A balança comercial do primeiro trimestre fechou com superávit de US$ 1,028 bilhão. Embora comemorado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) como o primeiro saldo positivo para o período desde 1995, o número não esconde que, nos últimos meses, há uma redução das trocas comerciais do País com o resto do mundo. Indica ainda que o resultado favorável se deve a uma redução expressiva nas importações, que recuaram 13,8% em relação ao primeiro trimestre de 2001.
De acordo com dados divulgados ontem pela Secex, as exportações, de janeiro a março, somaram US$ 11,890 bilhões, volume engordado pela devolução ao exterior de seis aviões por companhias aéreas do País. A cifra é um pouco menor do que a de 2000, quando as exportações atingiram US$ 12,048 bilhões, reconhece a secretária de Comércio Exterior, Lytha Spíndola, que justificou esse comportamento como resultado da redução da demanda mundial e da queda nos preços das commodities exportadas pelo País.
Somente em março as exportações brasileiras caíram 17,6%, em relação ao mesmo mês de 2001. Somaram apenas US$ 4,260 bilhões por causa das quedas de 20,9% nas vendas externas de semimanufaturados e de 19,3%, nas de manufaturas. O resultado não foi pior porque houve elevação de 4,3% nos embarques de produtos básicos (soja, petróleo em bruto, fumo, minério de ferro, carnes) e devolução de dois aviões, que colaborou com US$ 31 milhões no total do mês.
Ainda em março houve recuo nos embarques para União Européia, países da América Latina, principalmente Argentina, Estados Unidos e Europa Oriental. Apesar disso, o mês fechou com superávit de US$ 594 milhões, o primeiro saldo positivo no mês verificado desde 1995.
Os números mostram ainda que o Brasil vem reduzindo as trocas com os parceiros no mundo. No primeiro trimestre de 2001 a soma das importações e das exportações realizadas alcançou US$ 28,250 bilhões. No mesmo período deste ano totalizou US$ 22,752 bilhões. A redução chegou, portanto, a 19,4%. “O superávit foi uma virada maior do que a nossa expectativa. Portanto, estamos satisfeitos”, declarou Lytha, referindo-se ao saldo positivo do trimestre. “Esse resultado foi alcançado graças à desvalorização cambial, ao esforço das empresas em aumentar a competitividade e aos trabalhos relacionados à promoção comercial de nossos produtos”.
Os dados da Secex mostram que, se as exportações apresentam queda de 13,8% no trimestre, o freio nas importações garante os superávits comerciais necessários para o País contabilizar saldos positivos na conta de transações correntes, um dos principais indicadores da capacidade de um país gerar divisas em dólares e, portanto, de responder aos compromissos externos.
Entre janeiro e março, as importações somaram US$ 10,862 bilhões, queda de 24,9% em comparação com 2001. Somente em março o total comprado no exterior alcançou US$ 3,666 bilhões, queda de 32,7% em relação a 2001. Segundo Lytha, esse recuo se deve principalmente ao processo de substituição de importações em setores que costumavam ser abastecidos por itens estrangeiros. Entre eles, o automotivo, o eletroeletrônico, o de têxteis, o de papel e celulose. O setor de bens de capital contribuiu, de certa forma, com a paralisação das importações, sinal de possível redução de investimentos na expansão de linhas de produção. As importações de petróleo e derivados, que aumentaram 14% em volume, também foram beneficiadas pela queda de 30%, em média, nos preços internacionais.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Denise Chrispim Marin), adaptado por Equipe BeefPoint