A Polícia Federal passou a integrar a força-tarefa que isola o extremo sul de Mato Grosso do Sul, na região de Eldorado, onde foi detectado foco de febre aftosa.
De acordo com a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), agentes federais trabalham com policiais militares, integrantes do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e técnicos da agência sanitária para evitar que gado paraguaio entre em solo brasileiro e para investigar a origem do foco.
Além de possíveis falhas na vacinação, quatro hipóteses de origem do foco foram levantadas. A Iagro, segundo o diretor-presidente João Crisóstomo Cavallero, trabalha com a possibilidade de a doença ter vindo em gado contrabandeado do Paraguai. Ele também considera possível que tenha havido uma mutação do vírus, que estaria imune às vacinas.
A Abiec levantou a possibilidade de bioterrorismo e recebeu apoio de pecuaristas da região, que acreditam que o vírus pode ter sido implantado de forma criminosa na fazenda Vezozzo, em Eldorado, onde há o foco.
A acusação de infecção criminosa foi reforçada por uma das proprietárias, Mariza Vezozzo, que disse ter ficado surpresa com a doença porque, segundo ela, todo o gado da fazenda foi vacinado. “A fazenda trabalha com técnicas avançadas de manuseio de gado, tem acompanhamento integral de veterinários e tem a tradição de 40 anos na pecuária”.
Em Eldorado, segundo a prefeita Mara Caseiro (PDT), surgiu a suspeita de que a aftosa teria origem na fazenda Macuco, que tem um acampamento de trabalhadores rurais sem-terra. O coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Mato Grosso do Sul, Jair Rodrigues, disse que o movimento recebeu a acusação com indignação e que não há gado no local.
Segundo Rodrigues, o MST tem um assentamento em Itaquiraí, próximo a Eldorado, mas ele também não teria cabeças de gado. “Só em Japorã, temos cerca de 200 cabeças de gado. Se o caso da fazenda Santo Antônio [onde há suspeita de aftosa], que fica naquele município, for confirmado, vamos nos manifestar sobre o caso”, diz o coordenador do MST.
Em Brasília, o governador Zeca do PT afirmou que “os focos da doença registrados nos últimos seis anos foram sempre próximos à fronteira com o Paraguai e sempre com o mesmo tipo de vírus, isso não pode ser apenas coincidência”.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Ana Raquel Copetti), adaptado por Equipe BeefPoint
0 Comments
Os focos de Febre aftosa coincidiram com regiões de assentamentos de sem-terra (Jóia-RS e agora MS).