CNPC propõe criação de grupo de trabalho
3 de março de 2005
In natura: Brasil exporta US$140 mi em fevereiro
5 de março de 2005

Sem FNPC, reunião com frigoríficos e governo é esvaziada

A reunião entre representantes do governo, frigoríficos e pecuaristas ocorrida ontem no Ministério da Agricultura em São Paulo não conseguiu levar os participantes a um acordo. Isto porque o representante dos pecuaristas e presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, principal crítico do atual sistema de comercialização dos frigoríficos e que está acusando as empresas de cartel, não compareceu.

Representantes de três frigoríficos levaram para a mesa de negociação um documento que detalha a planilha de custos dos frigoríficos, que seria apresentada ao representante dos pecuaristas.

Segundo reportagem do Estadão/Agronegócios, na planilha, os frigoríficos desmontam a afirmação dos pecuaristas de que estariam tendo lucros expressivos com a exportação de carne bovina, que não estariam sendo repassados para os pecuaristas. Com base em dados levantados pelo Cepea/Esalq e pelo Secex, a planilha mostra que, nos últimos 12 meses, enquanto os preços da arroba de boi, em dólar, subiram cerca de 12%, o preço da tonelada de carne bovina ficou estável no mercado externo.

Segundo o documento, a arroba era cotada a US$ 20,35 em fevereiro de 2004 e passou a custar US$ 22,82 em fevereiro de 2005. Já o preço da carne para exportação saiu de US$ 2.111 por tonelada em fevereiro de 2004 para US$ 2.100 registrados em fevereiro de 2005.

O documento também detalha os bônus e descontos pagos pelo mercado internacional à carne brasileira. Por exemplo, para o filé mignon entre três e quatro libras de peso, os importadores pagam o preço cheio da peça. Se o produto tiver mais de cinco libras, o bônus chega a 30%. Mas se for menor que três libras, terá um desconto de 10% no preço.

Segundo a reportagem do Estadão/Agronegócios, isto explicaria porque, no mercado interno, eles estariam pagando preço cheio para bois de 16 arrobas e praticando descontos para animais com peso menor. Ao apresentar a planilha de custos, os frigoríficos pretendem dar maior transparência ao processo de comercialização de bovinos. Com o resultado suspenso da reunião, os frigoríficos pretendem continuar a comercialização de animais dentro destes parâmetros.

Segundo apurado pelo BeefPoint, as exportações de fevereiro de 2005 de carne in natura tiveram preço médio de US$2.240,30/ton, comparado a US$2.110,80/ton obtido em fevereiro/2004, uma valorização de 6,1%. O valor total das exportações de carne bovina in natura totalizaram US$140,0 milhões em fev/2005, 22,6% acima de fev/2004, quando o Brasil exportou US$114,4 milhões.

Fonte: Estadão/Agronegócios (por Eduardo Magossi) e MDIC, adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. José Luiz Gonçalves de Andrade disse:

    De FNPC/frigoríficos/reunião com governo, boicotes, e “otras cosas”

    Não acredito em planilha de frigorífico. Senão terão que acatar a minha também.

    Comenta-se desde longa data que vários frigoríficos saíram da raia por não conseguir concorrer nos moldes atuais. Eu vendia gado para o Anglo, eles tinham lisura de procedimento, diferente do que vemos hoje. Se alegam que o preço da tonelada de carne exportada ficou estável nos últimos 12 meses e o Ministério da Industria e Comercio diz que teve elevação de preço…? Se falam em rastreabilidade mas não admitem classificação de carcaça, isto é organização?

    Misturaram boi cruzado com cruzamento industrial, que é o que há de mais precoce e moderno e desestimularam sua produção. Pesquisador da Embrapa – CNPGC recentemente fez desabafo no Canal do Boi (Jornal do Produtor, em 17/6 – 12:30h), por ter levado a abate novilhos precoces de experimento, com 18 meses, 224 kg de carcaça, e que foram penalizados por não atingir 15 @ e pagos como vaca!!!

    Na região onde trabalho é comum comprarmos matrizes para engorda e acontece de alguns animais terem sido vacinados (inadequadamente) na picanha, que é retirada no momento da limpeza da carcaça, quando tem vestígios ou abscessos; nestes casos o frigorífico nos penaliza em R$15,48 por picanha ou parte dela, e não permite que levemos para casa estes recortes (mais um prejuízo da malfadada vacina oleosa) que não passam pela balança!

    Isto não é organização. Eles são unidos e nós, desunidos. “Queixada fora do bando é comida de onça”.

    Boicote de oferta nada mais é que a organização do setor. É a única maneira do pecuarista aprender a se organizar e perceber a força que pode ter. Acordar, sair da sua resignação, e descobrir que se ele não fizer nada, ninguém fará por ele.

    Chega de “agüentar 10 altas e entregar na primeira baixa”.

    O MST nos mostra muito bem o poder da organização.

    O varejo tem suas margens altíssimas e inibe o consumo. Trabalha pouco e ganha muito. O povo não tem dinheiro. Paga-se imposto sobre circulação de alimentos, onerando-o ainda mais. E o pecuarista investe em tecnologia para aumentar a oferta e deprime preços. Boicote, banco de dados e cooperativismo coloca números na nossa frente e permite que tenhamos um rumo a tomar, estatísticas a nos orientar no médio e longo prazo, para não nos enforcarmos com nosso próprio laço.

    A Rede Globo diz que um boi precoce da melhor estirpe, não rastreado “é boi comum”. Vamos boicotá-la também. O consumidor não entende dessas coisas e vai acreditar que é comum mesmo.

    Só temos que melhorar a auto-estima do produtor e faze-lo ver que tem direito a lucro, sem ele não sobrevive, não vive dignamente e tem de lutar pelos seus interesses.

    José Luiz Gonçalves de Andrade, pecuarista e agrônomo