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Arantes: credores aprovam plano de recuperação

A maioria dos credores do grupo Arantes aprovou, em assembleia realizada ontem em São José do Rio Preto/SP, o novo plano de recuperação judicial da empresa. Na quarta tentativa de acordo, 66% dos credores do frigorífico aprovaram o texto, que sofreu mudanças propostas pelos pecuaristas. Aprovado o plano, o próximo passo do Arantes será promover uma reestruturação e preparar uma nova emissão de títulos no valor de até R$ 65 milhões.

A maioria dos credores do grupo Arantes aprovou, em assembleia realizada ontem em São José do Rio Preto/SP, o novo plano de recuperação judicial da empresa. Na quarta tentativa de acordo, 66% dos credores do frigorífico aprovaram o texto, que sofreu mudanças propostas pelos pecuaristas. No que diz respeito ao pagamento das instituições financeiras, que representam mais de 90% da dívida do Arantes, não houve alterações em relação ao texto original.

Aprovado o plano, o próximo passo do Arantes será promover uma reestruturação e preparar uma nova emissão de títulos no valor de até R$ 65 milhões.

Uma das propostas do frigorífico apresentadas no plano condicionava o pagamento aos pecuaristas à venda de imóveis, o que levantou preocupações da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) devido à falta de liquidez do patrimônio do frigorífico e em razão das diversas disputas judiciais nas quais a empresa está inserida. Hoje, durante a assembleia, o representante da entidade, Marcos Rosa, solicitou que o pagamento não estivesse diretamente ligado aos imóveis. O pedido foi atendido.

“Desatrelamos o recebimento dos imóveis. Ficou definido que o pagamento será feito em dinheiro, em prazo de até 12 meses, a partir da aprovação do plano”, afirmou Rosa. Ele destacou, porém, que o plano prevê que o dinheiro seja “preferencialmente” obtido com a venda de imóveis. De acordo com o advogado Thomas Felsberg, da Felsberg Associados – escritório que representa o Arantes -, o grupo possui imóveis não operacionais avaliados em R$ 100 milhões. A dívida do Arantes com os pecuaristas é de aproximadamente R$ 20 milhões.

Outro ponto positivo destacado por Rosa nos últimos meses de negociação entre o frigorífico e os pecuaristas refere-se à garantia de correção monetária do valor devido aos criadores pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI), desde a homologação do pedido de recuperação judicial, em 9 de janeiro de 2009.

Para o representante da Acrimat, o resultado da assembleia de hoje pode ser considerado bom para os pecuaristas, especialmente quando comparado às demais propostas feitas a outros credores. “Alguns fornecedores vão receber em até quatro anos, sendo dois anos de carência”, disse.

A totalidade dos credores trabalhistas aderiu à proposta do Arantes, assim como 100% dos credores com garantia real. Entre os credores quirografários, os sem garantia, o índice de aprovação foi de 65%. Além da venda de ativos e pagamento integral aos credores com garantia real e fornecedores estratégicos, como os pecuaristas, o plano do Arantes prevê a criação de uma nova empresa – batizada temporariamente de Nova Arantes – e uma capitalização de R$ 65 milhões.

Segundo Felsberg, o Arantes prepara uma emissão de novos títulos para captar esses recursos. Ele afirmou que esses títulos também poderão ser subscritos por terceiros, não apenas por credores. “Esse papel será oferecido ao mercado e há demanda por ele, inclusive fora do Brasil”, afirmou. Aprovado o plano, agora o Arantes deve contratar um agente financeiro para estruturar essa emissão. O advogado acredita que essa operação possa estar finalizada dentro de três meses.

O objetivo dessa injeção de recursos é dar condições ao Arantes para operar em um nível de faturamento previsto no plano de recuperação e que viabilize o pagamento aos credores. A dívida total do Arantes soma aproximadamente R$ 1,3 bilhão.

Antes de lançar os títulos no mercado, no entanto, o Arantes deve promover uma reestruturação, com a criação da nova empresa. Para isso, realizará mudanças na estrutura de governança corporativa, tornando a gestão profissionalizada. “Esse processo não vai durar 90 dias”, garante Feslberg.

O pedido de recuperação judicial do Arantes, foi feito há um ano e dez dias, no fórum de Nova Monte Verde (MT), mas o processo foi enviado, por determinação da Justiça, para São José do Rio Preto. A Arantes tem oito unidades de abate de bovinos e quatro de embutidos. A capacidade instalada de abate da companhia é de 5,5 mil cabeças de gado e de 253 mil aves por dia.

As informações são da Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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