Altas taxas de lotação não significam degradação física do solo

Uma das principais críticas feitas à intensificação do uso de pastagens é o risco de degradação física do solo. Algumas pessoas acreditam que, com o aumento da taxa de lotação, a pressão exercida pelos cascos dos animais acarreta na desestruturação dos agregados e favorece os processos de compactação e erosão do solo.

Devido à importância da qualidade física do solo para o desenvolvimento das plantas, Costa et al. (2005) realizou um estudo para verificar o efeito do pastejo intensivo sobre o tamanho e a estabilidade dos agregados do solo. Esta característica influencia a infiltração e retenção de água, a aeração e a resistência à penetração de raízes no solo.

O experimento foi realizado em uma área de capim – tanzânia irrigado na fazenda modelo da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. O solo do local foi classificado como latossolo vermelho distrófico. As avaliações foram realizadas em um piquete utilizado há três anos sob pastejo rotacionado com ciclo de pastejo de 24 dias. A taxa de lotação média na área era de 5 a 6 UA/ha no período chuvoso e 2 a 3 UA/ha no período seco. Os autores coletaram amostras indeformadas do solo com 2,5 cm de profundidade nas áreas ocupadas por touceiras e entre as touceiras, os resultados foram comparados com amostras coletadas em áreas de mata. Após as coletas, as amostras foram processadas em laboratório e a distribuição dos agregados por tamanho foi determinada com o auxílio de peneiras.

A Figura 1 mostra uma melhor agregação do solo na área sob pastagem que na área de mata; 51% dos agregados são maiores que 2 mm na área sob mata, enquanto 66% (entre – touceiras) a 69% (touceiras) dos agregados encontrados nas área de capim -tanzânia apresentaram diâmetro maior que 2 mm (Costa et al., 2005). Dados de literatura citados pelos autores sugerem que o maior percentual de agregados grandes no solo sob pastagens esteja relacionado ao desenvolvimento de raízes e hifas de fungo.


Figura 1. Distribuição dos agregados do solo por tamanho em área de mata e em pastagem de capim – tanzânia (na touceira e entre as touceiras). (Adaptado de Costa et al., 2005)

Comentários:

Muitas pessoas temem implantar sistemas de pastejo intensivo, pois acreditam que o aumento da taxa de lotação irá determinar a degradação física do solo. O trabalho de Costa et al. (2005) mostra que esta idéia é equivocada; em áreas de pastagem intensiva bem manejada ocorre melhoria das características físicas na camada superficial do solo.

Referência Bibliográfica:

COSTA, A.R.; OLIVEIRA, G.C.; SEVERIANO, E.C. Avaliação das alterações estruturais em um Latossolo Vermelho distrófico típico sob pastejo rotacionado na microrregião de Goiânia – GO (compact disck). In: Reunião Anual da SBZ, 42, 2005, Goiás, GO.

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Patrícia Menezes Santos, engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste
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