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Veja os resultados de uma pesquisa sobre percepções da mãe americana ao comprar alimentos e seus impactos no mercado

De acordo com uma pesquisa, as mães americanas podem estar fazendo sua lista de supermercado baseadas em informações erradas sobre como seus alimentos são produzidos. A pesquisa “Gate-to-Plate” (da fazenda ao prato) com mais de 1.000 mães foi feita pelo CommonGround, um grupo de mulheres da zona rural dos Estados Unidos que querem impulsionar conversas entre todas as mulheres, nas fazendas e nas cidades, sobre de onde vem seus alimentos e como ele é produzido.

Leia abaixo os resultados da pesquisa e os comentários da entidade CommonGround:

– 84% das mães pesquisadas acreditam que os alimentos orgânicos são produzidos sem nenhum pesticida, fertilizante ou herbicida.

Comentário CommonGround: Orgânico é um termo que indica que o alimento ou outro produto agrícola foi produzido por meio de métodos aprovados. Fertilizantes sintéticos, compostagem de esgoto, irradiação e engenharia genética não podem ser usados e o alimento orgânico é produzido sem usar os pesticidas mais convencionais. Entretanto, mais de 50 substâncias sintéticas podem ser usados na produção de colheitas orgânicas se outras substâncias não puderem prevenir ou controlar pestes. Além disso, todos os alimentos, sejam orgânicos ou não, precisam cumprir  certas regulamentações de saúde e segurança antes de ser vendido aos consumidores.

– Embora um quarto das mães que participaram da pesquisa tenham dito que nunca ouviram falar de alimentos geneticamente modificados, a maioria das mães questionou a segurança desses alimentos. Pouco menos da metade, 43% das mães da pesquisa acredita que os alimentos geneticamente modificados são nutricionalmente e quimicamente diferentes dos não geneticamente modificados.

Comentário CommonGround: todos os alimentos geneticamente modificados são exaustivamente avaliados para segurança por grupos como o FDA (Food and Drug Administration) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Nos mais de 12 anos em que essas colheitas usando modernas técnicas de biotecnologia estão sendo produzidas comercialmente, não houve um único caso documentado de um ecossistema destruído ou de alguma pessoa ter ficado doente. Os alimentos geneticamente modificados são nutricionalmente e quimicamente idênticos aos alimentos produzidos de colheitas sem usar essa técnica.

– Mais da metade das mães na pesquisa disse que acredita que é importante alimentar suas famílias com carne suína e de frango sem hormônios, mesmo que essas possam custar mais.

Comentário CommonGround: não há necessidade de pagar um preço extra por carne de frango e suína que é rotulada como livre de hormônios. O USDA proíbe o uso de hormônios na criação de todos suínos e aves. O mesmo ocorre no Brasil.

– Mais da metade – 53% – das mães pesquisadas disse que é importante comprar alimentos rotulados como “totalmente natural”, sempre que possível, porque é uma opção mais nutritiva para sua família.

Comentário CommonGround: os alimentos naturais não significam que têm benefícios nutricionais. Conforme requerido pelo USDA, carnes vermelhas, brancas e ovos rotulados como “natural” precisam ser minimamente processadas e não conter ingredientes artificiais. Entretanto, o rótulo de natural não inclui nenhum padrão referente às práticas rurais e somente se aplica ao processamento de carnes e ovos.

– Mais da metade das mães pesquisadas disseram que os alimentos produzidos localmente eram sempre melhores para o meio-ambiente.

Comentário CommonGround: comprar alimentos produzidos localmente é uma excelente forma de dar apoio aos produtores rurais de sua comunidade, mas nem sempre beneficia o meio-ambiente. Às vezes, gasta mais energia para produzir alimentos localmente do que produzir em outro lugar e transportar.

– Sete de cada 10 mães pesquisadas acreditam que a produção rural familiar está morrendo nos Estados Unidos.

Comentário CommonGround: entre 96% e 98% das 2,2 milhões de propriedades rurais nos Estados Unidos são de agricultura familiar.

– Sete de cada 10 mães na pesquisa concordam que os produtores rurais deveriam ser um recurso essencial para indivíduos que buscam informações relacionadas a alimentos e produção agrícola, ainda que somente uma em cada cinco mães pesquisadas busque informações com os produtores rurais.

“O programa CommonGround surgiu por uma nova demanda dos consumidores por informações sobre alimentos”, disse a voluntária do CommonGround de Kentucky, Ashley Reding, que produz soja, milho e trigo. “A meta do CommonGround é ser um recurso para fornecer às mães os fatos e as informações que podem ajudá-las a fazer escolhas informadas sobre os alimentos. Como produtora rural e como mãe, quero que as pessoas se sintam capazes de fazer escolhas de alimentos baseado nos fatos e não em medos”.

Comentário BeefPoint: Pesquisas como esta nos mostram como a falta de informações pode influenciar a compra do consumidor e o maneira como este percebe o valor de cada produto. Essa pesquisa também mostra a necessidade de trabalhos que levem a informação e promovam a discussão e a crítica dos consumidores. Nos EUA, é crescente os nichos de mercado de produtos especiais, como orgânicos, naturais, etc. O objetivo de grupos como o Common Ground é promover e defender os produtos alimentícios “tradicionais”. Na visão desse pessoal, os produtos “tradicionais” (sem certificação orgânica, etc) são tão bons nutricionalmente e em termos de segurança alimentar quanto os demais produtos de nichos de mercado. Esse ponto é válido, pois acreditamos que não é necessário desmerecer ou desqualificar nenhuma forma legalizada de se produzir alimentos, em defesa de nichos de mercado. É claro que existe um mercado crescente para produtos diferenciados e uma das formas mais utilizadas para essa diferenciação é uma “volta as origens”, a uma produção mais “natural” e “artesanal”.

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Fonte: Common Ground, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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