A ACERTA, em audiência com o Ministro Reinhold Stephanes no último dia 17/07, pediu providências em relação ao incremento nas auditorias de campo e alertou para o risco do Sisbov apresentar inconformidades em missões internacionais com penalidades que podem inviabilizar a pecuária de corte brasileira.
A Diretoria Executiva da ACERTA entregou no dia 17/07 uma carta ao Ministro da Agricultura informando que o não cumprimento integral das regras do Sisbov por parte dos agentes envolvidos, por desconhecimento ou com ciência de causa, somado as dificuldades enfrentadas pela Coordenação do Sisbov na identificação e resolução de todos os problemas decorrentes, constitui sério risco ao setor. A carta da ACERTA alerta ainda que o Brasil sofreu auditoria da UE em março deste ano e muitos dos pontos críticos levantados não foram plenamente solucionados.
Nesse encontro o presidente da ACERTA, Vantuil Carneiro Sobrinho, solicitou ações urgentes por parte do MAPA no sentido de coibir o avanço e proliferação de antigos vícios do Sisbov. “É fundamental que o MAPA continue com um cronograma fiel de auditoria e que caminhe para uma definitiva profissionalização do setor. Empresas que não estão em condições de trabalhar como certificadoras e cumprir com todas as exigências impostas, devem se capacitar com urgência ou procurar outro ramo de atividade”, destaca Vantuil.
Foi colocado ainda nesta audiência a preocupação da ACERTA com o trâmite da possível transferência da Base Nacional de Dados para operação na iniciativa privada. Na visão do secretário executivo da Associação, Paulo Hora, a intenção de tornar a operação da BND mais dinâmica e funcional é interesse de toda a cadeia, mas esclarece que esse assunto ainda deverá ser muito discutido e não há nenhuma mudança prática do Sisbov a campo. “O produtor não tem com o que se preocupar, pois essa é uma discussão de definição de quem vai operar a Base de Dados e não de mudança de regra do Sistema” esclarece Paulo Hora.
“Mais importante e de maior urgência que esse debate é a correção dos processos incorretos a campo e punição dos infratores. Qual o resultado das auditorias do MAPA? Poderemos receber a Missão da UE em novembro, com um sistema bem controlado e implementado?”, complementa o secretário.
Em suma as principais solicitações feitas pela ACERTA ao Ministro foram:
1)BND: participação da ACERTA nas discussões referentes à transferência da BND para a iniciativa privada.
2)Auditorias: definição de prioridades claras nas auditorias a serem realizadas pelo MAPA em certificadoras, produtores e frigoríficos, bem como o aperfeiçoamento e padronização da metodologia utilizada. Apresentação dos resultados para o Comitê Técnico Consultivo do Sisbov.
3)Transparência: publicidade dos dados consolidados do Sisbov em relação a números de produtores, propriedades, certificadoras, fabricantes e animais envolvidos no sistema (animais vivos, solicitações de códigos, inclusões de animais e baixas/desligamento de animais).
As informações são da ACERTA.
10 Comments
Trabalho com a rastreabilidade desde a sua implantação. Sou defensor de que o novo sistema “aconteça”, mas não é o que sinto por parte dos pecuaristas que tenho contato.
Faltam informações simples, não de nossa parte, mas do MAPA, o que poderia facilmente ser veiculado em meios de comunicação de massa, haja visto que o governo gasta fortunas em coisas de menor importância. Informações estas muito simples, como por ex.: o porquê de existir a rastreabilidade e porque ela é desse jeito e não como eles querem. Eles só precisam entender isso, não da boca de quem acaba levando um certo benefício financeiro sobre o sistema, mas de alguém do governo.
Outra coisa que emperra e muito o sistema, são os famosos Documentos de Identificação Animal (DIA). Quem está no meio, seja técnico ou pecuarista, sabe que a abolição dos mesmos do sistema, só traria beneficios, entre eles, a aceitação da brincagem, pois não haveria mais dificuldades em “apartar animais” na hora do embarque.
Ou fazemos esse sistema dar certo, ou corremos sérios riscos.
Att
Carlos Henrique
Parabéns ACERTA, parabéns Vantuil, pois é claro que está escapulindo pelos dedos de novo o Sisbov. Concordo que certificadoras que não estão adequadas tem que sair do mercado e não fazer esta bagunça que estão provocando no Sisbov, não só elas mais também alguns frigoríficos.
Vantuil é de grande valia que vocês que estão no comando tomem essas providencias e a ACERTA passe também a auditar todas as certificadoras, pois temos prazos para cumprir e assim não iremos conseguir.
Parabéns, fico satisfeito pois trabalho no campo com rastreabilidade e tenho grande dificuldade de fazer um trabalho honesto.
Caro Vantuil,
Não há uma possibilidade de tirar DIA?
Porque é muito difícil para separar num pacote de 1000 DIAs acima, acho que seria uma grande solução para o pecuarista e frigoríficos.
Resposta do autor
Vantuil Carneiro sobrinho
Presidente da ACERTA.
Em resposta ao Sr. Carlos Henrique Pellizari Fernandes e ao Sr. José Leonardo Montes, gostaria de informar ao setor que existe a possibilidade de eliminação do DIA.
Notar que a IN 17 já prevê esta possibilidade no artigo 21 parágrafo 2o. como segue:
“O DIA poderá sr substituído pela Planilha de Identificação Individual, conforme Anexo XI, que é uma relação atualizada de animais identificados individualmente, contendo o numero e o código de barras elaborada e atualizada pela certificadora, e mantida na propriedade.”
Desta forma o produtor poderá optar por este tipo de documento ao invés do DIA.
A Certificadora poderá colocar essa planilha contendo os animais registrados no Sisbov, substituindo o DIA.
Parabéns Vantuil! Uma atitude muito positiva da ACERTA!
A dificuldade de todos nós, envolvidos na cadeia Sisbov é e será, aguardar pelo engessamento das decisões governamentais (tão conhecida por nós) em tomar decisões rápidas e corretas em prol da rastreabilidade e do mercado de carnes nacional.
O que é para hoje costuma ocorrer muito depois.
Se estivéssemos rastreando terneiros jovens, desde o início do Sisbov, hoje teríamos toda a boiada inserida no sistema. Porque não se fez isso?
Porque os governos estaduais não entram em cena?
O RS está tomando atitudes positivas, neste sentido, na pessoa do Secretário João Carlos Machado, fomentando a rastreabilidade local.
Gostaria de saber como funciona na prática a substituição do DIA pela planilha de identificação individual.
Atualmente não está sendo mais exigido a apresentação do DIA para emissão da GTA, o que já facilitou bastante, pois com isso elimina-se a necessidade de apartação prévia. Por outro lado no ato do embarque ainda é preciso separar os DIA dos animais que irão para o abate.
Mesmo trabalhando por lotes, em fazendas com grandes rebanhos, usualmente manuseamos uma grande quantidade de DIA´s que não raramente são danificados pela chuva, poeira etc., condições normais de operação de um curral, sem falar ainda da baixa qualidade do papel de impressão do DIA.
Não entendi se essa tal planilha seria preenchida na hora do embarque com o número do animal ou se a planilha fica na propriedade e o gado é embarcado só com a GTA?
Também não entendo a necessidade do DIA. Se a fazenda é certificada, se os animais são identificados individualmente, com um brinco e um bottom, qual a razão de mais um dificultador?
No aguardo,
Agradeço
Reposta do autor:
Sr. Jose Antonio de Avila Gimenes, o DIA pode ser substituido pela Planilha Anexo XI da seguinte maneira:
1.Primeiramente a sua certificadora deve apresentar ao Sisbov um modelo de Planilha Anexo XI – Identificação de animais, onde o número de Sisbov dos animais esteja expresso e ao lado desse número seja codificado em código de barras, conforme o artigo 21 e parágrafos da IN 17, para que o MAPA homologue ou pelo menos seja notificado que a certificadora esta apta a cumprir o determinado pela legislação acima citada.
2.Feito isto a sua certificadora colocará a sua disposição, “on line” um extrato de animais rastreados de sua propriedade, repito para maior clareza, com o número Sisbov individual de cada animal e correspondente código de barra, que o produtor poderá imprimir e utilizar.
3.O Sr. Entregando este extrato ao frigorífico acompanhado da GTA, dispensa o DIA.
4.Cabe ao produtor informar-se antes com o frigorífico, pois lamentavelmente ás vezes o frigorífico não consegue interpretar a legislação ao apresentar o extrato anexo XI e GTA para o SIF e por falta de comunicação pode ocorrer desclassificação. Portanto, mais uma vez repito, é necessário entendimento entre o produtor o frigorífico e o SIF antes de adotar esta prática.
5.Haverá ainda medidas a serem resolvidas entre o produtor e a certificadora, pois está coloca a disposição do produtor numa listagem “todos os animais”, se o arquivo for em PDF o Produtor só poderá imprimir a lista completa a cada impressão. Para que o produtor possa manipular a listagem o arquivo não poderá ser em PDF mas desta forma não haverá segurança pois numa manipulação errada o produtor poderá comprometer a lista da certificadora.
6.Finalmente o produtor poderá solicitar a listagem somente dos animais a serem abatidos, mas neste caso o produtor deverá fazer a leitura dos brincos para passar para a certificadora com uma certa antecedência para que a certificadora tenha tempo hábil para fazer a listagem, e este serviço leva um certo tempo e pode ser cobrado ou não pela certificadora.
O Produtor deverá fazer contas e verificar qual o seu melhor custo -beneficio, uma taxa por extrato ou a mão de obra de leitura de brincos e separação de DIA´s.
Finalmente o DIA pode ser dispensado pelo brinco eletrônico, mas neste caso a legislação solicita que o produtor, o transporte e o frigorífico tenham equipamentos que possam (ler) os chips eletrônicos para garantia de qual animal está sendo abatido.
Esperando ter dado um pouco de luz ao tema, coloco-me à disposição.
Vantuil Carneiro Sobrinho
Presidente da Acerta
Eu também estou preocupado pois nota-se que nem por parte dos pecuaristas e nem de algumas certificadoras e os seus técnicos não estão levando a sério esse novo modelo do Sisbov, precisa mesmo o governo tomar as rédeas e fiscalizar os irresponsáveis e puní-los, só assim teremos credibilidade lá fora para conquistarmos mais mercados.
O que será do pecuarista se o Brasil não exportar mais carne? Cuidado senão o tiro saí pela culatra.
Parabéns Vantuil.
Caros,
O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho, manifesta apoio às declarações do presidente da Acerta, Vantuil Carneiro Sobrinho.
A SRB informa que vem alertado governo e demais lideranças do setor sobre a possibilidade iminente de desqualificação do Brasil, como fornecedor de carne bovina, para a União Européia.
Em reunião com a veterinária-chefe para o Brasil na Comissão Européia em Bruxelas, Cristina Laso Sanz, durante viagem em que marcou presença na 75a. reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio, o presidente da SRB foi informado que se o Brasil não atender a um conjunto de exigências até 31/12/2007 corre risco de ter suspensa suas exportações para o bloco europeu. Os requisitos são: rastreabilidade; melhor controle e fiscalização das certificadoras; maior controle da Guia de Trânsito Animal (GTA) e combate à febre aftosa, em especial nas zonas fronteiriças.
Segundo Ramalho, o mercado europeu é referência para outros países importadores do produto brasileiro, bem como para possíveis novos clientes, e que por conta disso, merece extrema atenção. O presidente da SRB pontua que existe um apagão na rastreabilidade nacional, que patina em sua implementação há mais de cinco anos.
Ramalho ressalta que a proposta de repasse do Sisbov para a iniciativa privada não oferece total tranquilidade, já que, pelo que foi divulgado, somente parte será transferida. É, segundo ele, uma questão que requer decisão política maior. A exemplo da Acerta, a SRB está encaminhando correspondência ao Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Silas Brasileiro. O presidente da SRB frisa que é frustrante para o setor rural brasileiro ter que conviver com tanta incompetência e conclui expressando mais uma vez apoio a Acerta.
Senhores,
Esta discussão é válida, na medida em que as dúvidas e objeções vão sendo expostas. Porém, vejo um risco muito grande para o Sisbov nessa disputa egoísta e desproposital a respeito de quem o controlará. Entregá-lo a uma associação de criadores de uma determinada raça, que se preocupa mais com os seus associados (é lógico e justo), será temerário. Se o governo não tem condições de funcionar corretamente, então passe-o para uma instituição idônea. O correto será entregá-lo à supervisão e operação por parte da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, que engloba todos os segmentos do agronegócio. A CNA terá condições de exercer essa suspervisão e operação sem nenhuma suspeita e sem favorecimentos. É a minha opinião.
Carlos José Pedrosa
Parabenizo o Sr. Vantuil pela atitude e coragem que sei lhe ser peculiar, bem como o apreço que ilustre presidente tem pela integridade sua e da instituição. Mas por atuar no setor vejo em nome da concorrência comercial e muitas vezes com a conivência das credenciadoras e dos produtores o sistema ERAS sofre certas transgressões.
Parabéns