Esporte e Lazer na Roça
2 de maio de 2002
Importação de carne afeta mercado mexicano
6 de maio de 2002

Argentina dificulta melhora nas exportações de carnes do Uruguai

A recuperação das exportações de carne do Uruguai, que foram bastante afetadas no ano passado devido ao surgimento de focos de febre aftosa, é considerada fundamental para a recuperação da castigada economia do país. No entanto, as exportações estão avançando muito lentamente devido à dura competição com a Argentina, sobretudo no mercado europeu.

O governo de Jorge Battle, que está tendo que enfrentar as conseqüências, na economia uruguaia, derivadas da crise argentina, está confiante de que, no segundo semestre deste ano, o setor de carnes impulsionará a economia, apesar da perspectiva mais pessimista de alguns analistas do setor.

Uma fonte oficial do setor disse que o Uruguai está recuperando os mercados após a crise da febre aftosa, mas os baixos preços com que a carne bovina argentina está entrando no mercado, devido à depreciação de cerca de 70% de sua moeda, em 4 meses, estão sendo obstáculos às exportações uruguaias.

A esta preocupação soma-se o fato da União Européia (UE), principal mercado de exportação de ambos os países, ter aumentado temporariamente a Cota Hilton da Argentina, que permite a entrada de carne de alta qualidade.

“A Argentina está sendo um competidor muito complicado, porque tem preços muito baixos, em um momento em que estamos competindo quase pelos mesmos mercados. A única diferença agora é que nós temos o mercado de exportação do Chile, e eles não”, disse o presidente do Instituto Nacional de Carnes (INAC) – órgão que controla o comércio interno e externo de todo tipo de carne e derivados no Uruguai -, Roberto Vázquez Platero.

Para os dois países, a UE é vital porque, ao perder no ano passado seu precioso status de país livre de febre aftosa sem vacinação, perderam também os cobiçados mercados do Canadá, Estados Unidos e México, que ainda não permitem a compra de carne fresca do Uruguai e da Argentina.

A luta pelo mercado europeu

“O Uruguai está vendo com muita preocupação o tema do aumento da Cota Hilton da Argentina, porque nos deixa praticamente fora da competição na Europa”. A cota argentina passou de 28 mil toneladas para 38 mil, aumento que terá vigência somente até o meio do próximo ano, enquanto que o Uruguai permaneceu com 6,3 mil toneladas.

Ambos os países são grandes exportadores de carne bovina de alta qualidade e, considerando que a economia argentina é 15 vezes maior do que a do Uruguai, este país prevê exportar, este ano, cerca de 200 mil toneladas, a metade do seu vizinho.

Platero disse que, considerando-se as cotas de cada país com relação ao volume exportado por eles, o Uruguai deveria reclamar também um aumento similar. “O aumento da cota é uma decisão política inspirada em alguns países como Espanha, Alemanha, que têm interesses na Argentina e querem ajudá-la. Tudo bem que seja assim, mas seria justo que os competidores da Argentina, como o Uruguai, também tivessem mecanismos para facilitar o livre comércio”.

O Uruguai, em recessão deste 1999, é o país que mais sofreu influências da crise argentina, não somente por menores vendas a este mercado, mas também, em seu rendimento no setor de turismo e até mesmo em seu normalmente sólido sistema financeiro, devido a problemas em dois dos principais bancos vinculados ao mercado argentino.

Fonte: Reuters (por Anahí Rama), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.