As exportações australianas aos dois maiores mercados de carne bovina da Ásia deverão crescer neste ano, apesar do fortalecimento do dólar australiano e das restrições na oferta.
Falando na Coréia do Sul, após uma visita feita ao Japão na semana passada, o diretor gerente do Meat and Livestock Australia (MLA), Mark Spurr, disse que as promoções que estão em andamento nos dois países têm sido fundamentais para posicionar a Austrália como um fornecedor de carne bovina de qualidade. Spurr viajou com o presidente do MLA, David Crombie, e o diretor da entidade, Guy Fitzhardinge, reunindo-se com compradores e com representantes da indústria comercial em ambos os países.
“Os compradores com quem nos encontramos no Japão e na Coréia continuamente se referiram à nossa reputação de carne bovina de qualidade e à integridade de nossos produtos, e elogiaram os esforços de promoção do MLA e da indústria”.
No Japão, o principal programa de promoção do MLA dos últimos 12 meses, financiado com o suporte do Governo Australiano, processadores e indústria, envolve mais de 4 mil demonstrações nas lojas, seminários comerciais, promoções no varejo e campanhas de conscientização dos consumidores.
Resultados de uma pesquisa da AC Nielson mostram que a consciência sobre a marca australiana de carne bovina Aussie Beef entre as donas de casa do Japão está em 95%.
Spurr disse que o fortalecimento da demanda dos consumidores no Japão foi evidenciado nos maiores preços de exportação da carne bovina da Austrália ao Japão.
Na Coréia, a marca Hoju Chungjungwoo, lançada no ano passado – promovendo os atributos de limpa, natural e saudável da carne bovina australiana – tiveram 30% de conhecimento.
“As vendas totais à Coréia até agora estão 5% acima dos níveis do ano passado, mas o que é mais significativo é o crescimento nas exportações de carne bovina resfriada de maior valor, que foram 70% maiores, de 2,047 mil toneladas. As promoções em andamento no Japão e na Coréia são importantes na manutenção e no crescimento de nossa posição no mercado, particularmente dado o fortalecimento do dólar australiano e às pressões na oferta devido à seca”.
A Austrália continua ganhando participação no mercado do Japão, com 49% das importações japonesas de carne bovina em 2003 sendo provenientes da Austrália, comparadas com 45% dos Estados Unidos e 6% da Nova Zelândia e do Canadá. As últimas importações sugerem que a salvaguarda será ativada para carne bovina resfriada em primeiro de agosto, mas não para congelada.
O Japão importou 43.694 toneladas de carne bovina em abril, com 22.173 toneladas, ou 51%, sendo da Austrália. Somente 18.513 toneladas foram importadas dos EUA, com as 3,008 mil toneladas restantes sendo importadas do Canadá e da Nova Zelândia.
Nas negociações da Rodada do Uruguai na Organização Mundial do Comércio (OMC), foi determinado que as tarifas cairiam de 50% para 38,5% em 2000, mas a taxa de 50% seria restaurada no caso de um grande aumento nas importações (cláusula da salvaguarda). As salvaguardas, calculadas e aplicadas separadamente para importações de carne bovina resfriada e congelada, são acionadas quando o aumento nas importações cumulativas, comparadas com a do ano anterior, de carne bovina resfriada ou congelada excedem 17% (medidas no final de cada trimestre). O sistema roda com base no ano fiscal japonês, que começa em abril. Se o nível que pode acionar a salvaguarda for excedido no trimestre que termina em junho, a tarifa de importação de carne bovina aumentará para 50% a partir de primeiro de agosto, permanecendo neste nível até 31 de março.
Dadas as importações extremamente baixas do ano passado, após os incidentes gerados pelo surgimento de casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no país, os níveis capazes de disparar as salvaguardas para o trimestre de junho são de somente 22.547 toneladas por mês para carne bovina congelada e de 21.188 toneladas de carne bovina resfriada.
As importações de carne bovina resfriada foram fortes em abril, 40% acima do baixo nível de abril de 2002 (e tiveram um aumento de 7% com relação a março de 2003), somando 25,132 mil toneladas. Isto foi cerca de 4 mil toneladas acima da taxa mensalmente necessária para acionar a salvaguarda. Desta forma, uma importante queda nas importações é necessária nos próximos meses para evitar que o volume que levará à salvaguarda seja excedido para carne bovina resfriada no trimestre que termina em junho.
Em contrapartida, as importações de produtos congelados caíram 15% comparado com abril de 2002, e 44% com relação a março de 2003, com somente 18,562 mil toneladas importadas. Isto foi cerca de 4 mil toneladas abaixo da taxa mensal requerida para disparar a salvaguarda para carne bovina congelada.
Outros mercados
As exportações de carne bovina australiana à China neste ano, até abril, aumentaram 25%, para 800 toneladas; as exportações a Taiwan aumentaram 9%, para 9,938 mil toneladas, mas as exportações a Hong Kong caíram 39%, para 485 toneladas. A performance nesta região foi atrapalhada, nos últimos meses, devido às dificuldades de acesso a mercados na China, ao maior valor do dólar australiano e à recente epidemia de pneumonia asiática. Entretanto, a maioria destes problemas deverá ter curto prazo e a previsão de comércio para esta região neste ano ainda é positiva.
O comércio com a China foi dominado principalmente por cortes manufaturados, que neste ano, até abril, foram responsáveis por 91% dos carregamentos de carne bovina. Os outros 9% foram preenchidos por pequenas quantidades de outros cortes, entre eles, filés e carne de vitelo.
Fonte: MeatNews.com e Meat & Livestock Australia, adaptado por Equipe BeefPoint