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Braquiária retém carbono no solo

O desafio para a atividade pecuária diminuir as emissões de gases do efeito estufa ganhou um aliado importante, com a comprovação de que a Brachiaria decumbens tem potencial para seqüestrar CO2 da atmosfera. "Considerando que esse capim ocupa 80 milhões de hectares no País, ou 40% da área total de pasto, é um alento saber desse potencial, porque, para muitos criadores, a emissão de metano na pecuária é inexorável", diz o pesquisador Ladislau Martin Neto, da Embrapa Instrumentação Agropecuária.

O desafio para a atividade pecuária diminuir as emissões de gases do efeito estufa ganhou um aliado importante, com a comprovação de que a Brachiaria decumbens tem potencial para seqüestrar CO2 da atmosfera. “Considerando que esse capim ocupa 80 milhões de hectares no País, ou 40% da área total de pasto, é um alento saber desse potencial, porque, para muitos criadores, a emissão de metano na pecuária é inexorável”, diz o pesquisador Ladislau Martin Neto, da Embrapa Instrumentação Agropecuária.

Martin Neto foi o orientador da tese de doutorado Estrutura e Estabilidade da Matéria Orgânica em Áreas com Potencial de Seqüestro de Carbono no Solo, defendida em 2007 por Aline Segnini, do Instituto de Química de São Carlos/USP. “O Brasil tem muitas áreas de pastagens degradadas que podem ser recuperadas e que têm potencial para seqüestrar carbono. O potencial dessas áreas é surpreendente.”

O estudo quantificou o estoque de carbono no solo de quatro áreas com diferentes manejos, utilizando uma área de “cerradão” como referência. A primeira área tinha histórico de 27 anos de pastagens com B. decumbens sem adubação; a segunda não recebeu calcário na superfície, apenas adubação mineral; o terceiro experimento recebeu calcário, adubo e reforço de calcário; e o quarto experimento recebeu apenas calcário, sem adubação. Comparadas as áreas, constatou-se estoque de carbono no solo de 174 toneladas/hectare na área 1; 212 toneladas/hectare na área 2; 215 toneladas/hectare na área 4 e 223 toneladas/hectare na área 3, ante 129 toneladas/hectare na área de cerradão. “Onde o manejo foi mais intensivo, o seqüestro de carbono foi maior”, diz Martin Neto.

Na prática, a contribuição do pecuarista no processo de mitigação do efeito estufa está no manejo do pasto como se fosse uma cultura, fazendo correção de solo e adubação, e adotando pastejo rotacionado e ajustando a lotação animal.

Para o pesquisador Odo Primavesi, da Embrapa Pecuária Sudeste, o seqüestro de carbono no solo será uma realidade quando o manejo evitar a superlotação (maior número de animais/hectare em relação à oferta de forragem) e as queimadas. “A partir daí, o sistema radicular da forrageira será fortalecido; conseqüentemente, a decomposição biológica das raízes mortas e resíduos vegetais não queimados acumulará carbono no solo.”

Segundo Primavesi, o teor de matéria orgânica de uma área de pastagem bem manejada chega a 4%, ante 1,5% em área de lavoura convencional e 2% em plantio direto. Em pastagens, esse teor é maior, até mesmo em relação a áreas de florestas, cujo índice de matéria orgânica não passa de 3,5%. “Quando se adota pastejo rotacionado, com adubação, é grande a chance de acumular de três a dez vezes mais carbono no solo em comparação a um pastejo extensivo.”

Fonte: O Estado de São Paulo / Agrícola

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