Em uma iniciativa inédita, a Associação Brasileira de Angus dará início, neste mês de novembro, a uma nova etapa no sistema de certificação de carne no país. A proposta consiste, não apenas em atestar o padrão das carcaças, mas dedicar-se à avaliação da qualidade da carne em critérios como PH, cor e grau de marmoreio em escala comercial.
A iniciativa está sendo realizada em conjunto com a VPJ Pecuária, que estampará o selo Angus Gold em seus rótulos da linha VPJ Angus Black, que conterá exclusivamente produtos qualificados para o selo a partir das próximas semanas. A pretensão é que outras indústrias também passem a adotar o processo e a qualificar algumas marcas para a nova categoria.
O projeto foi lançado sábado (28/10) durante o 20º Leilão VPJ Genética, em Jaguariúna (SP).
“O Programa Carne Angus tem um perfil de vanguarda. Estamos sempre preocupados em inovar e promover a evolução da pecuária nacional. O lançamento do selo Angus Gold, primeira iniciativa em escala comercial a realizar avaliações qualitativas na carne após o abate, marca um novo passo na cadeia da carne brasileira” frisa o diretor do Programa Carne Angus, Reynaldo Salvador.
Segundo o pecuarista Valdomiro Poliselli Junior, presidente do Grupo VPJ, a certificação é resultado de um trabalho focado em abate de animais superprecoces.
“Essa iniciativa da Angus é muito importante porque vai direcionar para o consumidor as diferentes linhas e a possibilidade que a raça Angus tem de produzir carnes diferenciadas. Todas as carnes do Programa Carne Angus são precoces. As da linha Gold são precoces e têm marmoreio diferenciado”, frisou. Ele conta que a VPJ iniciou a classificação na desossa e verificou que, muitas vezes, lotes terminados na mesma condição apresentavam diferença na gordura entremeada. “Foi então que passamos a buscar animais de mais marmoreio por meio de genética de maior potencial para ganho de peso e com uso de mais grãos no confinamento”.
Segundo o gerente do Programa Carne Angus, Fábio Medeiros, este é um conceito totalmente inovador no mercado brasileiro porque refina os padrões de qualidade a níveis de alto desempenho, seguindo o modelo dos Estados Unidos. Até então, explica ele, o Programa Carne Angus brasileiro usava critérios como padrão racial, idade e grau de acabamento de carcaça para alinhar animais no conceito Premium.
Agora, os cortes que estamparem o selo Gold terão avaliações sobre PH (máximo de 5,79) e também o grau de marmoreio de cada animal com base em um régua de padrões utilizada pelo USDA, mesmo empregado pelo programa norte-americano de carne Angus. “Nossa expectativa é que, no médio prazo, 20% dos cortes certificados pelo Programa Carne Angus também tenham o selo Gold”, informa Medeiros.
As operações da VPJ de avaliação de carne serão supervisionadas pela médica veterinária Lenise Mueller da Silveira, mestre e doutoranda pela USP. Segundo ela, é uma honra presenciar de perto um passo tão importante para a pecuária nacional. “É o caminho que estávamos precisando. Já produzimos quantidade, mas precisamos melhorar sempre a qualidade para agregar valor”.
Como acontece a certificação
A carne que receberá o selo Angus Gold tem origem em animais dente de leite castrados e fêmeas com mínimo de 50% de genética Angus e acabamento uniforme de gordura. Estão fora machos inteiros, que seguem sendo aceitos pelo Carne Angus na modalidade Premium. Atendidos os critérios de idade e grau de acabamento, a carcaça candidata a “Gold” vai para resfriamento.
Após 24 horas na câmara fria, é cortada ao meio para que possa ser feito teste de PH e análise do grau de marmoreio e cor. Passando por todos os exames, o animal recebe o selo Gold. Exemplares que não sejam classificados no novo critério seguem na categoria Premium, que atualmente caracteriza o Carne Angus.
Fonte: Associação Brasileira de Angus, adaptada pela Equipe BeefPoint.