O mercado do boi gordo trabalha em ambiente firme. Há pouco gado disponível para abate e as cotações voltaram a reagir em várias praças, como pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1. Variações das cotações do boi gordo, em reais, ao longo da última semana
De acordo com levantamentos da Scot Consultoria, em 2004 foram confinadas 1,85 milhão de cabeças bovinas. O semiconfinamento agrupou 2,80 milhões de cabeças. Este ano o confinamento caiu 18%, para 1,51 milhão de cabeças. Já o semiconfinamento ficou em cerca de 2,58 milhões de cabeças, uma retração de 20%.
Os preços relativamente baixos do boi gordo, o aumento dos custos de produção e os veranicos, que em algumas regiões comprometeram a produção de volumosos complementares, fizeram com que o produtor investisse menos.
Como reflexo os frigoríficos enfrentam, hoje, sérias dificuldades para adquirir matéria-prima. Além do mais, a seca, que vinha castigando algumas praças, provocou o atraso da chegada do boi de pasto.
Assim, os preços voltaram a reagir. Em São Paulo, por exemplo, já retornaram aos patamares anteriores à aftosa, como pode ser observado na figura 1.
Figura 1. Boi gordo em SP nas últimas semanas – R$/@ a prazo
Mediante a valorização da arroba no Estado, talvez eles retomem as compras no Triângulo Mineiro e Sul de Goiás, o que não vinham fazendo em função da proximidade dos preços. O boi de fora precisa valer, pelo menos, R$2,00/@ a menos para compensar o frete de busca.
Caso isso aconteça, as pressões podem aliviar um pouco em São Paulo. Na outra ponta, em função do aumento da concorrência, o ambiente pode ser tornar mais favorável à valorização dos animais goianos e mineiros.
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Há uma grande necessidade de se explorar melhor o mercado interno, uma vez que o consumo per capita não ultrapassa 30 Kg por habiante, sendo que na Argentina esse numero chega a casa dos 65 Kg por habitante.
O surgimento dos focos de febre aftosa ocorrerão num momento onde as exportações tendem a diminuir por causa da chegada da estação fria no hemisfério norte. O valor defasado pago à arroba do boi, aliado aos demais processos, já era um motivo para que ocorresse uma significativa falta queda na oferta de animais para abate. Os casos de febre aftosa vieram para atenuar mais este fato.
Creio que com uma política séria de combate a esta epizootia, somada a um bom programa de marketing de maior desova de carne para consumo interno, trabalhando melhor o atravessador e o produto chegando com preços condizentes ao bolso do consumidor, logo haverá uma estabilidade de mercado do carne em grande parte de sua cadeia produtiva.
Atenciosamente,
Walker Ricarte
Zootecnista