Workshop discute ações para uma pecuária sustentável

Especialistas, produtores, governo e sociedade civil apresentam soluções para conter o aumento das emissões de gases do efeito estufa causadas pela pecuária, durante o Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária, que aconteceu em São Paulo (SP). Os organizadores do evento acreditam que é possível promover a recuperação de terras degradadas e a implementação de medidas para proteger florestas.

Especialistas, produtores, governo e sociedade civil apresentam soluções para conter o aumento das emissões de gases do efeito estufa causadas pela pecuária, durante o Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária, que aconteceu em São Paulo (SP).

O evento foi precedido por uma visita de um grupo de especialistas a fazendas do Acre que são exemplos de pecuária lucrativa e sustentável na Amazônia. “Esses empreendimentos destoam da realidade da maioria das propriedades rurais da Amazônia. Eles tiveram, em 2008, um lucro de 40% a 47%”, explica Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

De acordo com Smeraldi, “trazer esses e outros elementos são importantes para começar a discussão com os temas de financiamento e políticas de compras, levando-se em conta que essas políticas não se limitam apenas aos aspectos ambientais”.

Para o chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Acre, Judson Valentim, o discurso de que a questão financeira impediria a mudança do paradigma para uma pecuária menos devastadora não é real. “Na realidade, quando se aumenta a produtividade, o custo pela tecnologia – em proporção ao número de animais criados – é menor”.

A região da Amazônia responde por 36% das pastagens do país, 35% do rebanho e 35% da produção de carne. Mas segundo dados de Judson Ferreira Valentim, apenas 4,6% das 18.489 propriedades do Estado têm mais de 1.500 cabeças de gado. Nas suas estimativas existem 57 milhões de hectares de áreas de pastagens na Amazônia. Deste total, 23,4 milhões de hectares têm baixa produtividade e estão em estágio de severa degradação. “Quanto mais cedo o produtor enfrentar a degradação, menor o custo”, aconselha.

O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Paulo Barreto, alertou para a necessidade de se transformar a pecuária em uma atividade sustentável para conter o aumento do aquecimento global.

De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a pecuária na Amazônia responde por algo próximo a 44% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, projetando que o desmatamento representa 55% das emissões brasileiras e que a fatia do boi pastando na região corresponde a 80% deste total.

“A pecuária cresceu muito na região, com desmatamento, e como esta situação não é mais tolerável, temos que imaginar o que vai acontecer com a atividade no futuro” disse ontem o pesquisador Paulo Barreto, do Imazon, no workshop internacional sobre soluções para o desmatamento e emissões de gases de efeito estufa causadas pela expansão da pecuária. O próximo passo, segundo ele, é o governo dar condições ao setor que facilitem a regularização fundiária, ambiental e social. É preciso mais governabilidade e transparência nos órgãos envolvidos em dar sustentabilidade à cadeia produtiva.

Os desafios para o setor frente às questões socioambientais são muitos. Segundo Daniel Azevedo Avelino, procurador do Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA), a crise política brasileira e a falta de informações são dois fatores importantes que dificultam a mudança na pecuária. “No Pará, não se sabe o nome ou a localização de onde o gado é produzido. Os pecuaristas não informam e, por isso, a rastreabilidade se torna ainda mais difícil de ser efetivada”, explica.

O BeefPoint participou do evento que abordou os desafios econômicos para a implantação de mecanismos que assegurem que a atividade pecuária não seja realizada em áreas de desmatamento ilegal. Participaram do workshop ONGs, produtores, grandes redes varejistas, além de governo e Ministério Público Federal.

Os organizadores do evento acreditam que é possível promover a recuperação de terras degradadas e a implementação de medidas para proteger florestas. Foram apresentadas medidas para a melhoria do manejo de pastos e para o desenvolvimento de uma cadeia de valor da pecuária reestruturada e alinhada com políticas nacionais sobre mudanças climáticas e redução de desmatamento.

As informações são site www.amazonia.org.br e do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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