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Variabilidade genética nos rebanhos e na reprodução programada do PMGRN

Por Pedro Alejandro Vozzi e Raysildo Barbosa Lôbo

A descrição da variabilidade genética por meio dos parâmetros baseados na probabilidade de origem do gene disponibiliza aos criadores informações simples, acuradas e principalmente fáceis de interpretar a variabilidade genética do rebanho participante de um programa de melhoramento genético. Tais parâmetros representados pelo Número Efetivo de Fundadores (Nf), de Ancestrais (Na) e de Genomas Remanescentes (Ng), além de monitorar a variabilidade genética podem ser utilizados como uma ferramenta auxiliar nos programas de seleção, acasalamentos e conservação de linhagens nos rebanhos do PMGRN.

O Número Efetivo de Fundadores representa o número de fundadores (animais sem genealogia conhecida) que são responsáveis pela variabilidade genética encontrada nos rebanhos. O Número Efetivo de Ancestrais representa o número mínimo de ancestrais que explicariam a variabilidade genética presente nos rebanhos. O Número de Genomas Remanescentes (Ng) representa o número de genótipos fundadores que foram mantidos nos rebanhos sujeitos à seleção.

Vozzi (2004) analisou a contribuição e a variabilidade genética dos reprodutores da raça Nelore nos rebanhos participantes do PMGRN nascidos entre 1984 e 2002. O reprodutor Karvadi IMP. teve uma contribuição genética de aproximadamente 10% por ano e 10 ancestrais responderam por 30% dos genes dos animais nascidos em cada ano. Constatou-se elevada contribuição genética de poucos reprodutores nos rebanhos do PMGRN, como também dos valores de variabilidade genética, que são indicadores dos cuidados a serem tomados para a manutenção da variabilidade genética na raça Nelore.

Outros três grupos de animais analisados foram: fêmeas ativas do PMGRN (indicadores da variabilidade genética presente nas fazendas); touros do PMGRN com sêmen disponíveis nas Centrais de Inseminação Artificial; e Touros utilizados na Reprodução Programada (indicadores dos genes presentes nos mercado e os genes que estão sendo testados).


Os resultados apresentados indicam que a variabilidade genética dos touros do PMGRN, com sêmen nas Centrais de Inseminação e dos touros que fazem parte da Reprodução Programada, não representam a variabilidade genética das matrizes com que serão acasalados. O Ng encontrado nos Touros presentes nas Centrais e nos da RP indicam que os genes de poucos touros fundadores estão representados no mercado.

Nas fêmeas em idade reprodutiva foram identificadas seis linhagens com uma contribuição genética de 33,35%: Karvadi: 18%; Taj Mahal: 6%; Godhavari: 4%; Nagpur: 2,15%; Kurupathy:2% e Golias: 1,20%.

As linhagens presentes nos touros nas centrais de inseminação foram as mesmas que as presentes nas matrizes em idade reprodutiva, mas com maior contribuição genética da linhagem Karvadi. As contribuições das diferentes linhagens foram: Karvadi: 31,5%; Taj Mahal: 5,2%; Godhavari: 5%; Nagpur: 1,5%; Kurupathy:2% e Golias: 0,7%, somando aproximadamente 47% dos genes presentes nas Centrais de Inseminação Artificial.

Na Reprodução Programada foi constatada a contribuição de só duas linhagens com aproximadamente 50% dos genes nos animais que estão sendo utilizados nas diferentes reproduções programadas, correspondendo às linhagens Karvadi e Taj Mahal uma contribuição de 37% e 10% respectivamente.

A variabilidade e a contribuição das diferentes linhagens nos touros presentes nas Centrais de Inseminação Artificial e nos touros usados na Reprodução Programada pode afetar a variabilidade genética futura dos rebanhos do PMGRM com importantes conseqüências econômicas tanto para os rebanhos de seleção como também para os rebanhos comerciais.

A Reprodução Programada permite a incorporação de variabilidade genética nos rebanhos e de “novos” genes no mercado pode ser outra importante função do projeto. As informações de parentesco podem ser usadas como critério alternativo de seleção e a participação de uma maior quantidade de linhagens na Reprodução Programada poderiam ser uma das ferramentas para incorporar variabilidade genética nos rebanhos participantes do PMGRN.

Bibiliografia

Vozzi, P.A. Análise da estrutura e variabilidade genética dos rebanhos do Programa de Melhoramento Genético da raça Nelore. Dissertação (Mestrado), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2004.

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