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Brasil impõe restrições sanitárias à importação de produtos argentinos

O secretário de agricultura da Argentina, Marcelo Regúnaga, vem hoje ao Brasil para discutir com o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes as restrições sanitárias que suspenderam, desde ontem, as importações de produtos de origem vegetal in natura procedentes da áreas afetadas pela febre aftosa na Argentina.

O ministro da Agricultura declarou que considera intolerável qualquer tipo de especulação de que o Brasil esteja fazendo retaliação contra a Argentina. Ontem, a associação de produtores de trigo argentina, a Aaprotrigo, divulgou nota contestando a atitude do governo brasileiro. Para eles, “o vírus da aftosa só permanece vivo em contato com tecido animal”.

Veterinários e técnicos do setor defendem a decisão do governo. A opinião geral é de que a contaminação do grão pelo vírus é viável e pode ser transmitida para os animais.

De acordo com o professor de Virologia da Unesp de Jaboticabal (SP), Aramis Augusto Pinto, se o grão estiver em locais úmidos e com temperatura em torno de 50°C, o vírus sobrevive. Ele afirma que o simples contato do grão infectado com o animal pode transmitir a doença. No caso do trigo, a transmissão pode ser ainda mais fácil, já que parte do grão importado – 25% de todo o trigo moído no Brasil – é transformado em ração para bovinos. Uma maneira de destruir o vírus seria submetê-lo a temperaturas acima de 60°C, ou mantê-lo durante longo tempo, por volta de 15 dias, acima de 30°C.

Para o engenheiro agrônomo Fernando Adauto Loureiro de Souza, presidente da comissão de pecuária de corte e indústria da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a medida que restringe a entrada de grãos argentinos é essencial para garantir que o vírus da aftosa não contamine o gado brasileiro. Segundo Souza, o vírus da aftosa é resistente, podendo permanecer ativo durante até 100 dias em uma sola de borracha de um calçado, ou até 80 dias em roupas de algodão.

A restrição brasileira não abrange produtos de todas as regiões argentinas, mas apenas grãos produzidos ou armazenados em um raio de 25 quilômetros a partir do foco.

(Por Denis Cardoso e Ayr Aliski, para Gazeta Mercantil, 30/03/01)

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