Visando esclarecer alguns empasses quanto aos questionamentos levantados sobre o relacionamento entre produtores e frigoríficos, com ênfase no rendimento de carcaça, e visando compartilhar conhecimento, o BeefPoint convidou em agosto de 2013 o pesquisador científico da APTA Regional Alta Mogiana (Colina/SP), Flávio Dutra de Resende, para escrever um artigo técnico-científico, com base em seu conhecimento e experimentos já realizados. Clique e confira o artigo na íntegra:
Por que não há uma padronização no rendimento de carcaça dos animais enviados ao abate?
Em 2014, para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:
Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais
Nos próximos dias, iremos publicar estas opiniões. Assim, confira a série, com 9 artigos, que o BeefPoint elaborou especialmente para você!
Confira o primeiro artigo da série:
Por Renato Galindo, gerente de Linhas Especiais do Grupo Marfrig
Esse talvez seja um dos temas mais relevantes e polêmicos na relação produtor e indústria, também amplamente discutido ano após ano entre produtores, associações de classes, frigoríficos e técnicos.
Creio que o maior problema esteja entre linha tênue que divide a confiança no relacionamento comercial e as inúmeras variáveis que influenciam o rendimento de carcaças.
Seguem alguns exemplos:
Poderíamos enumerar muitos outros exemplos de dificuldades numa operação dessas em grande escala. Mas o fato em si é que toda a polêmica gira em torno da confiança (ou a falta dela), pois a única forma de premiar genética, acabamento, eficiência no campo é analisando cada carcaça, e isso só é possível na balança do final do abate.
Assim como uma carcaça fraca não deveria ser remunerada como normal, e sim penalizada.
“Nuestros Hermanos Argentinos” apesar da lastimável situação do agronegócio atual, ainda mantém hábitos interessantes na comercialização de gado e carne. Se o produtor quiser vender no peso vivo há empresas consignatárias que compram mediante um desconto (desbaste) de 5% sobre o peso bruto e depois revendem aos frigoríficos no peso morto, essa diferença de rendimento (obviamente saindo do custo do produtor) mantém o negócio das consignatárias. Além disso vacas descarte e touros são negociados à preços de conserva (50% do valor do mercado), e os frigoríficos destinam essa carne somente para industrialização, não chega nas gondolas dos açougues.
Acreditamos que o melhor caminho são as alianças, a participação em programas de qualidade e premiação. Um exemplo de sucesso, é o Programa Fomento Angus Marfrig onde desde 2008 o produtor é premiado por qualidade, genética tanto para bezerros e garrotes, quanto em animais acabados no frigorífico.
A base de qualquer relação de compra e venda é a confiança, pois quem perdeu a confiança não tem mais o que perder.
Série de artigos elaborada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.
7 Comments
Parabens Sr. Renato Galindo , que sempre traz ótimos artigos a respeito da pecuaria de corte. Sou formado em Zootecnia e poucas vezes, mesmo em tempos academicos, tive tanto esclarecimentos na relaçao comercial entre produtores e frigorificos como nos seus artigos publicados.
Parabens a MARFRIG pela adoçao de parcerias e parabens tambem ao Beefpoint por trazer pessoas qualificadas para expor ideias, opinioes e esclarecimentos como os do Sr. Renato Galindo.
Pelos esclarecimentos do Sr Renato Galindo realmente fica difícil comprar nas fazendas pelo peso vivo…..quem sabe uma padronização de limpeza entre os frigoríficos onde tudo o que é musculatura mesmo após a desfola seja considerada…pois qualquer tipo de carne independente da qualidade; ela me pertence….mesmo porque toda a carcaça do animal é aproveitada…
Tudo isso é valido, mas o que incomoda o produtor é a transparência de padrão de toalete de industria frigorifica, temos que colocar o produtor apar da situação de linha de abate ( conhecer o abate), e a situação de RC final fica na condição real de abate, assim que padronizar o abate e vir ao publico e firmar associações e ministério a respeito limpeza de carcaça.
O ideal para esses elos da cadeia é que ambos saiam satisfeitos do negócio. No meu caso, trabalhamos com novilhas precoces, e o equilíbrio que alcançamos junto ao frigorífico é baseado no peso vivo, na proporção de 50% de RC compensando a diferença do real RC mediante a remuneração da @ sempre acima do valor de mercado. Como o animal percorre por volta de aproximadamente 20,5Km (entre a fazenda, balança e frigorífico) feitos na sua maioria em modal asfaltado, o transporte é rápido e o animal se desgasta menos que na maioria das fazendas da região. A proximidade fazenda/frigorífico nos permite deixar o gado já apartado num piquete específico e só fecha-lo momentos antes do embarque. Acredito que desta forma não só o produtor e o frigorífico ganham, mas o consumidor final também.
Porque o frigorífico não compra o boi no peso vivo nas fazendas…é por causa das dispesas de pesagens……..vou falar uma coisa o pecuarista prefere vender seus bois ou vacas com 1,00 real a menos por @ pesando em suas propriedades do que ele ir ao frigorífico………isso é o pensamento de 95% dos pecuaristas de hoje…..sei que é difícil fazer esse tipo de pesagens nas fazendas mas não é impossível, por isso que existem os intermediários onde eles pesam na fazenda e assumem o peso vivo……..porque não tercerizar as pesagens nas fazendas? ……um abraço e fiquem com deus.
Entendo que as grandes indústrias frigoríficas nacionais não desejem alterar a forma de comercialização atual, ou seja, comprar animais apenas no peso morto. É muito menos arriscado e muito mais lucrativo para eles manter desta forma e alegar uma série de dificuldades para comprar na balança de fazenda.
Temos vendido apenas no peso da nossa balança e recebido no dia do embarque e estamos muito mais satisfeitos assim. Nossos clientes também estão satisfeitos e continuam comprando sem nenhum problema. “If there is a will, there is a way”.
Este setor industrial (frigoríficos) está muito concentrado, em grande parte devido a desastrada atuação do governo do PT e do seu BNDES. Para nós, produtores, seria muito melhor uma indústria bastante segmentada.
Saudações,
João Bismarck
Muito esclarecedor e convincente até a questão dos pesos, porém, a remuneração repassada ao produtor, não condiz com o aproveitamento financeiro do mesmo sobre o animal. Sabemos que tudo se aproveita, mas somente o “cristal” do boi é pago ao pecuarista. Talvez se repassassem parte do “resto” haveria um satisfação maior e uma transparência na relação comercial. Se o frigorífico só paga pela carne, poderia comprar boi amputado, sem orelha, cego, sem rabo. Confiante que chegaremos em uma relação cada vez mais madura.