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Arroba pode atingir menor preço da história

A arroba do boi gordo negociada em São Paulo deve fechar o mês de julho com a menor média mensal de preços já registrada. Considerando-se os valores corrigidos pelo IGP-DI, o menor preço médio da arroba do boi foi apurado em junho de 1996, R$ 54,46, segundo a Scot Consultoria.

“O boi está sendo negociado por R$ 53,95 a arroba (média de julho até sexta-feira). Os preços teriam que reagir para não atingir a menor média da história, mas a expectativa é de estabilidade até o final do mês”, diz o analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa. Em julho do ano passado, a cotação média era de R$ 61,71 a arroba.

Não há indícios de que as cotações possam reagir antes do dia 31. “O excesso de oferta de boi no mercado, o dólar desvalorizado ante o real e a queda dos preços dos subprodutos como couro, farinha e sebo, estão impedindo alta na cotação”, explica.

Desde julho de 2004, os preços do boi gordo tiveram queda de 17% (corrigida pelo IGP-DI), os do bezerro de 12 meses 6%, de farinha de carne e ossos 52%, de couro verde 59%, e de sebo 71%.

A oferta excedente é explicada pelo final do ciclo pecuário, em que o abate abrange também as fêmeas reprodutoras. “Com a queda dos preços e a pressão dos custos, o pecuarista não acredita que a situação vai melhorar e não investe na retenção de matrizes”, considera Vicente Ferraz, do Instituto FNP. O boi gordo era cotado a R$ 53 na sexta-feira em São Paulo, ante R$ 59 há um ano, segundo ele.

Outro fator que promoveu o aumento da oferta de boi no mercado foram os recentes avanços tecnológicos do setor. “O desenvolvimento da genética e o uso de sais proteinados permitiram a redução da idade de abate do rebanho brasileiro de 48 meses para 30 meses nos últimos dez anos”, diz o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.

Apesar dos preços baixos, muitos pecuaristas preferem vender o gado agora, para impedir que os animais percam peso em função das pastagens degradadas pelo clima frio, de acordo com Oto Xavier, da Jox Assessoria Agropecuária.

Para evitar altas nos preços do boi gordo, os frigoríficos de São Paulo estão comprando gado do Triângulo Mineiro, sul do Mato Grosso do Sul, sul de Goiás e norte de Paraná. “Na maioria das vezes, mesmo com o frete é mais barato trazer os animais dos outros estados”, conta Ferraz. Os frigoríficos de São Paulo estão trabalhando com estoques entre oito e dez dias, adequados para a época do ano.

O analista da FNP estima que a pressão de baixa deverá ser reduzida a partir de agosto, quando começa de fato o período de entressafra. “Os meses de junho e julho são marcados pela transição da safra para a entressafra de boi gordo. A tendência é de estabilidade dos preços em agosto, elevação em setembro e pico de alta em novembro”, avalia Ferraz.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Chiara Quintão), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Humberto Luiz Wernersbach Filho disse:

    Com crise se cresce? Ou se cresce na crise? Eis a questão…

    Para uma maioria de pecuaristas e pecuária está em crise, por isso, acreditar na atividade agora é uma fria, certo?

    Na minha opinião essa afirmação está incorreta.

    Avaliar se a pecuária está ou não em crise não é somente avaliar preço de mercado, mas sim a conjectura do mesmo, como por exemplo: demanda de bezerros para reposição X disponibilidade reduzida de fêmeas no mercado devido ao alto abate.

    No médio prazo, o aumento indicado no consumo mundial de carne, principalmente nos países em desenvolvimento, que precisarão de carne em quantidade, qualidade e custo baixo (principalmente) e nesse aspecto é o Brasil que é capaz de fornecer esses parâmetros, enfim, são somente alguns aspectos que, na minha opinião, mostram que o produtor somente irá usufruir dos melhores momentos da pecuária se hoje ele enxergá-la como um negócio de futuro, ou seja, se cresce na crise…

  2. Sergio Caetano de Resende disse:

    A pecuária sempre foi e sempre será um bom negócio.

    A carne é o alimento mais rico e importante para o ser humano. O problema está na distribuição da riqueza advinda do consumo da carne.

    Historicamente, o produtor rural tem pouca capacidade de influenciar no preço da porteira.

    Vários fatores enfraquecem a posição do produtor rural na cadeia da carne.

    Dentre eles poderíamos destacar:
    – o interesse do Governo em manter o produto barato para o consumidor;
    – a manipulação do preço médio pago ao produtor;
    – a necessidade de vender o bovino por alto custo de estoque e
    descapitalização;
    – a falta de instrumentos de mercado para pressionar remuneração;
    – a remuneração garantida aos grandes produtores pelas indústrias e varejistas;
    – o controle da cadeia de produção, exportação e consumo pelos grandes produtores, industriais e varejistas; dentre outros.

    O Governo Federal, por suas Agências, tem competência para intervir na formação de preço da carne, considerando que, sem justa causa, existe uma grande transferência de riqueza dos pequenos pecuaristas para a indústria e varejo.

    A constitucionalidade da intervenção advém da hipossuficiência do pequeno pecuarista (seu volume de produção não interfere).