Por Cilotér Borges Iribarrem1 e Sandro Al-Alam Elias2
A empresa familiar é a figura empresarial dominante na estrutura econômica da maioria dos países ocidentais.
No Brasil mais de 90% das empresas são familiares, 20,00% destas estão passando por processo de sucessão que demorarão de 3 a 5 anos para serem concluídos.
Em 1991, apenas 5,00% das empresas fundadas por famílias preparavam a geração seguinte, percentual este que vem aumentando nos últimos anos.
Nos Estados Unidos 3 de cada 10 empresas chegam a segunda geração e 1 na terceira geração, enquanto no Brasil 50% das empresas passam a segunda geração e desta 5% vão para terceira geração.
Uma das principais características da empresa familiar é o desejo de seu fundador e sucessores de que a propriedade e gestão da mesma se mantenha em mãos de família.
O que faz ser complexa a empresa familiar, são os estreitos vínculos existentes entre a família, a propriedade e a gestão do negócio, o que torna difícil administrar as relações familiares com as econômicas.
A família se considera com direitos sobre a empresa, tanto para trabalhar nela, como ter participação em seu capital ou para intervir e tomar decisões sobre sua gestão.
Uma elevada participação da família na gestão da empresa pode levar a desenvolver atitudes negativas, como empreguismo, falta de profissionalismo, resistência de outros membros da própria família e a falta de aptidão para operar no negócio.
No caso da agropecuária, quase 100% das empresas rurais são administradas por pessoas da família, muitas vezes sem uma preparação prévia dos critérios para a escolha dos gestores e da relação dos mesmos com os demais membros do núcleo familiar.
Com o crescimento da renda do agronegócio brasileiro associado à queda de rendimentos e do emprego no setor urbano, filhos que até agora não participavam da vida da empresa de seus pais, visualizam na mesma uma forma de aumentar os seus ganhos.
A conseqüência do desejo dos filhos que estavam fora da propriedade em querer participar da renda da mesma gera muitas vezes conflitos com pais e irmãos que participam do negócio.
A Safras & Cifras, que trabalha há mais de uma década na gestão econômica, financeira e tributária dos negócios das empresas rurais, vem observando um crescimento no nível de conflitos das famílias proprietárias destas empresas.
No setor agropecuário, os conflitos entre as pessoas da mesma família sempre existiram, mas em nível menor que os atuais, porque as áreas dos imóveis eram maiores, o número de famílias que tinham relações com a propriedade também era em menor quantidade, além da brutal queda de renda e falta de emprego no setor urbano.
Os conflitos familiares na maioria das vezes são as causas para as empresas familiares não terem sucesso.
Para diminuir os atritos e manter a continuidade das empresas familiares com sucesso é necessário tomar as seguintes decisões:
– Toda família deve conhecer como funciona a empresa;
– Pais devem preparar os filhos desde jovem, para pensarem em negócios e não somente em empregos;
– Pais não devem insistir para que todos os filhos participem dos negócios da empresa;
– Ter controles econômicos (fluxo de caixa, custos e orçamentos) e controles físicos da empresa;
– Reuniões formais com membros da família que participam do negócio;
– Comunicar em reuniões as decisões macros dos negócios aos demais familiares não participantes da gestão da empresa;
– Evitar a rotação na gestão da empresa.
Paralelamente a condução dos negócios da empresa familiar é fundamental que os pais preparem a continuidade da empresa evitando os obstáculos que poderão ocorrer na cessão do patrimônio via sucessão.
Toda a sucessão passa necessariamente por fatores econômicos e psicológicos.
No caso das empresas rurais a sucessão tem uma diferença bastante grande das empresas urbanas que é o envolvimento do fator de produção terra.
A terra no setor agropecuário é meio de produção, portanto a sua divisão física, a infraestrutura existente e a escala de produção são pontos extremamente importantes e que terão que estar muitos bem caracterizados e avaliados em um processo de sucessão para não inviabilizar a continuidade da empresa.
Fica claro que a gestão das empresas familiares passa por momentos distintos que deverão ser conduzidos com profissionalismo para que as mesmas sobrevivam.
As empresas familiares necessitam de uma gestão eficiente não só na administração do negócio, como na condução da mesma no momento da entrada dos filhos, posteriormente gerindo a relação família/empresa e por fim preparando a sucessão.
Atualmente existem várias formas de preparar a sucessão no aspecto legal e tributário que favoreça economicamente a transmissão mantendo a estrutura de produção e gestão que permita atender os desejos dos pais.
Todos os pais acreditam que exista um caminho certo e um errado, caminhos estes que muitas vezes não são os escolhidos pelos filhos.
O futuro da empresa familiar é criado pelo que você faz hoje e não pelo que deixa para fazer amanhã.
Para atingir os objetivos que todos os pais buscam que é a continuidade da empresa com sucesso e harmonia entre os membros da família é que a Safras & Cifras tem se dedicado em assessorar e orientar na gestão das empresas familiares no setor agropecuário brasileiro.
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1Cilotér Borges Iribarrem, Eng. Agr. Msc. Pós Graduado em Administração Rural e Economia. Sócio/Diretor da empresa SAFRAS & CIFRAS Assessoria e Consultoria Agropecuária, Contábil e Imobiliária
2Sandro Al-Alam Elias – Eng. Agr. e Administrador de Empresas, Especialista em Gestão Agropecuária, responsável pelo setor fundiário da SAFRAS & CIFRAS