construir sistemas de produção economicamente eficientes e ambientalmente sustentáveis, e fazer isso junto com o produtor, caso a caso, sem imposição e sem pacotes tecnológicos pré-definidos.

BeefPoint: Em sua opinião qual o papel de um líder pecuário?

Davi Teixeira: Entender o cenário da cadeia produtiva e do mercado, buscar alternativas para fortalecer os produtores dentro e fora da porteira, agregar os produtores e apontar caminhos.

BeefPoint: Quais as principais diferenças, como maneiras de pensar e agir de um líder da nova geração (até 45 anos), comparado a um líder pecuário com mais de 45 anos?

Davi Teixeira: Menor experiência, mas maior dinamismo e empreendedorismo. Assim, é importante contar com as duas gerações, para que se tenha conhecimento e equilíbrio, sem perder a velocidade necessária para implementar ações em um ambiente moderno e globalizado.

BeefPoint: O que te traz mais resultados?

Davi Teixeira: O entendimento de que o solo é o “compartimento-mãe” da produção agropecuária. Assim, quando o produtor se dá conta disso, e passa a tratar bem o solo, com as práticas e investimentos adequados, o sistema de produção é verticalizado em todos os sentidos: produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Davi Teixeira: Custei a me dar conta que o serviço de assistência e orientação técnica precisa ser mais profissionalizado. A consultoria em alto padrão precisa chegar ao produtor, com entrega mais elaborada do conhecimento, sendo assim, hoje trabalho com este foco.

BeefPoint: O que você considera mais importante na pecuária?

Davi Teixeira: A estabilidade da atividade, quando comparada a outras opções de uso da terra. Mas para isso, tem que gostar e tem que saber fazer, não funciona como pacotes tecnológicos. Mas, fazendo certo, não tem frustração de safra, carne e leite – pois, sempre se colhe.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária do Sul do Brasil hoje?

Davi Teixeira: Vencer o paradigma de que não deve usar as mesmas áreas da agricultura. Ainda são poucos os produtores que já se deram conta e adotaram a integração lavoura-pecuária como deve ser feita, com planejamento e conhecimento da otimização dos nutrientes entre os segmentos. O potencial de crescimento é enorme.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que precisamos inovar?

Davi Teixeira: A evolução da ciência no manejo de pastagens. É fantástica a gama de informações recentes sobre o uso do pasto pelos animais e orientações de manejo que fazem toda a diferença para o lucro da pecuária.

Entretanto, falta agora colocar esse conhecimento ao alcance do produtor de forma mais consolidada, mais abrangente, de “domínio público”.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2014? E por quê?

Davi Teixeira:  “Embalar” melhor os serviços técnicos que prestamos, pois a indústria dos insumos agropecuários “atropela” o produtor, e vende. Além do mais, sabemos que temos algo precioso a oferecer, que é conhecimento, um “insumo” dos mais importantes ao processo produtivo. Basta sabermos entrega-lo ao cliente!

BeefPoint: Qual o exemplo de líder pecuário no Sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Davi Teixeira: Confesso que, hoje, sinto que estamos carentes desses líderes para a pecuária. Em épocas passadas tivemos mais.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Davi Teixeira: Ampliar espaços para que participem de forma mais efetiva nas discussões e mesmo das decisões, pois os jovens estão mais atentos às mudanças da globalização e a velocidade do mundo moderno, e podem contribuir muito nisso. Apenas precisam entender melhor a engrenagem, tanto dos sistemas de produção como da esfera política que representa o setor.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Davi Teixeira: Vamos investir mais no solo para colher mais carne. Não tem erro. Não tem safra frustrada. Investiu certo, manejou certo, colheu bem e lucrou. A pecuária é fantástica!

 

9 Comments

  1. Marcelo de Souza Lima disse:

    Muito bem definida a expressão “embalar” serviços, um insumo difícil de ser vendido nesse universo avassalador de propostas milagrosas de resultados duvidosos oferecidos aos produtores rurais.
    Ao aliar o otimismo e ousadia dos mais novos com a experiência e vivência dos mais velhos, podemos sim, obter resultados fantásticos, por que, pouco se sabe e se aplica muito pouco o que se sabe as forrageiras e ao uso correto do solo.
    Tive a oportunidade de em uma palestra técnica ouvir do palestrante que em matéria de forragens, não havia solo compactado e sim solo descoberto de matéria orgânica e, depois disso, passei a observar e a fotografar piquetes e vasa em pastejo, observando recomendações de corte e descanso dos piquetes e foi fantástica as minhas conclusões reais de uso do sistema.
    Vá enfrente com essa linha de pensamento, não foi à toa que recebeu essa indicação, parabéns.

  2. mario wolf filho disse:

    Excelente a visão do David, ao encontro disso na minha propriedade Faz Gamada em N. Canaã do Norte MT, em um talião de 12 anos de plantio de soja, com produção de 68 sc. p/hc. vou devolver para pecuária com um rotacionado de alta lotação.
    Desta maneira ficara justo fazer um comparativo entre a Pecuária e Agricultura em termos de produtividade, se bem que sou de opinião que as duas atividades devem andar juntas.

  3. Álvaro de Oliveira Monteiro disse:

    Gostei da entrevista do Davi. Um solo bem tratado é suporte tanto para uma boa produção agrícola quanto para a produção de leite ou carne. Embora o tratamento do solo deva ser feito com base em análises, ele poderia “entregar o ouro”, e falar um pouco mais sobre este tema. Um abraço!

  4. Emerson Andre Pereira disse:

    Parabéns Davi. Muito boa entrevista. E realmente precisamos ter ou criar mais lideres neste setor. Abrac.

  5. Vanderley Porfírio da Silva disse:

    Parabéns Davi!
    Pelo trabalho reconhecido e espelhado pelo tirocínio da entrevista.

  6. Marcos Francisco Simões de Almeida disse:

    Parabéns, para mim vc tocou num ponto central. Acontece, que num país continental, o que é bom para mim não necessariamente seja bom para meu vizinho. As condições que diferenciam uma propriedade / região de outras são enormes e não há técnicos com seu conhecimento em cada cidade. Como resolver este problema? A pecuária é uma atividade com ciclo mínimo de 24 meses, Isto é longuíssimo prazo para um país como o Brasil, o que nos faz atuar “da mão pra boca”, sempre apagando incêndio. Sempre falo que sou produtor de capim para colocar na boca de uma máquina complicada de produção de carne ou de leite (que precisa ser lubrificada constantemente). Já sei qual a melhor máquina, os melhores lubrificantes, mas não sei qual o melhor capim, adaptado as condições da minha propriedade – Fazenda da Gratidão, Rio Novo, MG – e conjugando uma coisa com a outra, acabo fazendo a mesma coisa de sempre, embora tenha uma propriedade de 250 hectares, pequena, onde o ganho de produtividade poderia ser de fazer inveja aos grandes produtores. SEI DISSO TUDO E NÃO CONSIGO SAIR DO LUGAR! Estou amarrado, agarrado e sem saída. Aceito ajuda! Peço socorro! Uma coisa descobri: lugar bom para cana; então plantei muita cana, faço silagem, tenho condições de aumentar a carga, mas é um volumoso limitado que exige grande suplementação, tornando-a inviável.
    Seu trabalho vem de encontro a um problema que precisa ser mais debatido e difundido.
    Minha região é de Juiz de Fora, MG equidistante dos dois maiores centros consumidores do Brasil (RJ-BH), com boa infraestrutura (falta mão de obra, pois aqui é dominado pela geração “NEN NEM” – nem estuda e nem trabalha – filhos do Bolsa Família). A região é de uma grande vantagem comparativa e não consigo ganhar dinheiro com a pecuária. Faço assim por não ver outra alternativa.
    Obrigado, desculpe o desabafo, Parabéns…..
    Marcos Simões

  7. Joacir de Oliveira Canani disse:

    Davi parabéns pelo empenho e estudos neste assunto tão importante para a pecuária brasileira, que ainda não se deu conta da relação solo e bovinos. E falando dos serviços prestados aos produtores rurais num todo, vejo ainda neste mercado um “canibalismo” de informações voltados principalmente aos interesses de venda de seus produtos/insumos, deixando de lado o principal a orientação técnica de qualidade.

  8. José Carlos Paiva Severo disse:

    Parabéns Davi. Excelente a tua entrevista!!! Realmente o grande desafio da pecuária gaúcha atual é a ILP, como fazê-la com ganhos para os dois segmentos, sem prejuízos para o ambiente natural, sustentabilidade e produtividades crescentes.

  9. João Alvarenga disse:

    Todos os pecuaristas devem ler a entrevista com Dr Davi Teixeira, o segredo esta no solo.