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Bois da raça senepol e sistema para pesar animais sem sair do curral mostram evolução da pecuária

Vitrine dos mais recentes lançamentos em máquinas e implementos para o cultivo dos principais produtos agrícolas brasileiros, a Agrishow, que vai até sexta-feira (4) em Ribeirão Preto (SP), apresenta novidades em pecuária. Nesta edição de 2018, bois da raça senepol, criados sob a mais avançada tecnologia para reprodução e acompanhamento de engorda, e um equipamento que monitora o ganho de peso dos animais várias vezes ao dia sem a necessidade de tirá-los do curral estão expostos pela primeira vez na feira.

As tecnologias de precisão para a pecuária permitem ao criador saber, com exatidão, se o boi está pronto para o abate e o nível de gordura entremeada na carne, o marmoreio. Ou, então, reunir informações para avaliar se o rebanho precisa consumir alimentação complementar ao pasto ou se está totalmente adaptado ao confinamento.

Criador de Senepol há quatro anos, em Rifaina (SP), Rafael Ribeiro Trajano Telles, de 29 anos, expõe tanto exemplares puros como os de meio-sangue, obtidos pelo cruzamento com o nelore. Ele, que também é revendedor de máquinas agrícolas, é um entusiasta. Não só pelos atributos da raça, mas também por saber que, durante toda a história de 25 anos da Agrishow, é o único criador de senepol a participar da feira.

Tradição

Telles pertence à quarta geração de uma família de pecuaristas. A fazenda tem 145 hectares, que os animais vão ocupando de forma rotacionada – em que as áreas são submetidas a períodos alternados de pastejo e descanso -, além de confinamento.
A alta tecnologia envolvida na criação começa já na produção do capim. São feitas análises minuciosas de solo para determinar a necessidade de correção do terreno. Garantir o bem-estar dos animais é fundamental, principalmente no caso das fêmeas puras doadoras de material reprodutivo para que seja feito o cruzamento, in vitro, com nelores. Os embriões são selecionados e os melhores, transferidos para outras vacas, que vão gerar os bezerros. “Assim, em vez de gerar um filhote apenas, uma fêmea pode nos dar 10, 15 bezerros de uma só vez”, explica Telles.

Durante o desenvolvimento dos meio-sangue, esses destinados ao abate, um equipamento de ultrassom, semelhante aos usados em procedimentos médicos humanos, é usado para observar acúmulo de gordura próximo às costelas, no contra-filé e na picanha, bem como o tamanho dessas peças. Quando atingem o ponto ideal, o animal pode ser abatido.

“A gordura está presente principalmente em animais velhos. Mas, quando eles atingem um certo tempo, a carne fica dura. Então, qual o desafio? Conseguir antecipar a formação da gordura. Assim, teremos uma carne de melhor qualidade”, diz. “Toda a tecnologia que temos à disposição atualmente permite isso”.

Origem

O senepol surgiu no Caribe, há cerca de 100 anos, pelas mãos de um criador que cruzou uma raça inglesa com uma africana, e foi introduzido no Brasil há 18, por meio de embriões e animais comprados dos Estados Unidos. Como sua origem foi numa região de clima tropical, não enfrentou problemas de adaptação no Brasil.

É uma das raças que mais crescem no território nacional. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores, a ABCB Senepol, o rebanho aumenta 35% ao ano, em média. São cerca de 600 pecuaristas – contra 90 de dez anos atrás – e 90 mil animais. Só em 2017, a expansão do rebanho foi de 25%.

Tecnologia de monitoramento sem sair do curral

Acompanhar o desenvolvimento dos bovinos é trabalhoso. Eles precisam ser pesados com frequência e, para isso, devem ser retirados do curral. Um transporte muitas vezes cansativo e oneroso ao pecuarista.

Pensando na praticidade e na redução de custos, a Bosch apresenta na Agrishow uma tecnologia que pode ser instalada no confinamento ou no pasto para que o peso dos animais seja acompanhado diariamente, e por várias vezes ao dia.

No confinamento, o sistema é montado de forma a obrigar o animal a passar por ele com frequência. Já nos pastos, cerca os locais onde os bois bebem água, o que também garante a pesagem. Os dados ficam disponíveis em nuvem e podem ser acessados por qualquer dispositivo que tenha internet.

Eles passam a integrar um relatório completo, que o pecuarista pode verificar a evolução do peso desde que o animal começou a ser monitorado, a evolução diária e fazer um comparativo com a média do rebanho.

Segundo Ana Paula Kraus, veterinária e consultora técnica de vendas da empresa, o produto possibilita identificar problemas e corrigi-los rapidamente. “Se um animal não está se adaptando ao confinamento, ele pode ser retirado logo e voltar para o pasto, por exemplo, o que representa redução de custos. Ou, então, passar por uma mudança imediata de dieta. Sem o sistema, o pecuarista só pode perceber as dificuldades quando o animal sai para pesar, o que pode ser tarde”.

Fonte: G1.

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