O mercado físico do boi gordo dá sinais de que os pecuaristas estão conseguindo segurar de maneira mais efetiva o gado, indica a Agrifatto. A consultoria afirma que a arroba do boi subiu 1% na terça-feira (3/4) em Mato Grosso do Sul, na comparação diária, para R$ 219,90.
Na B3, a maioria dos contratos continua se valorizando. O vencimento para abril de 2024 terminou cotado a R$ 231,85 por arroba, um aumento de 0,74% no dia.
Em relação à demanda por carne, o mercado varejista projeta um crescimento sazonal do consumo doméstico na primeira quinzena do mês, devido ao pagamento de salários. No entanto, os pedidos para reposição de estoques do varejo ainda se mostram “praticamente inexistentes”, na leitura da Agrifatto.
As carcaças casada dos macho castrado e do inteiro estão cotadas a R$ 16 e R$ 15 por quilo, respectivamente.
No entanto, apesar da alta momentânea, a ampla oferta de gado terminado, impulsionada pelo descarte de fêmeas, deve continuar pressionando as cotações do boi gordo, escreveram os analistas Felipe Sawaia e Tomás Pernías, da StoneX, em relatório.
O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que a arroba do boi gordo negociado em São Paulo caiu 9,4% desde a virada do ano, cotada a R$ 228,60.
Segundo eles, os patamares de preço do bezerro não têm sido suficientes para estimular a retenção de fêmeas, e o pecuarista brasileiro demonstra desinteresse em ampliar o rebanho após as quedas dos valores da arroba em 2023.
A demora para a chegada das chuvas no fim de 2023 postergou a formação de pastagens e a engorda de animais. Por conta disso, o gado que deveria ter sido disponibilizado nos primeiros meses do ano deve chegar ao mercado daqui para frente. “Isso pode manter a oferta de animais relativamente elevada no curto prazo, dificultando a consolidação de teses altistas”, avaliam os analistas da Stonex.
Agora, o aumento do volume de chuva em praças importantes pode ajudar o produtor rural a segurar o gado no pasto e reduzir custos com a engorda dos animais.
Sawaia e Pernías afirmam que a expectativa de parte do setor produtivo de uma redução da oferta de gado não deve se concretizar. “Até o presente momento, 2024 dá mais sinais de continuidade do que de uma virada do ciclo”, dizem.
Segundo eles, a melhora da relação de troca entre o boi e os animais de reposição, verificada no final de 2023, somada ao barateamento do milho, que trouxe uma redução dos custos nutricionais envolvidos no regime intensivo, é uma combinação que pode favorecer o aumento dos animais em confinamento no Brasil.
A StoneX avalia que o ritmo de compra de gado pelos frigoríficos “não impressiona”. No mercado interno, não há perspectiva clara de um aumento no consumo de carne, e as indústrias têm optado por recompor as suas escalas apenas na medida de suas necessidades mais imediatas.
Mas o cenário de longo prazo é positivo: reduções na taxa de desemprego e o aumento da renda média no Brasil são fatores possivelmente benéficos para o setor.
Outra notícia positiva para o pecuarista é que as exportações vão bem, superando os volumes embarcados no mesmo período do ano passado.
A expectativa é que as exportações aumentem na segunda metade do ano, com a China se abastecendo para festividades locais. No entanto, a consultoria diz que os efeitos da desaceleração da economia chinesa sobre as importações de proteína são um ponto de atenção.
As novas habilitações de frigoríficos brasileiros pela China e a abertura de novos mercados para a carne brasileira criam um sentimento de otimismo no mercado, dizem os analistas.
Fonte: Globo Rural.