Dentre as etapas que contemplam o processo de ensilagem, a vedação é aquela onde ainda encontram-se muitas dúvidas, seja pelo tímido investimento dispensado em pesquisa específica, como também pela cultura de descaso a essa fase do processo, geralmente subvalorizada, face à maior importância relativa das etapas de enchimento e compactação da massa ensilada e uso de aditivos.
Dentre as etapas que contemplam o processo de ensilagem, a vedação é aquela onde ainda encontram-se muitas dúvidas, seja pelo tímido investimento dispensado em pesquisa específica, como também pela cultura de descaso a essa fase do processo, geralmente subvalorizada, face à maior importância relativa das etapas de enchimento e compactação da massa ensilada e uso de aditivos.
Contrariando a expectativa geral, as falhas na vedação podem comprometer seriamente a eficiência na conservação de forragens devido ao ingresso de ar na massa, o que se traduz em aumento da temperatura, das perdas pela presença de fungos e possível contaminação de produtos de origem animal (exemplo: leite) com microrganismos indesejáveis.
Por esses motivos, a lona de cobertura passa a ter uma contribuição muito expressiva na etapa de vedação do silo, objetivando a redução da penetração de ar do ambiente externo para o interior da silagem. Em silos do tipo superfície, a presença da lona se torna mais relevante, quando comparado ao silo do tipo trincheira, devido à ausência de paredes laterais para proteção da massa.
O filme plástico destinado a vedação de silagens deve cumprir 3 (três) funções, as quais são consideradas essenciais:
a) apresentar resistência contra os raios ultravioleta (UV);
b) resistir a danos causados por animais ou efeitos metereológicos (granizo);
c) possuir barreira ao oxigênio (O2) atmosférico.
Em relação à primeira característica, como já foi mencionado aqui neste site, nós enfrentamos uma dificuldade que é a baixa vida útil do plástico, quando este é exposto ao ambiente. Como a aditivação contra os raios UV é considerada de alto custo pela indústria plástica, algumas lonas têm apresentado “rasgos” espontâneos quando exposta à radiação solar por um período ínfimo de tempo.
Observa-se na Foto 1, que a presença da abertura na lona não é devido ao ataque de animais (roedores, pássaros ou cachorro do mato), como geralmente ocorre, mas pela exposição do filme aos raios solares e uma possível ausência (ou pequena quantidade) do aditivo na face externa do plástico para que este pudesse resistir à presença da luz solar.
Quanto à segunda característica (propriedades físicas contra rasgos e furos), os filmes plásticos evoluíram razoavelmente com o passar dos anos, pois alguns fabricantes investiram neste parâmetro.
Contudo, o nosso maior problema é quanto à permeabilidade da lona ao O2 atmosférico. Os filmes plásticos produzidos aqui no nosso país são constituídos por polietileno, o qual não apresenta barreira ao ar, deixando o topo do silo exposto a deterioração.
Em 2010, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da ABNT NBR 15899 em associação com o Instituto Nacional do Plástico criaram requisitos e métodos de ensaio aos produtores de lona, o que pode ser considerado uma evolução. Entretanto, o documento não versa sobre os valores de permeabilidade ao O2 dos filmes plásticos, a qual é uma característica extremamente relevante (se não a mais importante) quando se pensa em estocar silagem.
Infelizmente, o assunto não foi debatido com as Instituições de Pesquisa que atuam na área de produção animal e que têm feito pesquisas relevantes sobre o assunto vedação no nosso país.
Para vocês leitores terem uma ideia, em países como a Alemanha, o filme utilizado na vedação de silos deve apresentar permeabilidade ao O2 inferior a 250 cm³/m²/24h para que a empresa produtora receba certificado de aprovação, ou seja, existem normas quanto a esse parâmetro lá fora.
Portanto, o objetivo deste artigo é para que os senhores possam refletir sobre este assunto e exigir qualidade do filme plástico no momento da compra. Enquanto a classe produtora não pressionar os fabricantes, não haverá melhora dos produtos internos, principalmente quanto à permeabilidade ao O2.
Infelizmente, quando somos abordados pelos produtores nos perguntando qual lona devem usar, a nossa resposta é: Procure comprar um filme de qualidade e que lhe demonstre garantia, porém não se esqueça de colocar algo sobre o plástico (terra, resíduos) para garantir a sua vedação, pois as lonas produzidas por aqui, não lhe irão garantir proteção segura da massa de silagem!
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Prezados Tiago e Rafael,
Tenho utilizado a silagem de milho como volumoso para garantir desenvolvimento da minha atividade leiteira. Entretanto essa questão “durabilidade do material plastico para vedação” é, de fato, desconfortante e danoso. Realmente é necessário uma atitude nossa, como consumidores, exigir uma qualidade melhor nesse produto, para que estejamos satisfeitos com nosso trabalho e reduzindo nossos prejuizos. Agradeço a preocupação pelo assunto.