O abate dos animais da Fazenda Cachoeira, localizada em São Sebastião da Amoreira, é uma medida que deve ser cumprida na avaliação do virologista Amauri Alfieri, professor da Universidade Estadual de Londrina. No entanto, ele defende que, antes do sacrifício, sejam colhidos materiais de todos os bovinos para análise no laboratório do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), considerado território neutro.
Segundo Alfieri, os animais devem ser sacrificados porque o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou o foco de aftosa na propriedade na Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). O abate seria uma medida mais rápida para liberar mais rapidamente o Paraná das sanções impostas e das restrições às importações. ”Há um desencontro de informações e temos que dar uma satisfação aos órgãos internacionais. Mas precisamos definir essa questão da aftosa o mais urgente possível”, salientou.
O virologista explicou que o Paraná vive duas situações distintas quanto à existência ou não da doença. A primeira delas se refere a quatro fazendas que ainda estão interditadas, localizadas em Amaporã, Grandes Rios, Loanda e Maringá. ”Nessas propriedades o abate não deve ser aceito em hipótese nenhuma e devemos brigar por isso”, frisou.
Mas não é o mesmo caso da Fazenda Cachoeira. Nos bovinos desta propriedade, o único caminho apontado seria cumprir as normas da OIE. Caso seja feito mesmo o abate, a sugestão dele é que seja recolhido material de todos os bovinos para exames de sorologia e de outras técnicas mais específicas. Na Panaftosa, poderiam ser feitos exames de linfonodo retrofaríngeo que, a exemplo do Pro-bang, também isola o vírus da aftosa. No entanto, a primeira técnica é mais específica. Um outro teste que poderia ser feito é o RT-PCR, técnica molecular que isola o RNA do vírus.
”Não adianta empurrar mais esse problema com a barriga. O Paraná tem que cumprir as normas da OIE rapidamente para poder voltar a exportar”, avaliou o professor. ”Não dá para esconder a aftosa. O problema é que as informações divulgadas arranharam a imagem da defesa sanitária brasileira e o mercado internacional está desconfiado”, observou Alfieri.
Fonte: Folha de Londrina/PR, adaptado por Equipe BeefPoint