Aumenta demanda por carne bovina orgânica nos EUA

Os produtores de carne bovina orgânica dos Estados Unidos, que antes eram apenas observadores na indústria de US$ 175 bilhões por ano de carne bovina dos EUA, deverão abocanhar uma parte maior deste mercado neste ano. As vendas de carnes especiais, oriundas de bovinos que não são tratados com antibióticos, hormônios e nem recebem subprodutos de origem animal em sua alimentação, estão aumentando muito, graças à tendência das dietas, à descoberta de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no Estado de Washington em dezembro passado e à propaganda boca-a-boca.

O grande aumento tem estimulado muitos desta indústria iniciante a aumentar sua produção para se adequar à crescente demanda dos principais estabelecimentos de varejo dos EUA, como o Whole Foods Market Inc., que não foi capaz de obter um fornecimento adequado de carne bovina orgânica para manter seus estoques nas prateleiras.

As vendas de carne bovina orgânica totalizaram quase US$ 10 milhões no ano passado, menos de 1% do total de vendas de carne bovina, de acordo com a Associação de Comercialização de Orgânicos dos EUA. O grupo estimou que as receitas aumentaram em uma taxa anual de 30% até 2008.

Os consumidores que estão buscando uma alternativa para a carne bovina convencional têm duas opções: as carnes rotuladas como “orgânica” ou como “natural”.

As regulamentações de alimentos orgânicos, implementadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 2002, proíbem antibióticos, hormônios e subprodutos de origem animal na alimentação dos animais. Diferentemente dos produtos de carnes classificados como “natural”, que são minimamente processados e livres de aditivos e conservantes, os produtores de orgânicos precisam de um certificado anual de cumprimento dos padrões de orgânicos para criar, alimentar e processar seus animais. Animais criados sob a forma de orgânicos também precisam ser rastreados do nascimento ao consumo.

Apesar de o consumo de carne bovina orgânica ter aumentado muito nos EUA desde o surgimento do primeiro caso de EEB no país, em dezembro passado, o setor tem se deparado com desafios que têm desacelerado seu crescimento. Os produtores de bovinos orgânicos freqüentemente têm menos animais e, como os animais não podem receber hormônios, podem levar até dois anos para estarem prontos para o mercado. Além disso, quando a demanda não era tão grande há alguns anos, o mercado de carne bovina orgânica não previu este aumento na produção para suprir o grande aumento na demanda.

A cooperativa de produção de orgânicos Organic Meat Co., da Organic Valley, disse que deverá triplicar suas vendas de carne bovina orgânica neste ano para cerca de US$ 6 milhões, mas que poderia gerar quase US$ 40 milhões em receita se o fornecimento estivesse disponível. Somente neste ano a cooperativa adicionou seis fazendas de produção à sua cooperativa e assinou um contrato com o estabelecimento de varejo Safeway Inc., para a distribuição de seus produtos.

À medida que mais consumidores buscam carne bovina orgânica, as cadeias de distribuição de alimentos no varejo começaram a estocar carne em suas prateleiras. Em janeiro, a Safeway introduziu a carne bovina orgânica em 240 de suas 1700 lojas. As vendas iniciais deste produto são promissoras, de acordo com a rede.

Para a maioria dos varejistas, a carne bovina orgânica representa somente 1% a 2% das vendas totais de carne bovina devido à oferta limitada.

A Whole Foods, maior distribuidora de alimentos naturais e orgânicos dos EUA, disse que o único fator que impede a rede de distribuir carnes especiais em todas as suas 150 lojas é que não existe oferta suficiente de produto.

A carne bovina orgânica custa entre US$ 8,81 e US$ 13,22 por quilo, cerca do dobro da carne bovina moída convencional. “Eu acho que o preço é o maior impedimento para que mais pessoas escolham os orgânicos”, disse a porta-voz do Wild Oats Makets Inc., Sonja Tuitele. A cadeia de alimentos orgânicos e naturais deverá exceder suas vendas de carne bovina neste com relação à previsão feita em 20%.

Fonte: Reuters (por Christopher Doering), adaptado por Equipe BeefPoint