O bem-estar animal tem sido preocupação crescente entre pesquisadores, produtores e consumidores de todo o mundo que passaram a exigir com maior intensidade uma conduta humanitária no tratamento dos animais, no que diz respeito à produção, transporte e abate.
Assim, para mostrar o que está acontecendo de mais atual no Brasil e no mundo frente a área de bem-estar animal, na cadeia produtiva bovina, o BeefPoint preparou algumas entrevistas com diversos pecuaristas que já adotam medidas de manejo que visam as boas práticas de manejo, compartilhando casos de sucesso na pecuária de corte.
Confira abaixo, o caso de sucesso do Rancho da Matinha, de propriedade de Luciano Borges Ribeiro, em Uberaba – MG:
Luciano Borges Ribeiro, tem 66 anos, é engenheiro civil de formação e pecuarista por opção. Vem de uma família que há pelo menos 5 gerações tem trabalhado com a pecuária, seja ela de seleção ou comercial.
A convivência diária com os animais desde a menoridade fez com Luciano Borges dedicasse grande parte da sua vida à seleção de animais geneticamente superiores.
BeefPoint: Por favor, conte sobre o trabalho que vem desenvolvendo na área de bovinocultura de corte e bem-estar animal na sua propriedade.
Luciano Borges: A Matinha é uma fazenda de seleção e melhoramento genético de bovinos da raça Nelore. Uma das características que faz parte do nosso foco de seleção é o temperamento. Há aproximadamente 15 anos iniciamos a seleção de animais menos reativos, mais fáceis de serem manejados, que é positivo tanto para o bem-estar do animal, que não fica estressado durante os manejos rotineiros, quanto para a segurança dos vaqueiros, diminuindo dessa forma a possibilidade de acidentes no trabalho.
Acreditamos que é de grande importância que os vaqueiros tenham noção básica do comportamento dos animais, sendo que isto possibilita realizar manejos mais adequados.
BeefPoint: Quais técnicas/práticas você desempenha em sua fazenda que resultou em bons resultados, quando o tema é bem-estar animal?
Luciano Borges: Aqui na Matinha temos avaliado a reatividade de todos os animais logo após a desmama. Nossa avaliação é subjetiva e mede o comportamento de cada animal frente à aproximação de uma pessoa. Aqueles animais que apresentam acentuada alteração de comportamento não permanecem no rebanho. Também temos tentado evitar o uso de touros que reconhecidamente produzem animais de alta reatividade.
BeefPoint: Conte para nós qual a aceitabilidade de sua equipe quanto às técnicas de bem-estar animal? Como é feito o treinamento de seus funcionários?
Luciano Borges: Periodicamente temos promovido o treinamento de manejo racional para os funcionários que lidam com o gado. Com participação especial do professor Mateus Paranhos da Costa e do Grupo ETCO, sendo que a BEA Consultoria tem realizado esses cursos.
De início a equipe de vaqueiros apresentou resistência à mudança das práticas de manejo, que tem diminuindo ao longo do tempo. Entretanto o permanente monitoramento tem sido necessário para que não haja retorno às velhas práticas habituais.
BeefPoint: Quais instalações de sua propriedade são adequadas para as técnicas de bem-estar?
Luciano Borges: As instalações são um ponto chave para as práticas de bem-estar animal, e quando adequadas otimizam o serviço. Nossa infraestrutura para o manejo do gado tem como ponto positivo sua localização, a maior parte dos animais não precisam se locomover por grandes distancias.
Nosso curral tem pisos com frisamentos e texturas, seringa com espaço redutível e áreas laterais do brete e da seringa sem frestas.
Outro ponto observado nas instalações são as condições de limpeza, procurando manter o local sempre livre de detritos e lavado.
BeefPoint: Por que decidiu adotar medidas de bem-estar animal em sua propriedade? Teve o apoio de alguma empresa e/ou profissional da área?
Luciano Borges: Em primeiro lugar acreditamos que bem-estar animal é fator de produção, o qual gera tamanha melhora no desempenho do rebanho e sem dúvida reduz custos. Além disso, também acreditamos que cada vez mais o mercado estará buscando e valorizando animais de melhor temperamento.
BeefPoint: O que a sua propriedade difere das demais? As que utilizam boas práticas de manejo e as que não utilizam?
Luciano Borges: A cada geração nossos animais têm evoluído em termos de temperamento e facilidade de manejo.
Acreditamos que hoje nosso rebanho deve ser um dos melhores rebanhos Nelore nessa característica. Esta afirmação tem base em comparação à outras fazendas que temos tido oportunidade de visitar, entretanto é difícil falar de outros quando não se vive o dia-dia das mesmas.
BeefPoint: Em relação ao manejo de bovinos, quais os erros mais comuns cometidos em sua propriedade?
Luciano Borges: Os erros mais comuns decorrem do esquecimento do comportamento animal. É muito importante estar permanentemente conscientizando os vaqueiros sobre o campo de visão, audição, ponto de equilíbrio e zona de fuga dos animais. A falta de observação dessas características tem sido a maior fonte de erros em nosso manejo.
BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas que pretendem praticar técnicas relacionadas ao bem-estar animal?
Luciano Borges: As técnicas atualmente utilizadas são de grande eficiência, com certeza trazem consideráveis benefícios econômicos, tanto no aumento de produtividade do rebanho, na conservação das instalações, bem como na segurança dos vaqueiros. Adotar essas técnicas é sem dúvida uma maneira de melhorar os resultados da propriedade.
Confira algumas imagens do Rancho da Matinha:
Comentário BeefPoint:
Se você também quiser compartilhar seu caso de sucesso na área de bem-estar animal, ou conhece alguma fazenda destaque para entrevistarmos, nos envie um comentário com seu nome e e-mail; bem como o nome da fazenda e região, e e-mail da mesma.
1 Comment
Na minha fazenda não faço mais manejo. Levar o gado ao curral é só prejuízo, o gado machuca, estressa e diminuí a vontade de cruzar. Uso produtos para tratar verminose e a mosca no cocho, para mim essa é a melhor maneira. Fechar gado no curral só pra aftosa.