As cotações do boi gordo permaneceram estáveis na maioria das praças pesquisadas. No entanto, em algumas regiões, tornaram a cair. Veja a tabela 1.
Tabela 1. Variações das cotações da arroba do boi gordo ao longo da última semana.
As ofertas de animais terminados permanecem relativamente elevadas em boa parte do país, com destaque para o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, detentores de 25% do rebanho nacional.
É verdade que em algumas regiões a disponibilidade de animais terminados já diminuiu bem. É o caso do extremo Sul do país, Paraná, São Paulo e Sul de Goiás. Entretanto, ao menos por enquanto, não é suficiente para promover a recuperação dos preços.
No Rio Grande do Sul e no Paraná os frigoríficos têm promovido a redução do volume de abates diários, ou até mesmo falhas, a fim de sustentar as escalas, que em alguns casos encolheram para 3 dias.
Já em São Paulo o boi de fora do Estado e os primeiros lotes de confinamento, que já começam a surgir, permitem que os grandes compradores trabalhem com escalas de até 10 dias. Veja só: praticamente não tem boi dentro do Estado, mas as escalas dos frigoríficos paulistas estão entre as mais longas do país. Tanto que os preços caíram.
O boi gordo em São Paulo vale, hoje, algo entre R$54,00/@ e R$54,50/@, a prazo, para descontar o Funrural. Analisando os preços médios mensais, corrigidos pelo IGP-DI, tal cotação já está baixo dos R$54,58/@ de junho de 1996, até então o valor mais baixo da história.
Veja na tabela 2 as variações das cotações da arroba desde dezembro de 2004, mês do pico na maioria das praças. Elas, literalmente, despencaram.
Tabela 2. Variações das cotações do boi gordo em R$/@, a prazo.
E as perspectivas não são nada animadoras. Na BM&F, por exemplo, os contratos de outubro e novembro já não alcançam os R$60,00/@.
Com base na variação média observada entre os períodos de safra e entressafra, ao longo dos últimos 10 anos, a cotação do boi gordo poderia chegar a R$61,50/@, a prazo, para descontar o Funrural, no pico da entressafra deste ano, em São Paulo.
Essa seria uma cotação remuneradora? Não, claro que não, e o produtor bem sabe disso. Só para se ter uma idéia, o custo médio do confinamento este ano, para São Paulo e praças vizinhas, está em torno de R$63,83/@.
Esse, realmente, não tem sido um ano fácil.
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Apesar de ser um pequeno produtor rural, em Luz (MG), tenho acompanhado a comercialização da carne, na fazenda, nos jornais e, principalmente, no site BeefPoint.
Sempre fiquei perplexo. Tenho tido prejuízos, na produção de carne, como a maioria dos produtores.
Na análise semanal de 29.06.2005, o zootecnista Dr. Fabiano afirmou que o custo de produção da arroba de boi confinado é superior ao preço de venda e que o preço futuro será, também, inferior aos custos. Mesmo assim, há previsão de aumento do número de bois confinados neste ano.
Ora, essa conta não fecha. Por isso tenho refletido sobre essa situação e cheguei a algumas conclusões que poderiam explicar, em parte, essa transferência de riquezas do campo para as cidades.
Isto é, essa situação em que o produtor rural transfere para o setor de transformação (frigoríficos) e comércio (exportadores, supermercados e açougues), indevidamente, parte de suas riquezas (prejuízo).
Os grandes produtores têm remuneração garantida pelo setor de transformação e comércio. Por que ninguém planeja e investe em confinamento sabendo que teria prejuízo, num sistema econômico de alta remuneração ao capital especulativo.
Isso significa que a cotação da carne não reflete a realidade. Isso gera várias conseqüências: os produtores rurais ficam resignados e entregam sua produção por preço baixo, mesmo com prejuízo; o setor da indústria e comércio, além de baixo custo da matéria prima, pagam menos tributos; bem remunerados, os grandes produtores garantem o fornecimento.
Tal estratégia é antiga no mercado do leite, por meio das cotas e quantidade.