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Agronegócio além do voto precisa de atitude

O nosso volume de negócios é responsável por um terço do PIB, quase a metade das exportações, gerando também um terço dos empregos do pais, primeiros exportadores mundiais em vários segmentos, atendendo o enorme mercado interno com preços acessíveis a todos os brasileiros, nossa estabilidade e os nossos direitos de propriedade estão sendo ameaçados por uma legislação florestal e índices de produtividade desconexos da realidade econômica que transformam, com um passe de mágica, as nossas fazendas em 150 milhões de hectares de terras irregulares e susceptíveis de serem desapropriadas. Continuamos calados e sem manifestar-nos. Continuamos esperando resolver o impasse no qual estamos com o IBAMA, INCRA e o Ministério de Desenvolvimento Agrário sem perceber que a força das nossas lideranças depende, não só do voto, mas de nossa participação e da coragem para participar do novo cenário de mudanças da agenda do próximo governo.

As análises mais simples permitem detectar importantes aspectos do comércio exterior do agronegócio brasileiro. Em primeiro lugar, verifica-se que, como exportador, o agronegócio como um todo prossegue com força, vendendo volumes crescentes ano a ano. Os preços no mercado externo continuam favoráveis e em ascensão, sinalizando boas perspectivas apesar de algumas turbulências, conseqüência de práticas econômicas recessivas em alguns países ou inflacionárias na maioria deles. O nosso volume de negócios é responsável por um terço do PIB, quase a metade das exportações, gerando também um terço dos empregos do pais, primeiros exportadores mundiais em vários segmentos, atendendo o enorme mercado interno com preços acessíveis a todos os brasileiros, nossa estabilidade e os nossos direitos de propriedade estão sendo ameaçados por uma legislação florestal e índices de produtividade desconexos da realidade econômica que transformam, com um passe de mágica, as nossas fazendas em 150 milhões de hectares de terras irregulares e susceptíveis de serem desapropriadas. Continuamos calados e sem manifestar-nos.

Continuamos esperando resolver o impasse no qual estamos com o IBAMA, INCRA e o Ministério de Desenvolvimento Agrário sem perceber que a força das nossas lideranças depende, não só do voto, mas de nossa participação e da coragem para participar do novo cenário de mudanças da agenda do próximo governo.

É necessário admitir que continuamos vivendo sob uma fachada de harmonia e tranqüilidade provinciana cada um na sua fazenda sem perceber a amplitude do problema e, na realidade, formamos parte de uma sociedade contraditória. É espantoso como ao longo dos últimos anos uma elite relativamente pequena de políticos que conquistou o poder como detentora da ética e da moralidade tem ditado as regras e calado os anseios dos agricultores e pecuaristas, salvo honrosas exceções, submersos em uma indiferença generalizada. Partes destas contradições são produzidas por promessas de oportunidades passadas, que são negadas pela realidade presente de descriminação do agronegócio empresarial, violência nas invasões das nossas propriedades, autoritarismo, descaso com os bens públicos, malversação dos impostos pagos pela comunidade e incapacidade de administrar o bem-estar de todos.

Porém, a contradição decisiva é entre uma reputação de nosso povo de generosidade pessoal e o fato de ter que viver em uma sociedade desigual sem expressar um direito garantido pela nossa constituição: O VOTO.

Este é o fundamento dos independentes que podem decidir o futuro da nação em outubro de 2010. Somos um conjunto de cidadãos apartidários, que devem unir-se pelo sentimento ético de querer mudar o país e para isto precisamos ser cidadãos participativos dos destinos de nossa sociedade. Não é suficiente votar por uma mudança, é necessário mudar o voto da comunidade que sem opinar é conivente com as imoralidades estampadas diariamente nos jornais. Manifestar-se de forma positiva, tomar posição, ocupar espaços que nos são de direito, estar vigilantes para que os recursos que geramos através dos impostos sejam aplicados de forma transparente e coerente, visando às verdadeiras necessidades do país.

Finalmente nós, somos muito diferentes de todas as outras comunidades do Novo Mundo, na nossa origem, na miscigenação de raças e na nossa história, porém as desigualdades e vulnerabilidades típicas do terceiro mundo permanecem. Mesmo aceitando todas as melhorias na macro-economia do país, não podemos deixar de ressaltar que o PIB do setor primário, insumos, indústria e distribuição do setor agropecuário continuam sendo o carro chefe da economia brasileira e que no futuro as demandas mundiais exigiram ainda mais do agronegócio, por tanto precisamos ser tratados como o que verdadeiramente somos, cidadãos que merecem simplesmente o seu direito de produzir.

Apenas uma coisa é certa: para sermos verdadeiramente diferentes temos que fazer acontecer, precisamos continuar praticando a nossa vocação natural de produzir alimentos e exportar a cada dia mais, pois temos a maior reserva de terra agricultável do mundo e, antes de tudo, precisamos traduzir diferentes opiniões do clamor do setor que vai da mão calejada do lavrador que planta a semente à mão do trader que comercializa nosso produto.

Precisamos não só votar conscientemente por mudanças, mas participar destas mudanças que o Brasil precisa e dizer não à insanidade de criar um código florestal e índices de produtividade que não levam em consideração o momento econômico em que vivemos, mas que atentam contra o direito de propriedade pisoteado nas ilegalidades e abusos abrigados no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH).

0 Comments

  1. Jucelino dos Reis disse:

    Caro Senhor Pineda.
    Parabéns pelo excelente artigo. Penso como o senhor.
    Estou perplexo, está chegando o dia em que o Relatório do Deputado Aldo Rebelo (diga-se muito justo) vai ser votado e não vejo mobilização alguma do nosso lado. Do outro lado, (comunas) por certo haverá manifestação da minoria barulhenta.
    Não vejo deputados ruralistas, sindicatos, Sociedades Rurais, Federações, CNA, Cooperativas, mobilizando seus filiados, a se fazerem presente de forma esmagadora em Brasília, no dia da votação. Se nós não comparecer-mos, eles comparecerão, e a mídia lá estará para mostrá-los.
    Chegou o momento de fazer o que os agricultores franceses fizeram em Paris, ainda que, com objetivos diferentes. Acho que já passou da hora de levar-mos nossos cavalos, bois, vacas, tratores, colheitadeiras etc… para a Praça dos Três Poderes.
    Vamos lá ?

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Nelson Pineda,

    Parábens pela lucidez e coragem. O produtor não deve apenas aguardar calado pela ação de suas lideranças políticas ou setoriais. Deve apoiar objetivamente estas lideranças. E deve se manifestar nos foruns existentes sobre os temas que lhe digam respeito sempre que possível. A revisão do Código Florestal é imprescindível. Viru uma colcha de retalhos que ninguém consegue entender ou cumprir. O direito de propriedade assegurado pela Constituição deve ser respeitado. A legislação de um país não pode estar completamente dissociada de sua realidade e necessidades. Sempre que isto ocorre faz necessária uma revisão legal.

    Att,

  3. Nelson Pineda disse:

    Prezado Jucelino,
    Prezado José Ricardo,

    Muito obrigado pelas suas palavras. Vejam como precisamos de atitude. Recentemente o proprio Ministerio Publico lançou a campanha Carne Legal, colocando todos nos sob o prisma da ilegalidade. Nosos dirigentes ainda estão tentando articular uma resposta e nos pecuaristas continuamos como se não fosse conosco. Precisamos de atitude, valeu suas cartas são dos poucos que mostram que dentro da nossa classe existe sim atitude.
    Atenciosamente,
    Nelson Pineda

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