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A ameaça de tarifas dos EUA lança dúvidas sobre o setor de carne bovina

Produtores de gado em toda a América do Norte estão apreensivos com a iminente posse do presidente eleito Donald Trump para seu segundo mandato.

Eles esperam que ele não leve adiante a ameaça de impor tarifas de 25% sobre todos os produtos vindos do Canadá e do México, além de uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações da China e uma tarifa de 100% sobre importações dos países do BRICS, que incluem Brasil, Rússia, Índia, China e diversas nações do Oriente Médio e Norte da África.

Se implementadas, mesmo em percentuais menores, essas tarifas podem aumentar significativamente os custos para empresas e consumidores nos EUA, Canadá e México, de acordo com economistas. Produtos agrícolas, incluindo carne, dos três países se tornariam mais difíceis de comercializar no exterior, ao mesmo tempo que aumentariam os custos para agricultores, fabricantes de alimentos e consumidores, segundo grupos da indústria agrícola dos EUA.

Se Canadá, México e China responderem com tarifas retaliatórias sobre as exportações de carne e aves dos EUA, isso poderia causar sérios danos a um comércio global vital para a indústria norte-americana.

O Impacto Econômico de Tarifas no Comércio Agrícola

O impacto econômico de tarifas seria imenso, dado o alto nível de integração econômica entre os três países da América do Norte. Em 2024, o México se tornou, pela primeira vez, o maior destino de exportações agrícolas dos EUA (US$ 30 bilhões), seguido pelo Canadá (US$ 29 bilhões) e pela China (US$ 25,7 bilhões).

Em 2023, os EUA importaram quase 17 milhões de toneladas de produtos agrícolas do México, no valor de US$ 45,5 bilhões, segundo dados do USDA. As principais categorias incluíram frutas e vegetais frescos (cerca de dois terços de todas as importações de vegetais dos EUA vêm do México), açúcar, laticínios e bebidas destiladas, como tequila. Por outro lado, o México importou 40,45 milhões de toneladas de produtos agrícolas dos EUA, no valor de US$ 28,6 bilhões. O México é o principal importador de milho e adoçantes à base de milho dos EUA, deixando os produtores de milho norte-americanos particularmente expostos a tarifas retaliatórias.

As importações agrícolas dos EUA vindas do Canadá em 2023 totalizaram 23,6 milhões de toneladas, no valor de US$ 40 bilhões, com os principais produtos incluindo carne bovina, carne suína, laticínios, aveia e óleo de canola.

Preços Altos para o Gado dos EUA e Perspectivas para 2025

Os produtores de gado dos EUA tiveram anos lucrativos, graças à redução do número de cabeças de gado e à forte demanda por carne bovina. Esses dois fatores provavelmente determinarão se 2025 será ainda melhor do que o ano anterior.

Entretanto, a imposição de tarifas pode ameaçar preços mais altos. Pode levar vários meses até que a América do Norte saiba com certeza se o presidente Trump cumprirá sua ameaça.

No ano passado, os preços de todas as categorias de gado bovino nos EUA atingiram níveis recordes. Os preços médios do gado vivo (Five-area steer) foram de US$ 411,56 por 100 quilos, um aumento de 6,3% em relação aos valores de 2023. O gado de engorda (Medium Frame No 1, Oklahoma City) atingiu uma média de US$ 555,57 por 100 quilos, um aumento de 15,3% em comparação com o ano anterior. Já as vacas de abate (Cutter 90% lean) registraram uma média de US$ 262,35 por 100 quilos, uma alta de 25,3% em relação aos valores de 2023.

Para 2025, espera-se que os preços médios do gado vivo fiquem ligeiramente abaixo de US$ 429,83 por 100 quilos, com uma produção de carne bovina estimada em cerca de 11,8 milhões de toneladas.

Reconstituição de Rebanhos e Produção em Declínio

A grande questão no lado da oferta será se os preços mais altos incentivarão os produtores de gado de corte a reter mais novilhas do que em 2024 e expandir significativamente seus rebanhos.

Três fatores potenciais podem limitar isso: seca generalizada, tarifas e um declínio repentino na demanda por carne bovina. Atualmente, a produção de carne bovina deve cair 5% em relação ao ano anterior, o que provavelmente pressionará os preços de varejo ainda mais para cima.

No setor de processamento de carne bovina dos EUA, um sinal claro de produção em declínio é o fechamento da planta de carne bovina da Tyson Foods em Emporia, Kansas, em 14 de fevereiro. Embora a planta não realize abates, ela já teve capacidade para processar 4.000 cabeças por dia antes de encerrar essas operações em 2008.

Analistas não preveem que outras plantas de abate de carne bovina de grande porte fechem em 2025, embora muitos processadores provavelmente continuem a operar com prejuízo devido à redução no número de cabeças de gado disponíveis.

Atualmente, pelo menos oito novas plantas estão planejadas, com uma capacidade declarada de abate superior a 9.000 cabeças por dia. No entanto, a maioria dos analistas duvida que grande parte dessa capacidade seja realmente concretizada.

Fonte: Beef Central, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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