Brasil poderia ser protagonista em sustentabilidade, mas governo atrapalha

O Brasil ainda esbarra em questões governamentais para exportar a agricultura tropical com rastreabilidade e se tornar protagonista em sustentabilidade, apontaram executivos durante a abertura da World Agri-tech South America Summit, que acontece hoje e amanhã em São Paulo.

Para um deles, o diretor financeiro da Minerva Foods, Edison Ticle, um dos principais desafios para a rastreabilidade é a impossibilidade de ter informações sobre os fornecedores intermediários, devido a um “monopólio do Ministério da Agricultura, que trata a informação como o equivalente a um sigilo bancário”, disse.

“Se a gente tivesse acesso às guias de transporte de animais, a gente poderia rastrear a cadeia de forma completa e inequívoca, porque não existe animal transportado que não tenha uma guia que o acompanha”, argumentou Ticle.

O executivo pontuou que a rastreabilidade seria fundamental tanto para oferecer produtos mais atraentes para a exportação, quanto para obter informações sobre a área de origem dos animais e sobre a legalidade do desmatamento na região e condições da mão-de-obra. Para ele, o governo e a indústria financeira agem, principalmente, em cobranças às empresas, mas que precisam se envolver mais diretamente.

Questões governamentais

A CEO Brasil do Rabobank, Fabiana Alves, disse que “chega um certo momento em que os players da cadeia toda esbarram em questões governamentais”. Ela acrescenta que existe uma necessidade ainda maior de monitoramento e transparência governamental sobre o desmatamento, para “destravar o protagonismo” da América do Sul através de investimentos.

Sem dar detalhes, a moderadora do debate e secretária de inovação e desenvolvimento sustentável, Renata Miranda, afirmou que o governo está atento à questão da rastreabilidade e que uma solução estaria em andamento para aumentar a transparência.

Fonte: Globo Rural.