Mercado Físico da Vaca – 26/08/10
26 de agosto de 2010
Barra do Garças (MT) recebe etapa do Circuito Boi Verde
30 de agosto de 2010

Greenpeace flagra rebanho em unidade de conservação

Seis meses depois do fim da operação Boi Pirata na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no Pará, uma grande quantidade de gado foi flagrada pastando ao lado de uma área queimada em uma das maiores Unidades de Conservação da Amazônia. A Boi Pirata foi criada justamente para expulsar o gado dessas unidades.

Seis meses depois do fim da operação Boi Pirata na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no Pará, uma grande quantidade de gado foi flagrada pastando ao lado de uma área queimada em uma das maiores Unidades de Conservação da Amazônia. A Boi Pirata foi criada justamente para expulsar o gado dessas unidades.

Ocupantes de área equivalente a quase oito vezes o tamanho da cidade de São Paulo haviam sido notificados a retirar todo o gado da reserva. Mas ele estava pastando dentro da Unidade de Conservação ao lado de novas áreas de queimadas, avalia André Muggiati, coordenador do Greenpeace.

Na semana passada, a Flona do Jamanxim teve seu território sobrevoado por uma equipe da ONG ambientalista. As fotos a que o Estado teve acesso foram feitas durante o sobrevoo. O gado estava mais ao centro, distante das fronteiras da floresta.

A Flona do Jamanxim é uma das unidades de conservação campeãs em queimadas na Amazônia, segundo boletim da ONG, baseado em dados dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre o final de julho e o dia 22 de agosto, foram detectados 885 focos de incêndio na Jamanxim.

“O gado deveria ter sido todo retirado”, reagiu ontem Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes, responsável por administrar as unidades de conservação do País. A presença de gado na reserva federal depois da passagem da operação Boi Pirata, segundo ele, é mais um lance do conflito que envolve a sobrevivência da reserva. “Há um confronto entre o Estado e ocupantes da Flona”, observou.

Na Flona do Jamanxim há uma guerra de números sobre o que se passa no local. O presidente do sindicato rural de Novo Progresso, Agamenon Menezes, disse que há mais de 100 mil cabeças de gado no interior da reserva. “Tiraram apenas umas 350 cabeças, o restante ninguém tirou não, é tudo fantasia”, disse Menezes, que também é representante da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará.

No balanço da operação Boi Pirata no Jamanxim, iniciada em julho de 2009, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contabilizou a retirada de 100 mil cabeças de gado, de forma voluntária, pelos proprietários. A apreensão de gado teria alcançado mil cabeças.

Ontem, o Ibama insistiu que o principal objetivo da operação foi atendido. Em um ano, o desmate na unidade caiu 93%. “Apesar da presença de gado remanescente, o desmatamento estancou”, disse Bruno Barbosa, coordenador-geral de fiscalização.

Apesar dos problemas para consolidar e fiscalizar a área de proteção ambiental na Flona do Jamanxim, o presidente do Instituto Chico Mendes revelou que o governo quer criar mais 1,5 milhão de hectares em novas unidades de conservação na Amazônia até o fim do ano. A extensão supera o tamanho da Jamanxim. Representa quase dez vezes a cidade de São Paulo. “Problemas não podem servir de desculpa para não criar novas unidades. O que não virar reserva vai se transformar em pasto”, justificou Mello. Ao mesmo tempo, projetos de lei no Congresso propõem a extinção de várias unidades já criadas. Censo do instituto no Jamanxim mostra que a área da reserva ainda é ocupada por posseiros, grileiros e proprietários legítimos de terras.

A matéria é de Marta Salomon, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.