Mercado Físico da Vaca – 18/08/09
18 de agosto de 2009
Mercados Futuros – 19/08/09
20 de agosto de 2009

A bovinocultura de corte brasileira na linha de tiro

A pecuária brasileira vive a ação de múltiplas frentes incógnitas dispostas a fomentar a desestruturação da produção. Seja desmotivando o consumo da carne bovina e/ou embargando os frigoríficos e os comerciantes, porém sempre com a alegação generalizada de enfoque ambiental.

A pecuária brasileira vive a ação de múltiplas frentes incógnitas dispostas a fomentar a desestruturação da produção. Seja desmotivando o consumo da carne bovina e/ou embargando os frigoríficos e os comerciantes, porém sempre com a alegação generalizada de enfoque ambiental.

A produção deve seguir os “Domínios Ecológicos Brasileiros” e não basear-se nos “Biomas do Brasil”, para que não ocorram surpresas onde quer que a bovinocultura se estabeleça de maneira legal, sem sofrer contestações de qualquer espécie, o que vem desqualificando a carne tanto para o consumo interno quanto prejudicando a exportação, como está acontecendo no momento.

Os biomas impostos se estendem erroneamente (como exemplo o da Mata Atlântica) e devem ser corrigidos, no tocante aos ecossistemas rurais tecnologicamente implantados. A pecuária bovina paranaense, em sua preponderância, está estabelecida no domínio ecológico de Florestas e Campos Meridionais, circunscritos por situações de campos naturais, mata de araucária, solo roxo, vermelho, amarelo, litólico, terra roxa estruturada e outros. Todos com capacidade produtiva apropriada ao desenvolvimento da agropecuária, e não naquele bioma Atlântico que abrange o Litoral até a Serra do Mar.

O mesmo deve estar acontecendo na chamada Amazônia Legal, ao serem esquecidos os milhões de hectares de campos e cerrados, no mal traçado “Biomas do Brasil”.

São mostradas estatísticas que não separam os animais exclusivos para a produção de leite dos animais de corte, como se todos tivessem igual aptidão, tornando a população bovina para carne, embora portentosa, maior do que realmente é. A simples separação do gado de corte na estatística oficial modificará substancialmente o índice de desfrute para o sistema preponderante de produção de carne com qualidade natural a pasto.

No passado foi preciso haver as “filas da carne”, para que a pecuária florescesse. Após os retrocessos havidos no passado, a pecuária teme que o mesmo ocorra no presente.

A desobediência civil não se constitui na única arma dos produtores rurais, mas também é arma a adoção de uma política de flexibilidade produtiva, cadenciando a oferta de bois em função de demanda e do retorno econômico.

Os preços anômalos, em plena entressafra, traduzem os óbices impostos por muitos – orquestrados por não sei quem – sem reconhecer a pujança tecnológica da bovinocultura de corte, impondo defeitos de toda ordem. Deixa transparecer que, em algum momento, a carne bovina apresentou problema de segurança alimentar, mesmo sabendo da qualidade superior dessa proteína em qualquer rincão brasileiro.

No preço final da carne descobriu-se que o maior vilão, pela ordem, é a alta tributação e a ponta final da comercialização.

Como o couro e outros subprodutos que davam sustentação aos abatedouros estão em crise, urgiu-se em socorrê-los para que não ocorresse o desabastecimento imposto pela quebra geral do comprador do boi pronto.

A intenção é manter o sistema produtivo combalido, sem forças para reagir, esperando que muitos desistam do negocio e desocupem o espaço, daí transcendem os aumentos das exigências nos índices de produtividade – mas ignoram que a intensificação produtiva usa de recursos não renováveis como o fósforo.

Com a diminuição tributária, a indústria sobrevive e lucra, descontando na compra do boi o valor correspondente ao couro o que se constitui em fator determinante para que o boi gordo não suba em plena entressafra.

O pecuarista, ao vender os animais no segundo quadrimestre de 2009, não recebe duas vezes pelo couro, sebo e outros subprodutos, já que houve contenção deliberada pela “colocação da botina”, achatando o preço da carne no varejo, com prejuízo ao pecuarista e reflexos negativos na oferta futura.

Diante disso, o prudente é não aumentar a oferta de bois para abate – em especial de gado confinado – para que possa haver alinhamento econômico evitando, sobretudo, que ocorra a falta do produto e o retorno das filas para compra de carne do passado.

0 Comments

  1. Marcio Trajano Borges Telles disse:

    Concordo com tudo o que escreveu .
    Onde estão as instituições ligadas á pecuaria.
    Sugiro na venda de cada animal que doemos r$1,00 pra finalidade de marketing e daí sentiremos o efeito e com certeza doaremos mais e mais pra este fim.
    Estão nos crucificando.
    Hoje existem jornalistas orquestrados por quem paga as campanhas por exemplo do frango a dizer muito mau da pecuaria , vamos reverter isto montemos uma empresa com esta finalidade ,arrecadar fundos pra marketing. Vamos agir rápido

  2. João Guilherme disse:

    Parabéns pelo artigo senhor Celso.
    É muito facil por a culpa na pecuária brasileira sobre qual quer tipo de desmatamento, muitos dos ambientalistas tem móveis em casa de madeira proibida,mais será que eles perguntam de onde que veiu aquela madeira quano vão compra-las? é muito mais facil por a culpa na pecuária do que fazer sua parte né? E desde a colonização onde o Brasil foi desmatado por imigrantes e levaram as riquesas da nossa terra, os mesmos hoje querem que paremos de produzir para manter o resto da mata que eles devastaram.
    O que falta para a pacuária é como o Marcio falou, falta marketing pois temos as melhores carnes do mundo e criados na maioria a pasto, transformando proteina de baixa qualidade em uma elevada proteina saudável e saborosa, então temos que erguer a bandeira da pecuária nacional, para que possamos sair da crise da ponta do lápis do custo do produtor e deixar de ouvir muitas barbaridades que falam da nossa carne.
    João Guilherme
    estudante de zootecnia

  3. celso de almeida gaudencio disse:

    Prezado Márcio na seqüência de artigos o intitulado A bovinocultura de corte brasileira na linha de tiro, foi elaborado para colaborar com o Primeiro Simpósio da Carne, da Associação Nacional de Produtores de Bovinos de Corte. Artigo que a BeefPoint teve a gentileza em divulgar.
    A colaboração foi com a intenção de unir os produtores de bovinos entorno de idéias e programação de ações.
    A associação inicialmente concebida para atender as necessidades regionais, já no momento da criação teve uma demanda dos participantes, para que tivesse abrangência maior, em função da necessidade de união dos produtores de carne.
    Dessa forma, sugiro que entre em contato com a presidência da ANPBC, indicado a região produtora, anpbc_londrina@yahoo.com.br, pois a mesma encontra-se em franca expansão. Celso

    http://www.anpbc.org.br

  4. João Francisco S. Vaz disse:

    O mundo passa por rápidas transformações.
    Aliás: “ultra-rápidas”!
    Conceitos estão sendo revistos e verdades questionadas.
    A Pecuária de Corte também!
    E, principalmente sua relação com o meio ambiente, notadamente a chamada “produção sustentável”!
    É natural que haja uma certa inquietação motivada por mudanças na legislação(reserva legal), aliadas às constantes exigências como rastreabilidade, bem estar animal e principalmente a “guerra dos mercados”, na qual a proteina vermelha sofre ataques constantes de seus concorrentes!
    Sempre disse que nossos Produtores(Gaúchos), em sua maioria só se mobilizam para evitar “invasões de propriedades”, e que existe um trabalho muito grande à ser feito no sentido de promover a Pecuária de Corte como um todo!
    A tributação à que são submetidas as indústrias da Carne no País é absurda, levando à oligopolização rápida, onde apenas meia dúzia de grandes Frigoríficos sobreviverão no Brasil.
    Então, o que temos à fazer é realmente: “cuidar melhor de nosso negócio”!
    Antes que seja tarde!

  5. celso de almeida gaudencio disse:

    A desobediência civil não se constitui na única arma dos produtores rurais, mas também é arma a adoção de uma política de flexibilidade produtiva, cadenciando a oferta de bois em função de demanda e do retorno econômico.
    Abordei que a diminuição da oferta do boi gordo é uma das armas para que ocorra retorno econômico, mas o governo se antecipa e se impõem ao aumentar o índice de produtividade, dessa forma só nos resta à desobediência civil, depositando em juízo os valores do ITR.
    Concluindo não há como cuidar do nosso negocio se as ameaças externas têm a força da foice e do martelo pela ação de um governo autocrático, em tem como objetivo não o meio ambiente, bem estar animal ou segurança alimentar e sim mudar de mão a titularidade das terras.

  6. BELCHIOR CRISTINO DE SOUZA disse:

    Concordo plenamente com Marcio Trajano, vamos investir pesado em Marketing, vamos mostrar quem é mais forte. vem de todo lado ONG, governo, etc. querendo prejudicar a pecuaria. Somos inteligentes vamos arrecardar fundos e fazer uma reviravolta.

  7. celso de almeida gaudencio disse:

    Prezados Belchior Cristino de Souza e Márcio Trajano Borges Telles foi com essa intenção a concepção da Associação Nacional de Produtores de Bovinos de Corte- ANPBC, criar mecanismos mercadológicos da carne bovina.

    Reconheço que nosso posicionamento em A bovinocultura de corte brasileira na linha de tiro, não apresenta solução plausível, pois preconiza cadenciar a oferta de bois em função de demanda e do retorno econômico.

    Mas o governo se antecipa e se impõem ao aumentar os índices de produtividades desapropriadores de terra.

    Nossa análise quadrimestral foi em vão.

plugins premium WordPress