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Atualização sobre o vírus da febre aftosa sorotipo O na Alemanha

Em 10 de janeiro, a Alemanha confirmou seu primeiro surto de febre aftosa (FMDV) desde 1988. O surto foi detectado em um rebanho de búfalos-d’água no distrito de Märkisch-Oderland, em Brandemburgo, próximo a Berlim.

“Os búfalos-d’água, introduzidos na Alemanha na década de 1990, são criados para a produção de leite, carne e manutenção de pastagens”, de acordo com um resumo elaborado pela equipe do Centro de Saúde Animal e Segurança Alimentar (CAHFS). O documento foi preparado para o Centro de Informações sobre Saúde Suína (SHIC) como parte dos Relatórios Globais de Monitoramento de Doenças Suínas do SHIC.

Pontos-chave:

  • No rebanho afetado, três búfalos infectados morreram, e o restante do rebanho, composto por 11 animais, foi abatido para conter a doença.
  • As autoridades implementaram medidas rigorosas de controle, incluindo o estabelecimento de uma zona de exclusão de 3 km e uma zona de monitoramento de 10 km, além de investigações para determinar a origem e a rota da infecção.
  • Ações imediatas incluíram o abate de todos os animais suscetíveis em um raio de 1 km, abrangendo uma fazenda com 170 porcos e outra com 55 cabras, ovelhas e três bovinos como precaução.
  • Foi imposto um embargo ao transporte de gado em todo o estado de Brandemburgo, posteriormente estendido a Berlim, com duração mínima de 72 horas.
  • A coleta de amostras de animais em um raio de 3 km está em andamento para avaliar a disseminação do surto.

Sorotipo O

O Instituto Friedrich Loeffler (FLI) identificou o vírus da febre aftosa como sorotipo O, uma cepa comumente encontrada no Oriente Médio e na Ásia. Contudo, a rota exata de entrada do vírus permanece desconhecida, segundo o relatório.

“A fazenda afetada opera de forma orgânica, utilizando apenas seu próprio feno como alimento. O surto destaca o risco contínuo de introdução da febre aftosa na UE por meio de comércio ilegal e movimentação de produtos de origem animal relacionados a viagens em regiões endêmicas”, explica o relatório.

A Alemanha, anteriormente reconhecida como livre de febre aftosa junto com a União Europeia, perdeu esse status, desencadeando restrições comerciais. Em consequência, a Coreia do Sul proibiu a importação de carne suína alemã e colocou 360 toneladas importadas desde 27 de dezembro em quarentena para testes.

Durante a Feira Agrícola Green Week, realizada em Berlim, animais de casco fendido foram excluídos para mitigar riscos. Nos Países Baixos, 125 fazendas que recentemente importaram bezerros de Brandemburgo foram obrigadas a suspender suas operações, e uma paralisação nacional no transporte de bezerros foi implementada até 19 de janeiro. As importações de bezerros de Brandemburgo também foram proibidas.

As exportações para países dentro do mercado único da União Europeia continuam possíveis para produtos originados fora das zonas restritas, sob o princípio de regionalização.

O banco de antígenos da Alemanha para febre aftosa, criado para emergências como esta, possui vacinas específicas para sorotipos e pode produzi-las em poucos dias, conforme o relatório. As vacinas devem ser precisamente adaptadas ao sorotipo específico, pois vacinas contra outras cepas são ineficazes.

Sobre a Febre Aftosa

A febre aftosa afeta animais de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Embora altamente contagiosa, ela causa sintomas graves, incluindo febre, bolhas dolorosas, redução na produção de leite e perdas econômicas significativas para os agricultores.

A doença não representa um risco direto à saúde humana, mas é importante observar que pessoas podem atuar como vetores do vírus por meio de roupas, calçados ou equipamentos contaminados.

“Surto passados na Europa, como no Reino Unido (2007) e na Bulgária (2011), resultaram no abate extensivo de animais para controlar a doença”, afirma o relatório. “O surto atual ressalta a importância de medidas de biossegurança, resposta rápida e vigilância para proteger a agricultura e o gado dessa doença economicamente devastadora.”


Resumo de Novos Sorotipos do Vírus da Febre Aftosa em Novos Territórios (2022 até hoje):

2022

  • Egito: Cepas sul-americanas A/EURO-SA e O/EURO-SA isoladas de amostras testadas pelo Laboratório de Referência Mundial (WRLFMD).
  • Líbia: Detecção do vírus O/EA-3, uma cepa da África Oriental.
  • Iraque: Identificação do vírus SAT2/XIV, relacionado a cepas da Etiópia, causando doenças clínicas mais graves.
  • Jordânia: Relato do vírus SAT2/XIV, também relacionado a cepas da Etiópia.
  • Turquia: Relato inicial do vírus SAT2/XIV.

2023

  • Catar: Relato inicial do vírus SAT1/I, com identidade genética próxima a uma cepa do Quênia.
  • Argélia: Detecção do vírus SAT2/V pela primeira vez. Cepas dessa linhagem foram encontradas pela última vez em Gana (1991), Togo (1990) e Costa do Marfim (1990).

2024

  • Líbia: Nova incursão do vírus O/EA-3, endêmico na África Oriental.
  • Turquia: Reemergência de uma cepa original do Irã, FMDV A/ASIA/Iran-05FAR-11.

2025

  • Alemanha: Recorrência de febre aftosa após 37 anos. O Laboratório Nacional de Referência do FLI confirmou o sorotipo O, embora a cepa específica, origem e rota de entrada na Alemanha ainda sejam desconhecidas.

Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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