A velocidade em que o mundo muda a cada dia traz consequências irreversíveis para a humanidade. Da economia à medicina, as sociedades evoluíram graças, principalmente, à revolução da tecnologia da informação. Em muitos casos, podemos não concordar com a velocidade em que nossos vizinhos crescem, mas lutar contra essa evolução mostra uma visão, no mínimo, obtusa de quem, para justificar a falta de aptidão em alcançar tais mudanças, prefere desqualificar os que venceram barreiras e seguiram em frente. A insistência dos pecuaristas irlandeses e ingleses em atacar a qualidade da carne bovina brasileira é um exemplo de que, apesar do mercado mundial mudar a cada dia, há, ainda, discursos tão antigos quanto surrados pelo tempo.
A velocidade em que o mundo muda a cada dia traz consequências irreversíveis para a humanidade. Da economia à medicina, as sociedades evoluíram graças, principalmente, à revolução da tecnologia da informação. Em muitos casos, podemos não concordar com a velocidade em que nossos vizinhos crescem, mas lutar contra essa evolução mostra uma visão, no mínimo, obtusa de quem, para justificar a falta de aptidão em alcançar tais mudanças, prefere desqualificar os que venceram barreiras e seguiram em frente.
A insistência dos pecuaristas irlandeses e ingleses em atacar a qualidade da carne bovina brasileira é um exemplo de que, apesar do mercado mundial mudar a cada dia, há, ainda, discursos tão antigos quanto surrados pelo tempo.
Percebe-se no recente discurso do Presidente da “Irish Farmers Association”, Senhor Padraig Walshe, o retardo temporal próprio daqueles menos preparados ou com menor excelência competitiva. Daqueles que defendem um setor já incapaz de crescer no mercado global, e de forma arrogante e imoral tentam justificar a adoção de políticas comprovadamente equivocadas.
Sentados em cima de generosos subsídios que distorcem totalmente o mercado mundial, os pecuaristas daqueles dois países viram o tempo passar e não descobriram uma forma de produzir com qualidade e competitividade sem que os seus Governos esvaziassem boa parte do cofre comunitário para sustentá-los. Tais subsídios, muito utilizados em décadas passadas, ainda perduram na competitiva economia mundial, onde a livre concorrência é o caminho.
Lamentavelmente, grupos refratários a esta não tão recente realidade ainda insistem em lançar mão deste jogo sujo, valendo-se de informações inverídicas e de intimidações com o objetivo de se impor em um mercado global e de preservar uma estabilidade subsidiada em detrimento da modernidade competitiva, algo que, na realidade, revela-se um desserviço aos cidadãos europeus, bombardeados diariamente por uma falsa realidade.
Vários encontros governamentais e de empresários foram feitos nos últimos anos para que as práticas de subsídio e os protecionismos absurdos fossem extintos, justamente por trazerem consigo enormes distorções ao comércio mundial. Mas pouco foi feito pelos países que adotam tais ferramentas.
Sem qualquer sinalização de que países como Irlanda e Inglaterra suspenderiam as subvenções concedidas aos seus pecuaristas, o Brasil e outras nações em desenvolvimento investiram maciçamente em pesquisa e tecnologia para vender a mercados que, graças à globalização, tornaram-se cada vez mais exigentes.
O Brasil tem condições climáticas e naturais para produzir carne com qualidade e competitividade. Mesmo sem um tesouro governamental para sustentar sua pecuária, conseguiu ingressar em mais de 180 mercados. Todos os acessos a mercados conquistados nos últimos dez anos o foram de forma legítima, sem qualquer ferramenta ou artifício que atingisse países concorrentes de forma desleal.
O governo brasileiro nunca sonegou informações aos órgãos internacionais competentes. Desde a OIE, à DG Sanco, todas as autoridades foram informadas do foco de febre aftosa ocorrido em outubro de 2005, nos Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná.
Cada medida tomada para isolar o vírus e trazer o rebanho daquela região do País para um status sanitário de livre da doença foi imediatamente repassada para os países com os quais o Brasil comercializava sua carne bovina.
Por outro lado, a Irlanda apresenta histórico nada favorável, principalmente em se tratando do mal da vaca louca, que além de acometer bovinos, também causa danos aos consumidores de carne contaminada.
Desde 2001, aquele país registrou mais de 1.100 casos da doença, conforme dados da OIE. Além disso, em 2008, houve o registro de 23 casos deste mal, número que, embora inferior àqueles observados em anos anteriores, demonstra que o país ainda tem muito a adequar-se aos controles determinados pela própria Comunidade Européia, tendo em vista diversas falhas outrora apontadas nos relatórios das inspeções da FVO no país.
Com relação à Febre Aftosa, os últimos registros da doença no Reino Unido datam de 2007, quando em agosto notificou-se o primeiro foco no condado de Surrey, e, em dezembro de 2007, esse e outros quatro focos foram rápida e inexplicavelmente sanados, a exemplo dos diversos registros de contaminação de animais europeus por dioxina.
Por tudo isso, é de impressionar como ainda existem países, ou entidades representativas, que tratam o comércio mundial como se estivessem na escola primária, gritando e esperneando para chamar a atenção dos colegas, e, quem sabe assim, conseguir alcançar seus objetivos.
Sejamos claros: é isso que nos parece estar fazendo o Senhor Walshe, numa seqüencia típica de produtor rural “mimado” pelo Estado, acusando, protestando e desesperando-se contra algo que não passa da mais pura racionalidade econômica.
Ora, antes de gastar seu precioso tempo em se preocupar com a cadeia produtiva da carne brasileira, os pecuaristas irlandeses e ingleses deveriam encontrar uma saída para melhorar a sanidade de seu rebanho e contribuir com alguma ideia que elimine os fartos subsídios que lhes são concedidos, pois certamente este dinheiro deve estar fazendo falta a outros setores da sociedade da qual fazem parte.
Com efeito, seria muito mais proveitoso se simplesmente se deixasse de acreditar que a irracionalidade econômica dos subsídios perdurará, e que as absurdas subvenções governamentais estarão eternamente à disposição. Afinal, se hoje os produtores irlandeses não são competitivos, e foram deslocados do mercado global, certamente há uma razão para isso.
O que não podemos admitir é que os maus prosperem enquanto os bons são castigados. O “sofrimento” destacado nas últimas declarações do Senhor Walsh traduz, a nosso sentir, sua falta de compromisso com o progresso dos produtores rurais irlandeses e sua alienação com relação à nova ordem econômica mundial, que cedo ou tarde exigirá mudanças de comportamento, uma vez que os cofres públicos da União Européia já anunciam fadiga na sustentação de setores que notadamente são incapazes de enfrentar a feroz competitividade do mercado internacional de commodities, como a carne bovina.
Além disso, com o alargamento da União Européia e a escassez cada vez maior de recursos para estas atividades, é de se esperar que tais aportes migrem para os novos sócios daquele bloco que apresentem condições socioeconômicas mais frágeis do que aqueles que já usufruíram da política desse subsidiado clube de elite.
Enfim, o Brasil já tem o seu caminho traçado pela competência, maturidade e competitividade dos seus produtores e das suas indústrias processadoras. Resta saber agora quanto tempo a “criança irlandesa” necessitará para amadurecer e se tornar um competidor à nossa altura.
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Senhores,
Estamos como sempre, diante de politicas arcáicas que não condizem com a realidade do mercado futuro.
Penso que:
A Irlandesa tentará ficar mamando na UE até que a deixem comer calangos.
A Inglaterra continuará comendo besouros.
Tripas torta, reta, fundo, culatra e bexigas seriam uma boa opção para ambas.
Muito bem escrito .
Parabens!!!!
Caro Senhor Otavio, sua materia foi muito bem escrita, mas creio que surtiria mais efeito se isso fosse divulgado na Europa.
Acredito que as autoridades brasileiras e a ABIEC não entenderam ainda que estas associações estão literalmente em guerra contra a carne brasileira e isto já vem ocorrendo a anos.
A imprensa britânica e irlandesa inundam os jornais semanalmente com notícias infundadas e mentirosas a respeito da carne brasileira,
Creio que é o momento de nossas autoridades e associaçoes como a Abiec a entrarem nesta briga, ninguém fala na imprensa dos riscos de consumo da carne destes paises, ninguém comenta que no ano de 2007, 221 animais apresentaram resultados positivos EEB (vaca Louca) e que em 2008 houve o registro de 23 casos deste mal no continente europeu, ninguém comenta que até julho de 2007 já morreram 195 pessoas deste mal na Europa. Nossas autoridades e a Abiec não questionam porque a Inglaterra pode exportar carne para comunidade Européia apenas após 30 dias do aparecimento de foco da aftosa, isso 2 vezes no mesmo ano, também não ouvimos dizer porque o Chipre exporta carne para UE se também teve casos de aftosa em 2007, sem contar que a UE importa carne da Austrália, país onde o uso de hormonios é liberado, e onde já foram encontradas não conformidades no processo de rastreabilidade, que não garante que animais não exportáveis entrem no bloco, o mesmo acontece com os EUA, que possui vaca louca e utiliza hormônios.
Também não é mensionado, que a DEFRA órgão inglês responsável pelas auditorias de rastreabilidade na Inglaterra, em sua última auditoria publicada em 2003 encontrou aproximadamente 30% de desvio de informações (não conformidades) na rastreabilidade bovina do gado britânico.
Para informação de todos a Namibia, país africano, após aparecimento de casos de febre aftosa em 2005 e após a inspeção do FVO identificar problemas na rastreabilidade por duas vezes ainda exporta carne para UE.
Essa guerra esta sendo injusta, somente eles nos atacam por todos os lados e nós nem sequer nos defendemos, precisamos lutar com as mesmas armas, de igual para igual senão sempre seremos massacrados, ora por aftosa, ora por rastreabilidade, destruicao da Amazônia, trabalho escravo, qualidade da carne do Zebu, pretestos protecionistas eles tem vários e a Abiec como esta rebatendo isso? apenas na defesa?
Pra ajudar as proprias autoridades brasileiras sugeriram este sistema de rastreabilidade (ERAS) que esta se mostrando inviavel ,o sysbov era perfeito apenas precisava ser cumprido como na maioria dos paises exportadores (Argentina, Uruguay, Australia)
Eles estao defendendo os interesses deles, nos temos que defender os nossos.
Parabéns Sr. Otávio Cançado,
Muito boa a matéria.
O único ponto que eu gostaria de adicionar a respeito da matéria é o mesmo que o nosso colega (amigo meu) Sr. Giuliano Fontolan escreveu a respeito da matéria ser divulgada aqui na Europa.
Não podemos mais simplesmente ficar nos explicando sem exigi que o mesmo aconteça dos outros players do mercado. Afinal de contas somos o maior exportador e com potencial de crescimento enorme ainda.
A quase que ausência de matérias apontando os erros deles é um campo ótimo para ele atuarem como desejam.
De qualquer maneira, estamos mesmo nos preparando como ninguém para o novo mercado mundial de comércio de carne bovina. Só precisamos agora apontar os muitos erros deles quando for preciso.
Bom dia
O discurso do senhor Cançado é muito bem escrito. No entanto, acho que na guerra de informaçao que existe em torno da carne brasileira, precisa-se de outra abordagem que aquele jogo de pingpong. Isso foi amplamente demostrado na oportunidade de workshop sobre pecuaria sustentavel organizado pelo BeefPoint.
JY Carfantan (europeu)
Meu caro Giuliano,
A matéria foi amplamente divulgada no exterior. Em diversos meios de comunicação.
Obrigado e um abraço do,
Otávio
Brilhante.
Concordo com o senhor quanto ao comportamento do Sr. Walshe e na pessoa dele, uma classe. Acrescento que os comentários equivocados partiram de margens abertas deixadas pelos próprios técnicos do FVO no relatório final da missão publicado no site da Europa, que julgaram o sistema de auditoria brasileiro robusto o suficiente para prover as garantias requeridas pela UE e definiram o desempenho brasileiro como satisfatório e hábil, entretanto mostraram preciosismo na descrição de detalhes notadamente baseados em suposições.