Argentina: Governo tenta conter aumento dos preços da carne

Em um claro sinal de que não deixará de exercer um controle rígido sobre as exportações de carne, o secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, avisou que, a partir dessa semana, todas as solicitações de permissões para exportar carnes deverão ser feitas no prédio onde está sua secretaria.

“Ele nos disse que, a partir de segunda-feira, teremos que tramitar tanto os pré-ROE (registros de operações de exportação), como os ROE na Secretaria de Comércio Interior”, disse uma fonte que participou do encontro.

Com essa medida, Moreno busca um maior controle sobre as vendas de carne ao exterior, apesar de estas estarem em baixa. Segundo um informe da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes (CICCRA), as exportações do setor foram, nos primeiros três meses de 2011, de 40.095 toneladas peso produto (carne sem osso). Isso representou uma queda de 41% com relação ao mesmo período de 2010.

A decisão de limitar as exportações de carne contrasta com outra medida do próprio Moreno, que busca incentivar as vendas externas de setores que, para ele, deveriam equilibrar sua balança comercial externa, como os supermercados.

Os pré-ROE são um trâmite inventado por Moreno como passo anterior aos ROE e consistem no fato de a empresa dever demonstrar ter cumprido com o abastecimento interno para que o funcionário depois a habilite com o pedido de ROE para exportar.

Até agora, nos escritórios da Secretaria, no edifício de sua sede, eram tramitados os pré-ROE, enquanto que os ROE eram tramitados nos despachos da antiga Oficina Nacional de Controle Comercial Agropecuário (ONCCA). Com a dissolução da ONCCA, em fevereiro, e sua substituição pela Unidade de Coordenação e Avaliação de Subsídios ao Consumo Interno (Ucesci), esse último organismo absorveu a maioria das funções do anterior, como a distribuição dos subsídios. Outra fonte que participou da reunião com Moreno disse que a Ucesci também estará no mesmo prédio onde fica a Secretaria de Comércio Interior e onde serão feitos os trâmites dos pré-ROE e dos ROE.

Enquanto Moreno busca um maior controle sobre os trâmites administrativos de exportação, para seguir regulando de fato o setor, os preços da carne na Argentina não dão trégua. Segundo o informe da CICCRA, a carne ao consumidor subiu em 6,5% em média em março e essa porcentagem se repetiu em abril. No entanto, o gado em pé também seguiu com uma tendência de alta. De acordo com o informe, no primeiro quadrimestre de 2011, registrou um aumento médio de 10,2% com relação ao mesmo período do ano anterior.

Ao contrário, os abates, o consumo e a produção de carnes seguem mostrando sensíveis baixas. No primeiro trimestre de 2011, o consumo de carne bovina por habitante ficou em 56,3 quilos por ano. Isso representa uma queda de 14,8% com relação á média dos últimos 12 meses. Do lado da oferta de carne, nos últimos 12 meses, diminuiu em 74.500 toneladas medidas em carcaça com osso.

Por último, os abates também seguem em queda livre. “Em fevereiro, foram abatidas apenas 845.000 cabeças e, em março, cerca de 923.000 cabeças. Em ambos os casos, foram os segundos piores registros dos respectivos meses dos últimos 12 meses”, disse o informe.

A reportagem é do La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.