A cobertura vacinal contra a febre aftosa no Maranhão e demais estados nordestinos, exceto Bahia e Sergipe, está prejudicada em virtude da falta do medicamento nas casas veterinárias revendedoras. Como conseqüência, a cobertura no Maranhão não deve chegar aos 80%, média que vinha sendo alcançada, de acordo com previsão do supervisor de produção animal da Subgerência de Agricultura maranhense, Severino Pessoa.
A falta de vacina obrigou a subgerência a prorrogar mais uma vez o prazo da segunda etapa da Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa, que foi estendido até o próximo dia 20. Desde novembro o prazo da vacinação vem sendo prorrogado em função da falta do produto. Segundo o subgerente de Agricultura, João Batista Fernandes, o produto está em falta também nos Estados do Pará, Piauí e Tocantins.
A falta de vacina foi causada pelo fato do Ministério da Agricultura ter priorizado o Rio Grande do Sul, que viveu uma crise intensa com casos da doença. Ano passado o ministério também condenou cerca de 20 milhões de doses de vacinas que seriam disponibilizadas para as campanhas por julgar de má qualidade.
De acordo com informação do Ministério da Agricultura à subgerência, já foram disponibilizadas dez milhões de doses de vacina para o Norte e Nordeste. O número não deve atender ao rebanho das duas regiões. Só o maranhense é estimado em cerca de 4 milhões de animais. Apesar de reconhecer as necessidades do Sul do País, Severino Pessoa lamenta o fato dos estados nordestinos e do Norte terem sido prejudicados.
Mesmo com a liberação das dez milhões de doses, o supervisor levanta ainda outro fato que pode prejudicar ainda mais a cobertura vacinal. Ele teme que os revendedores deixem de fazer pedidos do medicamento para atender à demanda do mercado com receio de que alguns criadores deixem de vacinar.
Para a campanha a ser realizada em maio de 2002, Severino Pessoa conta que o ministério já assegurou aos estados que não vai faltar vacina. A subgerência solicitou oito milhões de doses de vacinas para o estado, um milhão a mais do que o solicitado para 2001. “Esperamos este ano ter um alcance maior na cobertura vacinal do rebanho maranhense”, afirmou otimista.
Proteção
De acordo com ele, o rebanho maranhense está bem no aspecto de resistir à doença. O reflexo maior é em relação ao programa estadual de combate à aftosa. “Temos todo um programa de incentivo à vacinação. Com a falta da vacina, o produtor acaba ficando desacreditado”, pondera. O Maranhão corre contra o tempo para erradicar a febre aftosa, uma preocupação antiga dos criadores maranhenses que alegam perderem dinheiro com a atual condição em que se encontra, classificado como zona de “risco desconhecido”.
Em março está prevista uma auditoria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que seja avaliada a estrutura operacional de combate à doença montada pelo governo estadual. O objetivo é comprovar se as ações estão dentro das diretrizes nacionais do ministério. O governo estadual instalou 18 escritórios regionais, 84 locais e 133 de apoio, espalhados pelo interior maranhense. A meta é que a febre aftosa seja erradicada até 2003, dois anos antes do prazo estabelecido pelo ministério para o fim da doença na região Nordeste. Hoje apenas Bahia e Sergipe estão livres da aftosa.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Franci Monteles), adaptado por Equipe BeefPoint