Mesmo em meio à tormenta de crédito internacional, a Venezuela manteve as importações de carne bovina brasileira a todo o vapor e foi o país emergente que ocupou lugar de maior destaque no ranking dos importadores do produto em outubro.
Mesmo em meio à tormenta de crédito internacional, a Venezuela manteve as importações de carne bovina brasileira a todo o vapor e foi o país emergente que ocupou lugar de maior destaque no ranking dos importadores do produto em outubro.
As estatísticas ainda não demonstraram o efeito crise para esses importadores, distinto do que já aconteceu com a Rússia, o principal comprador da carne brasileira, que desacelerou compras. As exportações de carne in natura para a Venezuela saltaram 198,25% em volume no mês passado, para 10,9 mil toneladas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
O volume ainda está bem abaixo do exportado para a Rússia no mês, 24,7 mil toneladas, mas, mesmo assim, os venezuelanos ocuparam o terceiro lugar na lista de destinos – atrás apenas dos russos e do Irã.
A Rússia, por problemas de crédito devido à crise, reduziu em 41,66% os volumes importados em outubro. No acumulado do ano, os venezuelanos se destacam novamente. Entre janeiro e outubro de 2008, na comparação com igual período de 2007, em volume, o país saltou do sétimo lugar da lista de destinos compradores do produto para o segundo. O desempenho praticamente se repetiu quanto ao faturamento, com a diferença de que, em valor, passou do sexto do ranking em 2007 também para o segundo da lista este ano.
O consumo de carne bovina aumentou muito naquele país devido ao aquecimento de sua economia. “A Venezuela não produz o suficiente para atender ao consumo, por isso sempre vai ser um importante destino para o Brasil”, avalia José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP. “Embora o ritmo deva desacelerar um pouco agora”. Só em outubro, a receita com exportações aos venezuelanos somou US$ 54,9 milhões, alta de 453,5% na comparação com outubro do ano passado. Os dados são da Secex.
A evolução dos preços internacionais, por conta da menor oferta de carne no mundo, explica a disparada em receita. Apesar dos números, o ritmo de crescimento não deve se repetir daqui para frente, na opinião de Peter Ho, analista da Corretora Planner. “Esses percentuais não são indicadores de potencial de mercado porque a Venezuela já está chegando ao seu limite máximo de consumo. E há uma tendência de retração, com a queda dos preços do petróleo”, disse Ho.
A Venezuela é um dos países para onde o frigorífico Marfrig pretende ampliar volumes exportados, embora ainda não seja destino expressivo. Segundo Marcos Molina, presidente do frigorífico, neste momento, alguns cortes que iriam para a Rússia estão sendo direcionados para o mercado venezuelano. “Tradicionalmente os russos importam menos no fim do ano por conta do inverno e a logística fica difícil. Praticamente não temos contratos negociados em novembro e dezembro com a Rússia”, disse. “Mas essa situação é pontual”.
A matéria é do jornal Diário do Comércio e Indústria/SP, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.