O comportamento das ações da BRF na BM&FBovespa desde que Abilio Diniz foi alçado ao conselho de administração da empresa é claro: o investidor viveu uma lua de mel com a nova gestão nos primeiros meses, mas quando o resultado não veio, o mau humor imperou.
De fato, os planos da nova gestão de reforçar a internacionalização da companhia e de fazer ajustes expressivos para ficar mais eficiente animaram os investidores, mas os resultados no terceiro e quarto trimestres foram decepcionantes e as explicações dos executivos de que os números ainda refletiam problemas da antiga gestão parecem não ter sido convincentes.
Entre 9 de abril de 2013, quando Abilio foi eleito para o conselho, até o fim do ano passado, os papéis da BRF subiram 8,57%. Entre a mesma data até ontem, tiveram queda de 2,40%. Só em 2014, a perda acumulada é de 10,10%, conforme o Valor Pesquisa Econômica.
No balanço do quarto trimestre de 2013, o lucro líquido da BRF despencou – o recuo em relação a igual período do ano anterior foi de 60%, para R$ 208 milhões. Em teleconferência com analistas, Abilio preferiu focar os resultados de todo o ano de 2013, quando o lucro subiu 38%, para R$ 1,062 bilhão. Afirmou que “a BRF precisava de um golpe de rejuvenescimento”, mas que isso não era uma crítica à gestão anterior.
Fontes do setor consideram que a atual gestão da BRF não tem mais como tentar responsabilizar os administradores antigos se os resultados continuarem a desapontar. E há outra questão: ainda que parte do mercado tenha considerado positivo o anúncio de que a empresa pode vender a divisão de lácteos, há quem veja a decisão como negativa, já que haverá perda de receitas.
Fonte: Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.