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Venda de carne bovina em um supermercado americano

– Uma história ilustrada –

Visitar um supermercado nos Estados Unidos, para conhecer a forma de comercialização de carne bovina, é uma experiência bastante interessante. Tivemos a oportunidade de visitar o Sav-a-Center Food Market em Nova Orleans, Louisiana durante a Convenção Anual do AMI – American Meat Institute, onde participamos deste evento junto com uma delegação brasileira muito representativa da agropecuária nacional, contando com representantes da CNA e Fórum Pecuária, ABIEC e Federações de Agricultura.

Uma diferença marcante observada é a ausência do açougue, ou seja, toda a carne é vendida já embalada, nas gôndolas refrigeradas. Existe uma tendência muito grande nos Estados Unidos de comercialização de carnes “case-ready“, ou seja, a carne já sai embalada desde o local de abate e desossa, eliminando a necessidade de manipulação da carne dentro do supermercado e a existência de açougue.

Figura 1: Aspecto das gôndolas de carnes e peixes, ao fundo

Figura 2: Gôndola de carnes, com ampla gama de informações na testeira

No balcão de carnes, percebe-se como o consumidor americano está preocupado em obter informações claras do produto que consome. Um grande painel mostra o valor nutricional dos diferentes cortes de carne bovina.

Figura 3: Valor nutricional dos diferentes cortes de carne bovina, na gôndola do supermercado

A inspeção sanitária é tão importante que é feita em três momentos: pelo serviço de inspeção federal americano (FSIS, do USDA), pelo responsável pela distribuição do produto antes de seu envio e pelo próprio supermercado.

Figura 4: Quadro acima da gôndola explicando a inspeção sanitária tripla das carnes

A preferência dos americanos por carne moída é marcante, tanto que são ofertadas carnes moídas com cinco níveis diferentes de gordura, variando de 93% de porção magra (ou 7% de gordura) até 75% de porção magra (ou 25% de gordura). Os níveis intermediários são: 81%, 85% e 90% de porção magra. Todas as carnes são moídas no mesmo dia em que são postas à venda, aumentando a segurança alimentar de seus consumidores.

Figura 5: Carne moída com 25% de gordura

Figura 6: Carne moída com 7% de gordura

A marmorização ou marmoreio da carne norte-americana é, de forma geral, bastante diferente da carne brasileira. Isto se deve tanto a fatores genéticos como raças predominantemente européias, seleção de animais e principalmente o regime alimentar, que privilegia a alimentação com rações, diferentemente da realidade brasileira onde os animais consomem, em sua maioria, pasto natural, sendo estrategicamente suplementados em alguns sistemas. Abaixo uma foto de um corte de costela bovina (com três costelas em uma porção) onde se pode observar a característica marmorização.

Figura 7: Marmorização da carne americana

Todos os cortes com cobertura de gordura sofrem uma padronização, ou seja, o excesso de gordura é eliminado com a faca até se atingir a espessura de 1/8 de polegada, ou seja, 3 milímetros.

Figura 8: Padronização da gordura de cortes com capa de gordura

A conveniência exigida pelo consumidor americano hoje não é apenas uma tendência de consumo, é uma necessidade que não se modificará mais, pois segundo a própria indústria da carne americana, os consumidores não sabem mais cozinhar. Os jovens não aprendem a cozinhar no ambiente familiar, tampouco se interessam em aprender. Os americanos (e não somente eles!) acham que nunca têm tempo para gastar no preparo das refeições, portanto comem fora com bastante frequência, usam o sistema de “drive-through” (comprando uma refeição sem sair do carro, como já existe no Brasil), gerando uma chocante tendência de consumo americano apontando que 10% das refeições hoje em dia são ingeridas dentro do carro.

Portanto, os consumidores precisam de produtos pré-prontos, pré-cozidos, congelados, de rápido preparo, etc. E os que comem dentro do carro precisam de produtos com uma embalagem fácil de se segurar com uma só mão, que não os suje se eles não estiverem prestando atenção na comida, e que seja fácil de descartar. No supermercado, observa-se enorme oferta e variedade de alimentos pré-prontos, como podemos conferir na foto abaixo.

Figura 9: Ampla oferta de alimentos congelados

O patriotismo americano está presente em toda a parte, e isto não podia faltar na gôndola de carnes:

Figura 10: “Orgulho de comercializar carnes americanas”

0 Comments

  1. Fernanda Aguirre Franco disse:

    Prezada Andréa,

    Mais uma vez gostaria de parabenizar o SIC por este artigo e pela iniciativa da ida aos EUA. Penso que o SIC está mostrando o seu verdadeiro papel dentro da cadeia da carne brasileira e espero que esta entidade esteja cada vez mais forte para colaborar ainda mais com informações claras e diretas para o produtor até o consumidor final.

    Cordialmente,

    Fernanda Aguirre Franco

  2. Carlos Antonio Novais Menezes disse:

    O artigo venda de carne bovina em supermercados nos EEUU de autoria da Drª Andréa Veríssimo é muito importante para os consumidores, não só do ponto de vista da qualidade nutricional da carne, como também da sua segurança alimentar.

    Um abraço

    Carlos Antonio Menezes