A queda dos preços dos fertilizantes nos últimos meses contribuiu para acelerar as compras do insumo feitas pelos agricultores no Brasil, segundo pesquisa trimestral da StoneX sobre o volume negociado de adubos no país, que acaba de ser divulgada.
Os brasileiros já negociaram 62% do volume de fertilizantes estimado para o primeiro semestre, o que representa um avanço de 21 pontos percentuais nos últimos três meses, indica o levantamento mais recente da consultoria, de fevereiro. No caso das compras previstas para o segundo semestre, as negociações chegam a 31%, ou 14 pontos percentuais a mais que em novembro passado.
Na média dos dois semestres, os agricultores já negociaram 43% da necessidade do país em 2023, diz Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria. O número é similar ao que Eduardo Monteiro, vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes, empresa que é líder do mercado de fertilizantes no país, apresentou ao Valor no fim do mês passado. Segundo ele, o segmento já comercializou 45% da necessidade dos produtores para este ano.
Embora o retrato atual da StoneX para o primeiro semestre mostre um avanço de apenas dois pontos percentuais em comparação com o ritmo de comercialização de fevereiro de 2022, esta é a primeira vez que o número mais recente do levantamento supera o de um ano antes desde o início da guerra na Ucrânia. A consultoria divulga suas pesquisas em fevereiro, maio, agosto e novembro. No caso das negociações para o segundo semestre, o atual patamar (31%) é 3 pontos percentuais o superior ao de fevereiro de 2022.
Mas a comercialização para o primeiro e o segundo semestres deste ano ainda não supera os volumes negociados há dois anos. Na comparação com fevereiro de 2021, quando os preços elevados dos grãos incentivaram a aquisição de insumos, a negociação para o primeiro semestre chegou a 76%, ou 14 pontos percentuais a mais do que o patamar atual). Já as compras para o segundo semestre daquele ano estavam em 43%, ou 12 pontos percentuais acima do ritmo atual.
“A principal conclusão é que há uma certa recuperação de ritmo acontecendo”, avalia Mello. Desde fevereiro do ano passado, o segmento de adubos foi afetado pela guerra na Ucrânia, que envolve Rússia e Belarus, dois dos maiores fornecedores globais do insumo. Como consequência direta do conflito, os preços de nitrogenados, fosfatados e potássicos (NPK) ultrapassaram a barreira de US$ 1 mil a tonelada em abril de 2022. Desde esse pico, as cotações recuaram cerca de 60% em dólares.
Mello que, com a elevação dos preços, os agricultores compraram menos adubo e passaram a esperar a queda das cotações para fechar novos negócios. Isso diminuiu a demanda pelo insumo no Brasil e em outros mercados importantes, como os Estados Unidos.
A pesquisa mostra, ainda, que no Centro-Oeste, que lidera a produção de soja no Brasil, as negociações do primeiro semestre deste ano chegam a 72% – no mesmo período de 2022, o volume chegou a 66%. Já as compras para o segundo semestre aumentaram 3 pontos percentuais, para 36%.
Fonte: Valor Econômico.