A arroba do boi gordo subiu de R$ 48,00 a R$ 50,00 para R$ 52,00 a R$ 53,00, nos últimos 15 dias, aliviando a pressão sobre os pecuaristas goianos, que já não conseguiam sequer empatar os custos de produção. Para o coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, na verdade o que está acontecendo é uma antecipação da escassez de boi de pasto, que antes só ocorria do final de julho em diante.
Nogueira argumentou que esse “buraco” na oferta de animais de corte era inevitável, tendo em vista que a própria evolução da pecuária de corte leva ao abate de animais cada vez mais jovens. “Então, era de se esperar que em algum momento teria que ocorrer esse descompasso na oferta de boi de pasto”, disse, lembrando que essa situação deve perdurar pelo menos até final de agosto, quando começa chegar ao mercado o boi semi-confinado e, depois, o confinado.
Para o coordenador do Fórum, os próprios frigoríficos foram surpreendidos pela escassez de animais para abate, “pois estavam acostumados a uma avalance de ofertas nessa época do ano”, quando o pecuarista descartava seus estoques para evitar perda de peso com a chegada do frio.
De acordo com Nogueira, a sazonalidade no setor tende a desaparecer nos próximos anos, tanto pela modernização da pecuária de corte, que incorpora rapidamente novas tecnologias, como pela profissionalização do pecuarista, que assessorado pelas entidades do setor, se mostra mais interessado em acompanhar os movimentos do mercado.
Para ele a diversificação dos mercados brasileiros no exterior também contribui para o equilíbrio do setor, que também deixa de estar sujeito à sazonalidade da demanda nos países europeus.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, a reação dos preços do boi gordo traz de volta o ânimo aos produtores, que já não tinham como fazer frente às constantes e exageradas altas dos insumos. “A sinalização é de uma recuperação dos preços reais da carne que, esperamos, possam estar bem mais elevados a partir de agosto”, disse, lembrando que as cotações atuais, quando consideradas em dólar, ainda estão muito defasadas em relação à média histórica, que é de aproximadamente US$ 20 para essa época do ano.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne), José Magno Pato considerou normal para esse período, tanto a redução na oferta de animais, como a elevação dos preços. “E se não vai subir mais é porque o poder aquisitivo da população brasileira não permite. É uma ingenuidade se achar que quando o preço do boi cai é por vontade deliberada dos frigoríficos”, alfinetou.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint