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Zoellick e Rodrigues discutem a política agrícola da Europa

Ao contrário do que se esperava, a visita do representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, teve como tema central a Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia.

Pouco se falou sobre as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), protagonizadas por Brasil e Estados Unidos. “Zoellick demonstrou grande preocupação com a PAC e deixou claro que o Brasil é relevante e não pode ficar de fora das negociações agrícolas”, disse Rodrigues, logo após a reunião de 50 minutos com o enviado norte-americano para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A ênfase na agricultura européia tem um interesse concreto para os dois países. Os Estados Unidos precisam do apoio do Brasil e do Grupo de Cairns (maiores exportadores agrícolas, com interesses comuns, do qual os EUA não fazem parte) para conseguir que a União Européia diminua os subsídios à agricultura. As negociações agrícolas acontecem na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo o professor Marcos Jank, da Universidade de São Paulo (USP), que participou do encontro, existe de fato uma afinidade entre o Grupo de Cairns e os Estados Unidos no que se refere à redução dos subsídios agrícolas da União Européia. O governo dos EUA, que tem participado como observador das últimas reuniões de Cairns, precisa de uma aliança com o grupo para fazer prevalecer seus interesses agrícolas na OMC. “Pouco se falou sobre a Alca no encontro”, afirmou Jank, especialista em negociações internacionais agrícolas do Brasil.

Zoellick, que deixou o Ministério sem falar com a imprensa, também quis saber detalhes sobre programas sociais, como o Fome Zero. Os Estados Unidos já demonstraram interesse em fornecer alimentos transgênicos para o Brasil. Mas, segundo Rodrigues, o tema transgênicos foi citado sem profundidade.

Zoellick ouviu de Rodrigues que o Brasil participará das negociações internacionais como um bloco monolítico e que, sem abertura dos mercados dos países industrializados, as negociações internacionais serão mais difíceis.

Do lado norte-americano, participaram do encontro a embaixadora Donna Hrinak, o assistente especial do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, John Maisto, e o senador republicano Michael Enzi.

Fonte: O Estado de São Paulo (por Paula Puliti e Fabíola Salvador), adaptado por Equipe BeefPoint

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