As projeções para o mercado futuro do Boi Gordo na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) no início de 2005 até maio, considerado como o mês de pico da safra, são balizadas sob uma gama de fatores que podem vir a interferir no mercado. Os componentes deste cenário são diversos, e as opiniões sobre estes componentes divergem entre os agentes do mercado.
O comportamento das exportações, as tendências do câmbio e a saúde financeira do País formam o tripé para a formação do valor da arroba. Somam-se a isso questões como o ritmo do abate de fêmeas, o avanço ou não do consumo de carne bovina e a disponibilidade de animais de pasto prontos para o abate já em janeiro.
A maior demanda por carne no mercado interno em função da melhora do poder de compra dos consumidores, creditada a melhoria dos indicadores econômicos, avanço do PIB e aumento dos postos de trabalho, é uma das teorias levantadas para aquecer o mercado e provocar futuras altas na arroba. No entanto, alguns economistas acreditam que as fortes quedas do preço da soja e do milho irão impactar o preço do frango, que deverá se tornar uma fonte de proteína mais barata que a carne bovina.
As projeções de especialistas de que a arroba do boi chegaria a R$ 70,00 na entressafra em São Paulo animaram muitos produtores. De fato, negócios próximos a esse valor foram fechados na BM&F em maio, mês que obteve número recorde de negócios na história da Bolsa, e registrou alta de R$ 2,00 por arroba em plena safra, quando o dólar estava na casa dos R$ 3,00. Depois, tanto o dólar quanto a arroba do boi entraram em trajetória de queda. Poucos entenderam este movimento atípico, alta no pico da safra e queda no pico da entressafra.
No último mês deste ano, que se iniciou ontem, agentes do mercado tentam traçar panoramas, na tentativa de prever o mercado para a safra 2005.
Rodrigo Brolo, broker da corretora SLW, acredita que os futuros de 2005 estão “caros”, por confiar que o cenário é de baixa para o dólar e por crer que os bois de pasto já estão aparecendo. Em contraponto, Alcion Figueiredo, pecuarista em Três Lagoas, MS, e operador da mesa agrícola do Banco Indusval, enxerga como positivo o fator dólar, que pode levar à alta. Figueiredo acredita que a queda do dólar já realizou seu efeito no mercado do boi, e a tendência agora é de estabilidade ou de alta. “O indicador Esalq está em ascensão, as exportações devem seguir em alta e o mercado interno deve melhorar. Além disso, o pecuarista com pasto verde não vende boi com hora marcada”, argumenta.
Fechamento do pregão do dia 1o de dezembro na BM&F
O indicador Esalq à vista encerrou o dia cotado em R$ 62,76 e valendo R$ 63,75 a prazo. O dólar terminou o dia valendo R$ 2,71. Logo, a arroba a prazo em dólar terminou o dia valendo US$ 23,52.
Calculando sobre os números atuais do mercado, de 1o de dezembro até o início de maio, pico da safra, a arroba do boi gordo cotada a prazo deverá se valorizar em R$ 2,02 e recuar US$ 0,85. Caso a cotação do dólar se mantenha como está hoje (R$ 2,71) e a arroba vá para os R$ 65,77 a prazo em maio, teremos uma arroba de US$24,27. Valor próximo da arroba uruguaia, que está valendo hoje US$ 25,00, e valor significativamente distante das cotações argentinas e paraguaias, com cotações de US$ 19,52 e US$ 16,50 por arroba, respectivamente.
Entre todos os fatores que norteiam o mercado, a variação cambial dá sinais de ser, no atual momento, a variável de maior peso e influência para a definição do valor da arroba.
Fonte: Equipe BeefPoint