Os produtores de carne bovina da Austrália poderiam ganhar lucros extras de cerca de A$ 870 milhões (US$ 536,61 milhões) por ano se todas as barreiras comerciais no mercado mundial de carne bovina fossem removidas, segundo um relatório divulgado na quarta-feira.
O relatório sobre a liberação global no mercado de carne bovina, produzido pela Austrália englobando as principais nações produtoras de carne bovina, mostrou que a indústria de carnes dos Estados Unidos, a maior do mundo, alcançaria um ganho anual absoluto de A$ 1,1 bilhão (US$ 678,48 milhões) com o livre comércio.
O Brasil ganharia ainda mais – A$ 1,6 bilhão por ano (US$ 986,88 milhões). A Argentina, o Uruguai e o Paraguai alcançariam um ganho total de A$ 476 milhões (US$ 293,59 milhões), o Canadá de A$ 109 milhões (US$ 67,23 milhões), a Nova Zelândia de A$ 67 milhões (US$ 41,32 milhões) e o México de A$ 83 milhões (US$ 51,19 milhões), de acordo com o relatório australiano.
O relatório, coordenado pelo grupo Meat and Livestock Australia (MLA), foi produzido em nome do Grupo das Cinco Nações Produtoras de Carne Bovina, que inclui Austrália, Canadá, México, Nova Zelândia e EUA. Porém, líderes da indústria de carne bovina da Austrália, que divulgaram o relatório em uma conferência sobre commodities, disseram que estavam extremamente desapontados com os desenvolvimentos na Ronda de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) no que se refere às negociações de liberação comercial.
Os rascunhos de propostas de reformas recentemente produzidos pelo presidente de negociações agrícolas da OMC, Stuart Harbinson, favorecem muito os interesses protecionistas, de forma que são inaceitáveis para a indústria de carne bovina da Austrália, disse o gerente geral de planejamento econômico e serviços de mercado da MLA, Peter Barnard.
Protecionismo reduz ganhos
O relatório mostrou que os ganhos se reduziriam progressivamente com relação ao ideal do livre comércio para A$ 369 milhões (US$ 227,59 milhões) por ano para os Estados Unidos e A$ 93 milhões (US$ 57,36 milhões) por ano para a Austrália, com as propostas feitas pela União Européia (UE) na Ronda de Doha.
Barnard divulgou o relatório na conferência Outlook 2003 da Agência Australiana de Agricultura e Recursos Econômicos (ABARE), onde os palestrantes acusaram as propostas de Harbinson de favorecerem o protecionismo da UE.
Como o maior exportador mundial de carne bovina, a liberação comercial é vital para as possibilidades futuras da indústria de carne bovina australiana, segundo Barnard. Porém, em alguns mercados, as propostas de Harbinson produziram ganhos zero para o acesso da Austrália. “Esta é uma posição inaceitável para nossa indústria”.
É “quase certo” que a data final de 31 de março para o acordo nas modalidades ou princípios gerais para a reforma do comércio agrícola seja atrasada por causa das propostas de Harbinson, disse Barnard.
Barnard disse que a indústria de carne bovina da Austrália está otimista com relação às conversações entre a Austrália e os EUA sobre um Acordo de Livre Comércio (Free Trade Agreement – FTA), que produziria um volume extra de exportações de carne bovina da Austrália aos EUA.
Os produtores de carne bovina dos EUA, que estão entre os mais fortes oponentes do FTA com a Austrália, parecem estar modificando sua posição e dividindo os interesses da Austrália no que se refere à liberação comercial global.
Fonte: Reuters, adaptado por Equipe BeefPoint