Mais uma semana de preços estáveis no mercado físico do boi gordo. Foram poucas as alterações registradas, sendo a maioria negativa (safra). O equilíbrio entre oferta e demanda e a firmeza dos preços do atacado vinham garantindo a sustentação das cotações da arroba.
Contudo, alguns fatores já começam a perturbar o “sossego” do mercado. Como se sabe, a partir do próximo dia 15 toda carne bovina brasileira direcionada à exportação, independente do destino, deverá, obrigatoriamente, portar certificado de origem.
Assim, os frigoríficos exportadores se mostram bastante ativos. Buscam gado rastreado em qualquer lugar (andam mais de mil quilômetros atrás de boi), mas “torcem o nariz” para os animais não cadastrados no SISBOV. Muitos interromperam as compras desse tipo mercadoria, outros praticam deságios pesados (R$2,00/@ a menos).
Em muitas regiões (pólos exportadores), o gado não rastreado vem sendo considerado mercadoria de segunda, e a tendência é essa mesmo. Primeiro, porque o boi rastreado está aparecendo, a ponto dos grandes frigoríficos trabalharem com escalas, às vezes, superiores à uma semana. Depois, o mercado interno está fraco, com consumo em queda, e o atacado já trabalha com tendência de baixa.
O clima também prega algumas peças. No Pará as chuvas fortes ainda dificultam a chegada dos animais aos frigoríficos, fazendo com que pipoquem negócios acima do preço referência para boiadas localizadas nas proximidades das unidades de abate.
Já no Rio Grande do Sul a seca, além do avanço da agricultura, pressiona o produtor a negociar os animais, deixando o mercado ofertado. As cotações caíram, e os compradores sinalizam novos recuos para os próximos dias, principalmente para os animais não rastreados.
Contudo, se o atacado realmente voltar a trabalhar em baixa, e começar a sobrar gado não rastreado no mercado, a sustentação dos preços pode ficar ameaçada em algumas regiões.