Um financiamento de R$ 31 milhões liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) via Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) vai ajudar uma empresa brasileira a expandir a produção de dispositivos de IoT (internet das coisas) para monitorar rebanhos bovinos.
A Constanta Industrial vai usar cerca de R$ 10 milhões em um projeto de rastreabilidade pecuária, que foi desenvolvido por uma startup controlada pela holding da qual é sócia. A intenção é produzir cerca de 300 mil dispositivos por mês para serem fixados na orelha de bovinos de corte. Os dispositivos terão acelerômetro, sensores de acompanhamento da saúde do animal e localização por GPS.
Inédita no país, a tecnologia está em testes em fazendas de médio porte e em frigoríficos e deve ganhar escala no segundo semestre de 2025, conta Roberval Tavares, CEO do grupo. Segundo ele, o diferencial é o acompanhamento do animal via GPS e com transmissão via LoRaWAN (um padrão internacional de comunicação para redes de longa distância de baixa potência). A meta é incluir também a transferência dos dados por satélite de baixa órbita.
A rastreabilidade socioambiental é um dos itens cada vez mais cobrados por consumidores das proteínas brasileiras e também por financiadores da atividade. A tecnologia fomentada pela Constanta Industrial oferece mais que o monitoramento do boi em si. É uma plataforma de gestão desenvolvida para viabilizar crédito ao pecuarista, por meio da comprovação do seu ativo principal: o rebanho. A iniciativa também garante segurança, já que os dados são gerenciados com blockchain.
Tavares mira o potencial do mercado brasileiro, com mais de 200 milhões de cabeças de gado, e da América Latina, onde o rebanho chega a 350 milhões de animais. “É um dispositivo que pode movimentar valores bem consideráveis”, disse Pedro Gouveia, diretor financeiro do grupo. Ele afirmou que o financiamento via Funttel garante condições diferenciadas, com prazo de 72 meses para pagamento, dois anos de carência e juros próximos a 7% ao ano.
“O Funttel é um importante instrumento público para induzir inovação e desenvolvimento tecnológico nesse segmento e o banco está aberto para dialogar com todo o setor produtivo”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Ele destacou a priorização de iniciativas para a expansão da conectividade no país. A operação já é considerada para a política de inteligência artificial do governo federal, em linha com a missão 4 da Nova Indústria Brasil (NIB).
O recurso será aplicado pela Constanta no desenvolvimento da tecnologia e inovação, e não na produção dos materiais. Os dispositivos são produzidos nas fábricas em Atibaia (SP) e Manaus (AM).
Os outros dois terços do crédito liberado via Funttel serão aplicados no desenvolvimento de produtos com IoT para monitoramento e gestão do consumo na iluminação pública, saneamento e gás.
A empresa quer crescer tanto nessas áreas quanto no agronegócio com soluções IoT. O grupo já trabalha em um projeto para gerenciar máquinas agrícolas com conectividade. O objetivo é embarcar um dispositivo de monitoramento por satélite da Falcon em grandes equipamentos nas lavouras. A iniciativa, em estudo, deve ser lançada no início de 2025.
Fonte: Globo Rural.