Pelo menos três acontecimentos importantes estão sendo divulgados pela imprensa nesta última semana de grande impacto para a cadeia da carne bovina.
O primeiro está relacionado com a decisão do senhor Ministro da Agricultura de promover uma divulgação e uma campanha agressiva sobre a qualidade da carne bovina brasileira na Europa, inclusive com contratação de especialistas europeus como fazedores de opinião. Trata-se de uma iniciativa que merece os mais altos elogios de todos os integrantes da cadeia da carne bovina, e por que não de todos os brasileiros que se preocupam com o desenvolvimento do país, tanto em termos econômicos como sociais. Precisamos de divisas, tanto para importar o que é essencial para o nosso desenvolvimento como para criar novos postos de trabalho e melhorar o nível de rendimento de nossos trabalhadores. Um aspecto importante que parece estar acontecendo é a ocupação de postos importantes do Ministério da Agricultura por pessoas competentes e do ramo, como é o caso recente da Secretaria de Produção e comercialização. Esperamos que essa tendência continue.
O segundo acontecimento está também relacionado à atuação do senhor Ministro da Agricultura, que é a proibição de importação de produtos vegetais de regiões da Argentina com focos de febre aftosa. Trata-se de uma decisão delicada quanto ao aspecto político por envolver um país vizinho e principal parceiro do Mercosul. Entretanto, tecnicamente, parece das mais acertadas, uma vez que, como é de conhecimento, o Brasil tem sofrido esse tipo de restrição por parte do Mercado Comum Europeu. O que pode estar faltando é uma posição clara da Organização Internacional de Epizootias (OIE) quanto a procedimentos ou regras básicas sobre movimentação de produtos de áreas afetadas pela febre aftosa, tanto dentro dos países com o problema como entre países. As autoridades argentinas ligadas à cadeia da carne bovina de seu país não teriam sido negligentes em esconder por tão longo tempo os focos de aftosa em seu território? As denúncias têm sido constantes desde o surgimento dos casos de febre aftosa no Estado do Rio Grande do Sul e no Uruguai.
O terceiro acontecimento está relacionado à decisão da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de desautorizar novas emissões de Contratos de Investimentos Coletivos (CIC) por parte da Empresa Fazendas Reunidas Boi Gordo S.A. Foi noticiado também que a referida empresa emitiu R$ 80 milhões irregularmente. Esse acontecimento é sem dúvida muito prejudicial à cadeia da carne bovina. A pergunta é, se verdadeira a suspeita de falta de lastro, não teria sido possível um alerta da CVM ou de outras autoridades competentes antes das emissões irregulares?